Houve criação líquida de 261 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll) nos EUA em outubro, ante um resultado revisado de 315 mil vagas em setembro. Este resultado veio bem acima do consenso de mercado que aguardava o preenchimento de 193 mil vagas no mês. Em 12 meses, foram criados 5,3 milhões de postos de trabalho em setores não agrícolas.
Diferentemente do mês anterior (setembro), o resultado de outubro registrou criação líquida de vagas em todos os setores, com destaque para Saúde e Cuidados Pessoais. As demais aberturas contribuíram com um número parecido de vagas entre si. Com este resultado, o número de empregos no setor não agrícola se encontra 804 mil acima do patamar observado no período pré-pandemia (fev/20).
No que lhe concerne, a taxa de desemprego avançou 0,2 p.p. na passagem de setembro para outubro, retornando para 3,7% da força de trabalho, surpreendendo o mercado (que tinha como consenso um avanço de apenas 0,1 p.p., para 3,6%). No mês, o número de desocupados aumentou em 306 mil, totalizando 6,06 milhões de americanos. Com este resultado, a taxa de desemprego ainda se mantém abaixo da taxa de desemprego natural (4,0%), sinalizando que o mercado de trabalho americano segue aquecido.
Em outubro, o número de desempregados a longo prazo (27 semanas ou mais) subiu marginalmente de 1,1 milhão para 1,2 milhão, patamar bem similar ao observado durante o período pré-pandemia. Atualmente, este grupo representa 19,2% do total de desempregados. Já o número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas recuou 183 mil para 3,7 milhões, se mantendo abaixo do nível observado em fevereiro de 2020 (4,4 milhões).
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego aumentou em 199 mil na passagem de setembro para outubro, totalizando 6,0 milhões, e seguindo acima do patamar observado durante o pré-pandemia (5,0 milhões). Dentre as razões para o desemprego destacam-se as pessoas que perderam o emprego (2,7 milhões ante 2,5 milhões), as que se demitiram (862 mil ante 905 mil), as que estão entrando novamente na força de trabalho (1,9 milhões ante 1,8 milhões) e os novos entrantes na força de trabalho (485 mil ante 447 mil).
A taxa de participação da força de trabalho recuou 0,1 p.p. em relação à leitura do mês anterior ao registrar em 62,2% em outubro, surpreendendo negativamente o mercado que tinha como consenso a manutenção da taxa em 62,3%. Por sua vez, a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (Employment-Population ratio) recuou 0,1 p.p. para 60,0%. Com estes resultados, ambas medidas se encontram 1,2 p.p. abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020.
A criação de vagas no mês teve como principais destaques os grupos de Saúde e Cuidados pessoais (+79 mil), Serviços Profissionais (+39 mil) e Hotelaria e Lazer (+35 mil). Embora o segmento de Hotelaria e Lazer tenha registrado ganhos notáveis de criação de postos de trabalho em 2022, o segmento segue 6,5% abaixo do nível pré-pandemia e deve continuar se beneficiando nos próximos meses da normalização do perfil de consumo do americano, que continuará rotacionando de bens para serviços.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,12 (0,4% m/m), ficando 0,1 p.p. acima da expectativa do mercado de 0,3%, alcançando o nível de US$ 32,58 por hora trabalhada. Com este resultado, em 12 meses, o salário médio por hora acumulou alta de 4,7%, vindo em linha com a mediana das expectativas. Nessa mesma métrica houve, na margem, desaceleração de 0,3 p.p. na passagem de setembro para outubro, sinalizando uma leve melhora da dinâmica inflacionária entre salários e preços. Entretanto, destacamos que esta medida segue substancialmente acima da meta de estabilidade de preço do Fed (2,0%), o que indica que o Banco Central americano ainda terá um longo caminho a percorrer para desaquecer o mercado de trabalho americano.
Houve revisões nos números de agosto e setembro, adicionando 29 mil vagas de emprego no período, de modo que o número de agosto caiu de 315 mil para 292 mil, e o de setembro subiu de 263 mil para 315 mil. Com o resultado de outubro, nos primeiros 10 meses do 2022 foram registrados, em média, a criação de 407 mil postos de trabalho, ante 551 mil para o mesmo período de 2021.
O relatório de emprego sugere que o mercado de trabalho americano segue apertado, com o ritmo de contratação ainda em patamares elevados e aumentos salariais acima do previsto. Por outro lado, o aumento de 0,2 p.p na taxa de desemprego, que saiu de 3,5% para 3,7% da força de trabalho, oferece sinais mistos para o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed para a próxima reunião de dezembro. Esse cenário contribui para aumentar ainda mais a incerteza quanto a magnitude do aumento da taxa de juros, deixando indefinida se a próxima alta será de 50 ou 75 pontos-base. Como ainda terá mais uma divulgação da criação de vagas (Payroll) antes da reunião do Fed de dezembro, a próxima publicação pode acabar pesando mais para a decisão do FOMC.