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Publicado em 31 de Maio às 12:43:50

PCE (abr/24): interrupção do processo de desinflação demanda cautela

A renda pessoal (personal income) registrou desaceleração em abril em relação ao mês imediatamente anterior ao sair de um ritmo de expansão de 0,5% m/m para 0,3% m/m, vindo ao encontro das expectativas de mercado. A renda pessoal disponível (disposable personal income) também desacelerou em relação ao mês anterior, com alta de 0,5% m/m dando lugar a um avanço de 0,2% m/m. Embora os impostos pessoais correntes (personal current taxes) tenham apresentado um ritmo de expansão similar ao do mês anterior, saindo de 0,9% m/m para 0,8% m/m, a renda pessoal disponível, ainda assim, registrou uma taxa de variação muito próxima da renda pessoal.

Os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) vieram mais fracos do que o esperado pelo mercado, expandindo 0,2% m/m em abril, ante uma expectativa de alta de 0,3% m/m, de modo que, este resultado representa um arrefecimento do indicador em relação ao mês imediatamente anterior (0,5% m/m). Em termos reais, a renda pessoal disponível voltou a se contrair após ter registrado expansão no mês anterior, saindo de uma alta de 0,1% m/m em março para uma contração de 0,1% m/m em abril. Na mesma direção, os gastos com consumo pessoal (real personal consumption expenditures), interrompeu a sequência de dois meses consecutivos, ao recuar 0,1% m/m em abril, vindo pior do que o consenso de mercado que apostava em uma expansão de 0,1% m/m.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) apresentou alta de 0,3% m/m, vindo em linha com as expectativas, repetindo o avanço registrado em março. No acumulado dos últimos doze meses, o número ficou estável na passagem de março para abriu em 2,7% a/a. O resultado foi reflexo de os preços dos serviços terem registrado arrefecimento ao sair de um ritmo de expansão de 0,4% m/m em março para 0,3% m/m em abril, de modo que, na comparação interanual o ritmo de crescimento saiu de 4,0% a/a para 3,9% a/a no mesmo período. Já os preços dos bens, aceleraram ao sair de 0,1% m/m para 0,2% m/m na passagem de março para abril, de modo que, a variação interanual ficou estável em relação ao mês anterior em 0,1% a/a, refletindo a combinação entre a desinflação de bens industriais (-2,2% a/a) ter sido parcialmente compensada pela inflação de bens não duráveis (1,4% a/a). Grande parte desse movimento se deve ao fato de a China continuar a exportar desinflação através da exportação de bens manufaturados, assim como as taxas de juros mais elevadas nos EUA estarem pesando sobre os bens duráveis, cujo consumo é mais dependente de crédito.

Por sua vez, o núcleo de inflação (que exclui alimentos e energia) avançou 0,2% m/m, vindo em linha com o consenso de mercado e apresentando desaceleração em relação ao número de março. Em doze meses, o núcleo do PCE repetiu o número de março (2,8% a/a), ficando em linha com as expectativas de mercado.

Em abril, a poupança pessoal manteve a tendência de queda pelo terceiro mês consecutivo, saindo de US$ 747,1 bilhões para US$ 744,5 bilhões na métrica mensal anualizada, de modo que a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível ficou estável em 3,6%. A desaceleração do ritmo de crescimento dos gastos com consumo, em ritmo mais lento do que a taxa de expansão da renda pessoal, junto com a inflação ainda persistente, fizeram com que a poupança das famílias apresentasse virtual estabilidade na passagem de março para abril.

▪ Embora a segunda leitura do PIB do 1º trimestre de 2024 tenha apontado para um crescimento abaixo do potencial, a interrupção do processo de desinflação do núcleo do PCE aponta para a necessidade de manutenção da Fed Funds rate no intervalo entre 5,25% e 5,50% a.a. por um maior período de tempo. Reforça essa necessidade o fato de que, mesmo com o fim do excesso de poupança acumulado nos anos de pandemia, os gastos com consumo pessoal apresentaram um desempenho robusto nos últimos meses, sendo este um ponto de atenção a ser monitorado nos próximos meses. Por conta desses fatores, o processo de afrouxamento monetário só deve ocorrer no último trimestre desse ano e ficar restrito a apenas um ou dois cortes de 25 pontos-base na taxa básica de juros.

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