A renda pessoal (personal income) avançou 0,3% m/m (US$ 71,6 bilhões) em agosto, ficando em linha com a expectativa do mercado. Já os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) surpreendeu o mercado com expansão de 0,4% m/m no mês de agosto, enquanto o consenso de mercado apontava para uma expansão de 0,2% m/m. Por fim, a renda pessoal disponível (disposable personal income) avançou 0,4% m/m, acelerando 0,1 p.p. em relação o desempenho do mês de julho. O resultado aponta que o arrefecimento do preço da gasolina, que gera uma descompressão na renda das famílias americanas, tem impactado o consumo pessoal diante do efeito riqueza positivo.
Em termos reais, tanto a renda pessoal disponível quanto os gastos com consumo pessoal apresentaram alta de 0,1% m/m, ficando em linha com o consenso de mercado para o mês de agosto. Este resultado decorre do efeito líquido entre uma alta de 0,2% m/m do consumo de serviços ter sido parcialmente compensada pela queda de 0,2% m/m do consumo de bens. Esta combinação de expansão do consumo de serviços em detrimento ao de bens reflete o contexto de normalização do perfil de consumo das famílias americanas em um cenário de inflação significativamente elevada.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) apresentou alta de 0,3% m/m, ante deflação de 0,1% m/m em julho, vindo pior que a expectativa mediana de mercado que projetava alta de 0,1% m/m no período. O resultado foi reflexo de a alta de 0,6% m/m nos preços dos serviços ter sido parcialmente compensada pela deflação de 0,3% m/m nos preços dos bens. O destaque no mês vai para a deflação de 5,5% no preço da energia, refletindo o recuo do preço do barril do petróleo no mês diante do aumento do risco de recessão global. O grupo de alimentos apresentou elevação de 0,8% m/m. Por sua vez, o núcleo (excluí alimentos e energia) avançou 0,6% m/m, vindo pior do que o consenso de mercado que aguardava por uma expansão de 0,5% m/m. Em 12 meses, o índice de preços acumulou alta de 6,2% a/a, desacelerando 0,1 p.p. em relação ao número do mês anterior. Este resultado foi reflexo do aumento de 12,4% a/a do índice de alimentação e de 24,7% a/a do índice de energia. Por fim, o núcleo acumulou alta de 4,9% a/a, acelerando 0,3 p.p. em relação à leitura anterior e acima do número aguardado pelo mercado (4,7% a/a).
O resultado reforça a leitura negativa da inflação medida pelo CPI, que apontou que o Fed terá um árduo trabalho pela frente para fazer com que a inflação americana convirja para a meta de estabilidade de preços de longo prazo. A combinação de uma inflação elevada e uma demanda resiliente das famílias deve continuar reforçando a necessidade de ajustes significativos na política monetária americana, mesmo que este venha às custas de uma forte desaceleração do nível de atividade econômica. Projetamos uma elevação de 75 bps nas próximas duas reuniões do Fed, de modo que, a taxa de juros americana encerrará o ano entre 4,5% e 4,75% .
O aumento de US$ 63,5 bilhões nos gastos com consumo pessoal em valores correntes refletiu o avanço de US$ 96,9 bilhões nos gastos com serviços ter sido parcialmente compensado pela contração de US$ 29,4 bilhões nos gastos com o consumo de bens. Entre os gastos com serviços, os destaques vão para os gastos com habitação, utilities, transportese cuidados pessoais. Entre os gastos com o consumo de bens, as principais pressões baixistas vieram dos gastos com consumo de gasolina e outros combustíveis.
As despesas pessoais avançaram US$ 67,8 bilhões em agosto. A poupança pessoal ficou em US$ 652,8 bilhões no período, de modo que, a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível ficou estável em 3,5% na passagem de julho para agosto.