A criação líquida de 227 mil empregos em setores não-agrícolas (payroll) nos Estados Unidos em novembro veio marginalmente acima das expectativas do mercado (220 mil, Bloomberg). Além disso, as revisões relativas aos meses de setembro e outubro adicionaram 56 mil postos de trabalho. O número de setembro saiu de 223 mil para 255 mil, enquanto o de outubro saltou de 12 mil para 36 mil. Somando o resultado de novembro (227 mil) com as revisões dos dois meses anteriores (56 mil) foram adicionados significativos 283mil empregos.
Essa recuperação na geração de vagas em novembro era de certa forma esperada e deve se repetir também em dezembro após a passagem de furacões pelo sul dos EUA ter resultado em um resultado ruim do payroll de outubro. Esse processo deve guardar muitas semelhanças com o que ocorreu com o dado da geração de vagas em setores não-agrícolas de julho, que veio mais fraco e foi seguido de dois meses consecutivos de recuperação.
A taxa de desemprego aumentou 0,1 p.p. na passagem de outubro para novembro, saindo de 4,1% para 4,2% da força de trabalho, superando o consenso de mercado que esperava a manutenção da taxa em 4,1%. Em novembro, o número de desocupados avançou 161 mil, totalizando 7,15 milhões de norte-americanos. Com a permanência da taxa de desemprego em patamar abaixo da taxa natural de 4,4% estimada pelo Congressional Budget Office (CBO), o banco central norte-americano (Fed) deve voltar a privilegiar a estabilidade de preços em vista dos sinais de reaceleração inflacionária na margem ao tentar, daqui para frente, manter em equilíbrio os riscos ao seu mandato dual. A despeito disso, o Fed ainda deve promover um corte de juros de 25 pontos base na sua última reunião do ano em dezembro.
Em novembro, a taxa de participação novamente recuou 0,1 p.p., ao sair de 62,6% para 62,5%, frustrando as expectativas de avanço para 62,7%. Na mesma direção, a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) engatou o segundo mês consecutivo de queda, saindo de 60,0% em outubro para 59,8% em novembro. Com os resultados, a primeira medida agora se encontra 0,8 p.p. abaixo do patamar observado no período pré-pandemia (fev/20), enquanto a segunda se encontra 1,3 p.p. aquém.
A média de ganhos salariais por hora subiu US$ 0,13 (0,4% m/m), vindo acima das expectativas do mercado (0,3% m/m), alcançando o nível de US$ 35,61 por hora trabalhada em novembro. Em doze meses, o salário médio por hora acumulou alta de 4,0% a/a, superando as estimativas de 3,9% a/a. Os dados recentes mostram que os salários vêm apresentando resistência em exibir uma trajetória consistente de queda que seja compatível com a convergência da inflação para a meta de 2,0%.
A criação de vagas no setor privado (ADP) foi de 146 mil em novembro, um pouco abaixo das expectativas de 165 mil, resultado que divergiu do payroll, visto que o governo contribuiu com a geração de apenas 33 mil postos no mês. Também em divergência com o payroll, que registrou revisão altista para o número de outubro, o resultado do ADP foi na direção oposta e saiu de 233 mil para 184 mil. A maior similaridade entre essas duas métrica se deu nos salários, cuja expansão média no setor privado saiu de 4,6% a/a em outubro para 4,8% a/a em novembro, no primeiro aumento da taxa de variação em mais de 2 anos. Já entre aqueles que mudaram de emprego, o ganho salarial se encontra em patamares ainda maiores, de 7,2% a/a. Por outro lado, o número de vagas em aberto (JOLTS), uma métrica de demanda por mão de obra, surpreendeu para cima, registrando 7,74 milhões em outubro ante expectativa de 7,44 milhões. Em linha com o ADP, a revisão do mês imediatamente anterior foi para baixo, saindo de 7,44milhões para 7,37milhões em setembro.