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Publicado em 07 de Fevereiro às 14:30:10

Payroll (jan/25): Queda na taxa de desemprego e forte alta dos salários restringem opções do FED

A criação líquida de 143 mil empregos em setores não-agrícolas (payroll) nos Estados Unidos em janeiro veio um pouco abaixo das expectativas do mercado (175 mil, Bloomberg). Em compensação, as revisões relativas aos meses de novembro e dezembro adicionaram 100 mil postos de trabalho. O número de novembro saiu de 212 mil para 261 mil, enquanto o de dezembro saltou de 256 mil para 307 mil. Somando o resultado de janeiro (143 mil) com as revisões dos dois meses anteriores (+100 mil) foram adicionados significativos 243 mil empregos. Com isso, a média móvel dos últimos três meses saltou de 204 mil para 237 mil.

Pelo segundo mês consecutivo, a taxa de desemprego surpreendeu o consenso de mercado (4,1%) e continuou a cair, saindo 4,1% para 4,0% da força de trabalho na passagem de dezembro para janeiro. Assim como em dezembro, o número de desocupados apresentou recuo (-37 mil), alcançando 6,85 milhões de americanos. Com a taxa de desemprego caindo cada vez mais e se afastando da taxa natural de 4,4% estimada pelo Congressional Budget Office (CBO), o espaço pra o banco central norte americano (Fed) promover novos cortes de juros ainda esse ano praticamente desapareceu.

Em janeiro, a taxa de participação surpreendeu positivamente, saindo de 62,5% para 62,6% ante expectativa do mercado de que ela permanecesse estável. Além disso, a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) recuperou o patamar de setembro (60,1%), registrando o segundo mês consecutivo de alta. Com os resultados, a primeira medida agora se encontra 0,7 p.p. abaixo do patamar observado no período pré-pandemia (fev/20), enquanto a segunda se encontra 1,0p.p. aquém.

A média de ganhos salariais por hora subiu US$ 0,17 (0,48% m/m), vindo bem acima das expectativas do
mercado (0,3% m/m, Bloomberg), alcançando o nível de US$ 35,87 por hora trabalhada em janeiro. Em doze meses, o salário médio por hora acumulou alta de 4,1% a/a, superando, em muito, as estimativas de desaceleração para 3,8% a/a. Os dados recentes mostram que os salários vêm apresentando resistência em exibir uma trajetória consistente de queda que seja compatível com a convergência da inflação para a meta de 2,0%.

A robustez do mercado de trabalho norte americano também pôde ser observada em outras métricas. A criação de vagas no setor privado (ADP) foi de 183 mil em janeiro, superando as expectativas de 150 mil (Bloomberg). Somado a isso, houve uma revisão considerável do dado de dezembro, que saiu de 122 mil para 176 mil. Os salários também sofreram aceleração sob essa métrica, saindo de 4,6% a/a para 4,7% a/a. Um dos únicos dados a ficar aquém das expectativas foi o número de vagas em aberto (JOLTS), uma métrica de demanda por mão de obra, que registrou 7,6 milhões em dezembro ante expectativa de 8,02 milhões. Em compensação, o número referente ao mês imediatamente anterior (novembro) foi revisto para cima, saindo de 8,098milhões para 8,156 milhões.

Tomados em conjunto, os dados mais recentes configuram os primeiros indícios dos efeitos que a política de imigração do governo Trump tende a gerar no mercado de trabalho norte americano. A menor oferta de mão de obra deve deixar o mercado de trabalho do país mais apertando daqui em diante, pressionando os salários, uma vez que para convencer americanos a desempenhar funções que antes eram desemprenhadas por imigrantes as firmas terão que oferecer um salário maior, numa dinâmica parecida com a observada nos anos da pandemia de covid-19. Como um possível efeito colateral disso, as fricções no mercado de trabalho podem aumentar, com o “matching” entre o trabalhador e a vaga de emprego ficando mais difícil.

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