Em janeiro, houve criação líquida de 467 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado de 510 mil em dezembro. O resultado veio melhor que o aguardado pelo mercado que tinha como expectativa a criação de 150 mil vagas no mês.
As principais contribuições positivas foram nos segmentos de serviços de lazer e hospitalidade; profissionais e administrativos; comércio varejista; e transporte e armazenagem.
Na passagem de dezembro para janeiro, a taxa de desemprego avançou 0,1 p.p. atingindo o patamar de 4,0%, ficando levemente pior do que o consenso de mercado que era de estabilidade em 3,9%. No mesmo período o número de desempregados aumentou em 194 mil, rompendo com 6 meses consecutivos de queda no total de desocupados, alcançando ao todo um total de 6,5 milhões de desempregados.
Este resultado representa uma melhora significativa em relação aos números observados entre fevereiro e abril de 2020, período marcado pelo início da crise sanitária. Ao longo do ano de 2021, o número de desempregados recuou em 3,7 milhões e a taxa de desocupados caiu 2,4 p.p.. Entretanto, estes ainda se encontram acima dos valores observados no período pré-Covid em que vigorava uma taxa de desemprego de 3,5% e um número total de desempregados de 5,7 milhões.
Os destaques positivos foram nos grupos de lazer e hospitalidade (+151 mil) com destaque para bares e restaurantes (+108 mil); serviços profissionais e administrativos (+86 mil); no comércio varejista (+61 mil); e transporte e armazenagem (+54 mil).
Em janeiro, o número de desempregados a longo prazo (27 ou mais semanas) recuou em 317 mil alcançando o nível de 1,7 milhão no mês. Este número constitui 25,9% do total de desempregados em janeiro, superando o número de fevereiro de 2020 em 570 mil.
O número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas recuou em 212 mil pessoas ao longo do mês, alcançando o nível de 3,7 milhões de pessoas. Ao longo do ano, houve um recuo de 2,2 milhões neste indicador que se encontra abaixo do número observado em fev/20 em 673 mil trabalhadores. Estas pessoas constituem a parcela da população que gostaria de ter um emprego em período integral, porém trabalham em escala parcial por conta de redução na jornada ou dificuldades de encontrar emprego de trabalho integral.
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego ficou estável em 5,7 milhões em novembro, entretanto, segue 708 mil acima do nível observado antes do início da crise sanitária. Estes indivíduos constituem a parcela da população que continuam desempregados por não estarem procurando ativamente por um emprego nas últimas 4 semanas.
A taxa de participação da força de trabalho, após ajustes anuais, ficou em 62,2% em janeiro, o nível mais elevado desde o início da pandemia, ficando 1,2 p.p. abaixo do número observado no pré-pandemia. Além disso, a razão entre o número de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) apresentou elevação de 0,2 p.p. em relação ao mês anterior alcançando o patamar de 59,7%, contudo, segue 1,5 p.p. abaixo do nível pré-Covid.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,23 chegando ao nível de US$ 31,63 acumulando dez meses de altas seguidas. Em 12 meses, o salário médio por hora aumentou 5,7%. Os dados de mercado de trabalho sugerem que o descasamento entre demanda e oferta de mão-de-obra atua como um importante fator para a alta dos salários nos EUA.
Houve revisões em todos os meses de 2021 que ao todo adicionaram 217 mil vagas de emprego no período. O número de novembro foi revisado de 249 mil para 647 mil e o número de dezembro passou de 199 mil para 510 mil.
O resultado de janeiro marcado pela significativa criação de empregos e estabilidade na taxa desocupação aponta para a resiliência da economia americana mesmo diante do recrudescimento da pandemia devido à Ômicron. A taxa de desemprego se encontra em um patamar historicamente baixo, refletindo uma economia em recuperação e um mercado de trabalho em que se observa uma demanda superior à oferta de mão de obra. A consequência disso pode ser observada no aumento, em 12 meses, de 5,7% no salário médio por hora, quase o dobro da média (3%) observada antes da pandemia, um dos principais fatores que vem pressionando a inflação americana. Nossa avaliação é que este resultado fornece ao Banco Central americano um grau de liberdade para ajustar, em um ritmo mais acelerado, a sua política monetária.