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Publicado em 04 de Abril às 14:38:09

Payroll (Mar/25): Incerteza elevada não impede número robusto de criação de vagas

A criação líquida de 228 mil empregos em setores não-agrícolas (payroll) nos Estados Unidos em março superou, em muito, as expectativas do mercado (140 mil, Bloomberg). Já as revisões relativas aos meses de janeiro e fevereiro removeram 48 mil postos de trabalho. O número de janeiro saiu de 125 mil para 111 mil, enquanto o de fevereiro recuou de 151 mil para 117 mil. Somando o resultado de março com as revisões dos dois meses anteriores ainda assim foram adicionados 180 mil empregos, 40 mil acima do esperado. As aberturas mostraram que o setor privado gerou 209 mil postos (expectativa de 135 mil), ao passo que o setor público registrou criação líquida de 19 mil a despeito dos cortes promovidos pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) liderado por Elon Musk no governo federal.

A taxa de desemprego surpreendeu o consenso de mercado (4,1%) e engatou o segundo mês consecutivo de alta, saindo de 4,1% para 4,2% da força de trabalho na passagem de fevereiro para março. No mês, o número de desocupados apresentou avanço de 31 mil, alcançando 7,08 milhões de americanos. Como a taxa de desemprego ainda se situa abaixo da taxa natural de 4,4% estimada pelo Congressional Budget Office (CBO), esse fator continua recomendando um maior conservadorismo na condução da política monetária por parte do FED.

Em março, a taxa de participação surpreendeu positivamente, saindo de 62,4% para 62,5% ante expectativa de que ela permanecesse estável. Por outro lado, a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) permaneceu em 59,9%. Com os resultados, a primeira medida agora se encontra 0,8 p.p. abaixo do patamar pré-pandemia (fev/20), enquanto a segunda se encontra 1,2 p.p. aquém.

▪ A média de ganhos salariais por hora subiu US$ 0,09 (0,25% m/m), marginalmente abaixo das expectativas do mercado (0,3% m/m, Bloomberg), alcançando o nível de US$ 36,00 por hora trabalhada em março. Em doze meses, o salário médio por hora acumulou alta de 3,8% a/a, abaixo das estimativas de manutenção em 4,0% a/a. Apesar de modesto, esse princípio de desaceleração parece mostrar que a resistência em exibir uma trajetória de queda que seja compatível com a convergência da inflação para a meta de 2,0% arrefeceu.

Os sinais de vigor do mercado de trabalho norte americano também puderam ser observados na métrica do ADP (criação de vagas no setor privado) que registrou 155 mil vagas criadas em março, vindo acima das expectativas (120, Bloomberg). Além disso, a revisão do dado de fevereiro acrescentou 7 mil postos de trabalho (84 mil, ante 77 mil). Já os salários registraram uma menor taxa de variação (4,6% a/a), ante 4,7% a/a em fevereiro.

O único dado que apresentou alguma fraqueza foi o número de vagas em aberto (JOLTS), uma métrica de demanda por mão de obra, que caiu para 7,568 milhões em fevereiro, ante 7,762 milhões em janeiro, e para o qual se esperava uma redução menor, para 7,658 milhões. Essa projeção pode indicar alguma perda de ímpeto dos empresários em realizar novas contratações em face do cenário atual de elevada incerteza e do receio das famílias de aumentarem os seus gastos pessoais na esteira da alta da renda.

O anúncio da imposição de tarifas de importação por parte do governo Trump e a reação negativa dos mercados e dos demais países (com algumas retaliações já anunciadas) acabaram por ofuscar os dados positivos de mercado de trabalho. Embora esperemos alguma desaceleração do crescimento econômico, discordamos dos receios majoritários do mercado acerca do risco de recessão nos EUA. Como consequência disso, não vemos necessidade de o FED voltar a reduzir a taxa juros no curto prazo, além de acharmos um erro caso a autoridade monetária venha a fazer isso por uma maior preocupação com a atividade econômica em detrimento da inflação, uma vez que esta última pode vir a surpreender para cima nos próximos meses.

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