Em março, houve criação líquida de 431 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado de 750 mil em fevereiro. O resultado veio pior que o aguardado pelo mercado que tinha como expectativa a criação de 490 mil vagas no mês.
As contribuições positivas foram bastante disseminadas. Os destaques vão para os segmentos de serviços de lazer e hospitalidade; serviços profissionais e administrativos; comércio; e indústria. De modo geral, em média, houve geração de 562 mil vagas por mês no primeiro trimestre de 2022.
Na passagem de fevereiro para março, a taxa de desemprego recuou 0,2 p.p. atingindo o patamar de 3,6%, ficando levemente melhor do que o consenso de mercado de 3,7%. No mesmo período o número de desempregados recuou em 318 mil, de modo que, o total de desocupados alcançou o patamar de 6 milhões de pessoas. Vale destacar que estas medidas se encontram próximas dos valores observados em fevereiro de 2020 (3,5% e 5,7 milhões, respectivamente).
Os destaques positivos foram nos grupos de lazer e hospitalidade (+112 mil), com destaque para bares e restaurantes (+61 mil); serviços profissionais e administrativos (+102 mil); comércio (+49 mil); e indústria (+38 mil).
Em março, o número de desempregados a longo prazo (27 ou mais semanas) recuou 274 mil, ficando em 1,4 milhão de desempregados. Esta medida supera em 307 mil o número observado em fevereiro de 2020 e constitui 23,9% do total de desocupados.
O número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas ficou estável em 4,2 milhões, próximo do número observado em fevereiro de 2020 (4,4 milhões). Vale destacar que estas pessoas constituem a parcela da população que gostaria de ter um emprego em período integral, porém trabalham em escala parcial por conta de redução na jornada ou dificuldades de encontrar emprego de trabalho integral.
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego avançou em 382 mil no mês, alcançando o patamar de 5,7 milhões. Este indicador ainda se encontra acima do nível observado durante o pré-pandemia (5 milhões). Estes indivíduos constituem a parcela da população que continuam sem emprego por não estarem procurando ativamente por uma vaga de trabalho nas últimas 4 semanas, portanto, não contabilizados como desempregados.
A taxa de participação da força de trabalho apresentou leve alta de 0,1 p.p. ficando em 62,4% em março, ficando 1,0 p.p. abaixo do número observado no pré-pandemia. Além disso, a razão entre o número de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) apresentou elevação de 0,2 p.p. em relação ao mês anterior alcançando o patamar de 60,1%, contudo, segue 1,1 p.p. abaixo do nível pré-Covid. Embora tenhamos observado uma significativa melhora nos indicadores da pandemia ao longo do mês de março, a força de trabalho segue se recuperando de maneira lenta. Entretanto, para os próximos meses, espera-se que a oferta de trabalhadores aumente com o arrefecimento da pandemia, que beneficia o retorno as aulas presenciais; queda na taxa de poupança, encorajando os trabalhadores voltarem a procurar emprego; inflação elevada, que corrói o poder de compra e incentiva os agentes a entrarem na força de trabalho para receber um salário.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,13 chegando ao nível de US$ 31,73 acumulando doze meses de altas seguidas. Em 12 meses, o salário médio por hora aumentou 5,6%, ficando acima da expectativa de mercado de alta de 5,5%. Embora a alta salarial tenha vindo acima do consenso, esta segue abaixo da inflação acumulado no mesmo período (7,9%), corroendo o poder de compra dos trabalhadores no período.
Houve revisões nos números de janeiro e fevereiro que ao todo, adicionaram 95 mil vagas de emprego no período. O número de janeiro foi revisado de 481 mil para 504 mil, já o número de fevereiro passou de 678 mil para 750 mil.
O resultado do mês aponta para um mercado de trabalho bastante aquecido. Vale destacar que a taxa de desocupação se encontra muito próxima da meta de pleno emprego do Banco Central americano. Na nossa avaliação, a leitura dos dados de mercado de trabalho reforça a necessidade de maiores aumentos na taxa de juros americana, diante do persistente processo inflacionário, agravado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Avaliamos que o Fed deva anunciar um aumento de 0,5 p.p. na próxima reunião do comitê de política monetária, de modo que, a taxa de juros americana deve encerrar o ano em 3%.