Houve criação líquida de 263 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll) nos EUA em novembro, ante um resultado revisado em 23 mil vagas a mais em outubro, elevando a criação de vagas do mês para 284 mil. Este resultado veio bem acima do consenso de mercado que aguardava o preenchimento de 200 mil vagas, e muito acima das 100 mil vagas que, segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, é o número consistente com a taxa de crescimento populacional da economia americana. Em 12 meses, foram criados 4,9 milhões de postos de trabalho em setores não agrícolas. No acumulado do ano esse número foi de 4,3 milhões.
Em novembro, os setores que mais contribuíram para a criação líquida de vagas foram: Hotelaria e Lazer, Serviços de Educação e Saúde, e Governo. Dentre as maiores contribuições negativas destacaram-se: Comércio de Varejo, Transportes e Armazenagem. Com este resultado, o número de empregos no setor não agrícola se encontra 1,04 milhão acima do patamar observado no período pré-pandemia (fev/20).
No que lhe concerne, a taxa de desemprego permaneceu estável na passagem de outubro para novembro, em 3,7% da força de trabalho, vindo de acordo com o previsto pelo mercado. No mês, o número de desocupados diminuiu em 48 mil, totalizando 6,01 milhões de americanos. Com este resultado, a taxa de desemprego ainda se mantém abaixo da taxa de desemprego natural (4,0%), sinalizando que o mercado de trabalho americano segue aquecido.
Em novembro, o número de desempregados a longo prazo (27 semanas ou mais) subiu marginalmente, de 1,17 milhão para 1,23 milhão, patamar bem similar ao observado durante o período pré-pandemia. Atualmente, este grupo representa 20,5% do total de desempregados, uma elevação dos 19,2% registrados em outubro. Já o número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas avançou em 25 mil, para 3,69 milhões, se mantendo abaixo do nível observado em fevereiro de 2020 (4,39 milhões).
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego diminuiu em 167 mil na passagem de outubro para novembro, totalizando 5,55 milhões, e seguindo acima do patamar observado durante o pré-pandemia (5,0 milhões). Dentre as razões para o desemprego destacam-se as pessoas que perderam o emprego (2,78 milhões ante 2,66 milhões), as que se demitiram (830 mil ante 862 mil), as que estão entrando novamente na força de trabalho (1,81 milhões ante 1,89 milhões) e os novos entrantes na força de trabalho (561 mil ante 485 mil).
A taxa de participação da força de trabalho recuou 0,1 p.p. em relação à leitura do mês anterior ao registrar 62,1% em novembro, surpreendendo negativamente o mercado que tinha como consenso o aumento da taxa para 62,3%. Com isso, esse já é o terceiro mês seguido de recuo da taxa de participação. Por sua vez, a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (Employment-Population ratio) recuou 0,1 p.p., para 59,9%. Com estes resultados, ambas medidas se encontram 1,3 p.p. abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020.
A criação de vagas no mês teve como principais destaques os grupos de Hotelaria e Lazer (+88 mil), Serviços de Educação e Saúde (+82 mil) e Governo (+42 mil). Embora o segmento de Hotelaria e Lazer tenha registrado ganhos notáveis de criação de postos de trabalho em 2022, o segmento segue 5,8% abaixo do nível pré-pandemia e deve continuar se beneficiando nos próximos meses da normalização do perfil de consumo do americano, que continuará rotacionando de bens para serviços.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,18 (0,6% m/m), ficando 0,3 p.p. acima da expectativa do mercado de 0,3%, alcançando o nível de US$ 32,82 por hora trabalhada. Com este resultado, em 12 meses, o salário médio por hora acumulou alta de 5,1%, também acima das estimativas (4,6%). Nessa mesma métrica houve, na margem, aceleração de 0,2 p.p. na passagem de outubro para novembro, retornando para o mesmo patamar de setembro, e sinalizando uma leve piora da dinâmica inflacionária entre salários e preços. Nesse sentido, destacamos que esta medida segue substancialmente acima da meta de estabilidade de preço do Fed (2,0%), o que indica que o Banco Central americano ainda terá um longo caminho a percorrer para desaquecer o mercado de trabalho americano.
Houve revisões nos números de setembro e outubro, subtraindo 23 mil vagas de emprego no período, de modo que o número de setembro caiu de 315 mil para 269 mil, e o de outubro subiu de 261 mil para 284 mil. Com o resultado de novembro, nos primeiros 11 meses de 2022 foram registrados, em média, a criação de 392 mil postos de trabalho, ante 560 mil para o mesmo período de 2021.
O relatório de emprego sugere que o mercado de trabalho americano segue apertado, com o ritmo de contratação ainda em patamares elevados e aumentos salariais acima do previsto. Esse cenário contribui para aumentar a incerteza quanto a magnitude do aumento da taxa de juros por parte do Fed, deixando indefinida se a próxima alta será de 50 ou 75 pontos-base, embora a autoridade monetária norte-americana ainda pareça mais inclinada a optar pela menor alta.