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Publicado em 05 de Agosto às 11:21:31

Payroll (Jul/22): Mercado de trabalho segue aquecido sem dar sinais de recessão

Em julho, houve criação líquida de 528 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado (+26 mil) de 398 mil vagas em junho. O resultado veio significativamente mais forte do que o aguardado pelo mercado que tinha como expectativa menos da metade do número de vagas preenchidas no mês (250 mil).

O preenchimento de vagas de emprego foi bastante disseminado em julho. Os destaques vão para os segmentos de lazer e hospitalidade; serviços profissionais e administrativos; e cuidados pessoais. Com este resultado, o númeor de empregos no setor não agrícola retorna aos níveis observados no período pré-pandemia (fev/2020).

No que lhe concerne, a taxa de desemprego recuou 0,1 p.p. na passagem de junho para julho, de modo que, a taxa de desemprego recuou a 3,5% da força de trabalho, surpreendendo positivamente o mercado que tinha como consenso a manutenção da taxa em 3,6% no mês. No mês, o número de desocupados recuou para 5,7 milhões, ante 5,9 milhões em junho.  Com este resultado, tanto a taxa de desemprego quanto o número de desempregados retornam para o nível observado em fevereiro de 2020, sinalizando que o mercado de trabalho americano segue se recuperando mesmo diante da deterioração das perspectivas econômicas nos últimos meses.

Em julho, o número de desempregados a longo prazo (27 ou mais semanas) recuou em 269 mil, ficando em 1,1 milhão, retornando ao nível observado durante o pré-pandemia. Este grupo representa cerca de 18,9% do total de desempregados no mês de julho.

O número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas aumentou em 303 mil, alcançando, ao todo, o patamar de 3,9 milhões, permanecendo abaixo do número observado em fevereiro de 2020 (4,4 milhões). O resultado no mês reflete um aumento do número de indivíduos que tiveram suas horas de trabalho reduzidas por conta da deterioração das condições do mercado.

Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego ficou estável em 5,9 milhões. Esta medida ainda se encontra acima do nível observado durante o pré-pandemia (5 milhões). Estes indivíduos constituem a parcela da população que continuam sem emprego por não estarem procurando ativamente por uma vaga de trabalho nas últimas 4 semanas, portanto, não contabilizados como desempregados.

A taxa de participação da força de trabalho recuou 0,1 p.p. em relação à leitura do mês anterior ficando em 62,1%, surpreendendo negativamente o mercado cuja expectativa era de manutenção deste indicador em 62,2%. O recuo na taxa de participação pode ser parcialmente explicado pelo retorno das aulas presenciais nas escolas, que vem contribuindo para o recuo da taxa de participação de jovens entre 16-19 anos nos últimos meses. Na mesma direção, a razão entre o número de empregos e a população em idade ativa (Employment-population ratio) avançou para 60,0%. Com este resultado, ambas medidas seguem 1,1 p.p, abaixo do nível observado no período pré-pandemia (63,4% e 61,2%, respectivamente).

Os destaques positivos foram nos grupos de Lazer e Hospitalidade (+96 mil), com destaque para o segmento de bares e restaurantes (+74 mil), entretanto, o emprego no setor segue 1,2 milhão abaixo do nível observado durante o pré-pandemia; Serviços profissionais e Administrativos (+89 mil); e Cuidados Pessoais (+70 mil).

A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,15 (0,5%), vindo pior do que a expectativa de mercado que aguardava por uma alta de 0,3%, alcançando o nível de US$ 32,27 por hora trabalhada. Com este resultado, nos últimos 12 meses, o salário médio por hora acumula alta de 5,2%, também ficando acima da projeção de mercado de 4,9%.

Houve revisões nos números de maio e junho que ao todo, adicionaram 28 mil vagas de emprego no período. Para o primeiro, foram adicionados 2 mil vagas de emprego, de modo que, saiu de 384 mil para 386 mil. Já para junho, a revisão foi de +26 mil vagas de emprego, fazendo com que o número saltasse para 398 mil no mês.

O resultado do mês sugere que o mercado de trabalho americano segue sem dar sinais de recessão. A criação de empregos no mês de julho veio substancialmente acima do consenso de mercado e da média dos últimos meses (388 mil). Os dados seguem apontando que o mercado de trabalho segue bastante sólido, consistente com uma economia ainda em expansão, o que deve ser um importante vetor inflacionário nos próximos meses, diante da estabilização da força de trabalho americana abaixo dos níveis observados durante o pré-pandemia. Vale destacar que a ocupação no setor de Lazer e Hotelaria ainda se encontra 7,1% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020 e deve contribuir nos próximos meses com o avanço da criação de empregos nos próximos meses. Neste contexto de descasamento entre oferta e demanda por mão de obra, acreditamos que o salário médio por hora trabalhada deve seguir pressionado, significativamente acima da meta de estabilidade de preços do Fed de 2%. Dessa forma, nossa avaliação é que a leitura dos dados de julho reforça a necessidade de que o Banco Central americano mantenha uma postura firme de combate a inflação. Acreditamos que na próxima reunião do comitê um novo aumento de 0,75 p.p. seja anunciado como forma de sinalizar o comprometimento em fazer com que a inflação convirja para a meta de longo prazo de 2%.

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