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Publicado em 16 de Dezembro às 14:14:10

Payroll (Nov/25): Dados mistos do mercado de trabalho devem levar o FED a ser mais cauteloso no início de 2026

A criação líquida de 64 mil empregos em setores não-agrícolas (payroll) nos Estados Unidos em novembro veio acima do esperado pelo mercado (50 mil, Bloomberg), mas um pouco abaixo da nossa projeção de 75 mil vagas. As aberturas mostraram que o setor privado contribuiu com 69 mil postos no mês, ante expectativa de 50 mil, enquanto o setor público eliminou 5 mil postos, com o governo federal sendo responsável pelo fechamento de vagas (-6 mil) pelo décimo mês consecutivo.

Esse relatório também trouxe consigo os dados referentes a outubro, mês que foi totalmente impactado pelo shutdown do governo de mais de 40 dias. Por conta disso, foram destruídos 105 mil empregos, bem além do esperado (-25 mil, Bloomberg), com o governo geral sendo responsável por -157 mil (-162 mil pelo governo federal) e o setor privado +52 mil. Já as revisões relativas aos meses de agosto e setembro subtraíram 33 mil postos de trabalho. O número de agosto saiu de -4 mil para -26 mil, enquanto o de setembro recuou de 119 mil para 108 mil. Somando os resultados de outubro e novembro com as revisões de agosto e setembro, o saldo líquido ficou em -74 mil empregos, apontando para uma deterioração não desprezível do mercado de trabalho nos últimos meses.

A elevação da taxa de desemprego surpreendeu o consenso de mercado, alcançando 4,6% enquanto a expectativa era de 4,5% (Bloomberg). Em novembro, o número de desocupados avançou 228 mil, alcançando 7,83 milhões de norte-americanos. Com a taxa de desemprego agora passando a se situar levemente acima da taxa natural estimada pelo Congressional Budget Office (CBO), passa a haver alguma contribuição para o processo de desinflação vindo do mercado de trabalho. A taxa de participação também surpreendeu para cima, saindo de 62,4% para 62,5% da força de trabalho puxada por um aumento da força de trabalho (+323 mil) acima da população ocupada (+96 mil), o que também ajudou a pressionar a taxa de desemprego. Já a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) foi na direção contrária, caindo de 59,7% para 59,6%. Com os resultados, a primeira medida agora se encontra 0,8 p.p. abaixo do patamar pré-pandemia (fev/20), enquanto a segunda se encontra 1,5 p.p. aquém.

A média de ganhos salariais por hora subiu US$ 0,05 (0,14% m/m), vindo bem abaixo da expectativa do mercado (0,3% m/m, Bloomberg), atingindo o nível de US$ 36,86 por hora trabalhada em novembro. Em 12 meses, o salário médio por hora acumulou alta de 3,51% a/a, ficando aquém das estimativas (3,6% a/a). Com isso, a trajetória de lento arrefecimento dos salários, que vinha em ritmo lento, ganhou um forte impulso baixista no mês.

Mesmo com o shutdown governamental em tendo se prolongado por todo o mês de outubro, foi observada alguma recuperação do ímpeto das empresas em contratar. A demanda por mão de obra expressa pelos dados (JOLTS) saltou de 7,227 milhões em agosto para 7,658 milhões em setembro e permaneceu elevada em outubro (7,670 milhões). Já a criação de vagas no setor privado, medida pela métrica do ADP, foi mais um dado a exibir um resultado moderado, registrando a criação de 42 mil postos em outubro, ante expectativa de 38 mil (Broadcast+). O dado de setembro sofreu uma leve revisão (de -32 mil para -29 mil). Já os salários repetiram em outubro a mesma variação média anual observada em setembro (4,5% a/a).

De modo geral, podemos concluir que o mercado de trabalho norte americano ainda exibe sinais mistos (maior demanda por trabalho e taxa de participação por um lado, e menor crescimento dos salários e geração de vagas por outro). A despeito disso guardamos algum otimismo para a economia americana em 2026. A reaceleração que é esperada da atividade deve reforçar ainda mais a disposição das firmas em contratar o que, junto com um maior número de trabalhadores retornando para a força de trabalho, deve resultar num novo alinhamento entre oferta e demanda por trabalho de modo a gerar um número de postos mensais que estabilize a taxa de desemprego num nível próximo da natural. Essa conjuntura do mercado de trabalho e da atividade econômica, junto com as incertezas que ainda permeiam a taxa de inflação devem fazer com que o banco central norte americano (Federal Reserve) adote uma postura mais conservadora no 1º trimestre de 2026 e não promova qualquer alteração na taxa de juros (Fed Funds rate).

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