Em junho, houve criação líquida de 372 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado (-6 mil) de 384 mil vagas em maio. O resultado veio melhor que o aguardado pelo mercado que tinha como expectativa a criação de 265 mil vagas de emprego no mês.
Os destaques vão para os segmentos de serviços de lazer e hospitalidade; serviços profissionais e administrativos; e cuidados pessoais. Com este resultado, o número de empregados no setor não agrícola se encontra 524 mil, ou 0,3%, abaixo do nível observado em fevereiro de 2020.
No que lhe concerne, a taxa de desemprego ficou estável em relação ao mês anterior ao permanecer no patamar de 3,6% pelo quarto mês consecutivo, ficando em linha com o consenso de mercado. O número de desocupados ficou praticamente estável na passagem de maio para junho em 5,9 milhões. Vale destacar que estas medidas se encontram próximas dos valores observados em fevereiro de 2020 (3,5% e 5,7 milhões, respectivamente).
Em junho, o número de desempregados a longo prazo (27 ou mais semanas) ficou estável em 1,3 milhão. Esta medida se encontra 215 mil acima do patamar observado em fevereiro de 2020 e constitui 22,6% do total de desempregados no mês.
O número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas recuou em 707 mil, alcançando ao todo o patamar de 3,6 milhões, ficando abaixo do número observado em fevereiro de 2020 (4,4 milhões). Vale destacar que estas pessoas constituem a parcela da população que gostaria de ter um emprego em período integral, porém trabalham em escala parcial por conta de redução na jornada ou dificuldades de encontrar emprego de trabalho integral.
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego ficou estável em 5,7 milhões. Esta medida ainda se encontra acima do nível observado durante o pré-pandemia (5 milhões). Estes indivíduos constituem a parcela da população que continuam sem emprego por não estarem procurando ativamente por uma vaga de trabalho nas últimas 4 semanas, portanto, não contabilizados como desempregados.
A taxa de participação da força de trabalho recuou 0,1 p.p. em relação à leitura do mês anterior ficando em 62,2%. Na mesma direção, a razão entre o número de empregos e a população em idade ativa (Employment-population ratio) recuou para 59,9%. Ambas medidas seguem 1,1 p.p. abaixo do nível observado no período que antecedeu a pandemia.
Os destaques positivos foram nos grupos de Serviços Profissionais e Administrativos (+74 mil); Lazer e Hospitalidade (+67 mil), com destaque para bares e restaurantes (+41 mil), que segue 1,3 milhão abaixo do nível observado em fevereiro de 2020; e Cuidados Pessoais (+57 mil).
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,10 (0,3%), ficando em linha com o consenso de mercado e alcançou o nível de US$ 32,08. Com este resultado, nos últimos 12 meses o salário médio por hora avançou 5,1%, ficando levemente acima da projeção de mercado de 5,0% a/a.
Houve revisões nos números de abril e maio que ao todo, retiraram 74 mil vagas de emprego no período. Para o primeiro, o número foi revisado para baixo saindo de 436 mil para 368 mil. Já para maio, houve revisão baixista que retirou 6 mil vagas de emprego, de modo que, o total de vagas criadas no mês ficasse em 384 mil.
O resultado do mês sugere que o mercado de trabalho americano segue bastante sólido. A criação de empregos no mês de junho veio substancialmente acima do consenso de mercado, refletindo a forte demanda por trabalhadores que tem sido responsável por pressionar os salários americanos nos últimos meses. Entretanto, vale destacar que o resultado do mês também registrou queda na taxa de participação, que deve exacerbar a pressão sobre a alta de salários em um contexto de um mercado superaquecido. Por fim, a ocupação no setor de Lazer e Hotelaria ainda se encontra 1,3 milhão abaixo de fevereiro de 2020 e deve ser responsável por manter a criação de vagas de emprego sólidas nos próximos meses diante da mudança no perfil de consumo do americano mais voltado para o setor de serviços. Nesse contexto de um mercado de trabalho bastante aperto, com cerca de 2 vagas de emprego disponíveis para cada desempregado, acreditamos que os salários devem continuar sendo pressionados nos próximos meses, contribuindo para manutenção da inflação em patamar substancialmente acima da meta de longo prazo. Dessa forma, acreditamos que o forte resultado do mercado de trabalho no mês é consistente com um aumento de 0,75 p.p. da taxa básica de juros americana na próxima reunião do FOMC.