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Publicado em 29 de Julho às 11:36:36

PCE (Jun/22): Inflação surpreende o mercado puxado pelo preço da energia

A renda pessoal (personal income) avançou 0,6% m/m (US$ 133,5 bilhões) em junho, um pouco melhor que o consenso de mercado que era de 0,5% m/m. Já a renda pessoal disponível (disposable personal income) teve alta de 0,7% m/m ao crescer em US$ 120,4 bilhões no período. Por fim, os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) avançaram 1,1% m/m (US$ 181,1 bilhões), surpreendendo positivamente o mercado que aguardava por uma expansão de 1,0% no mês.

Em termos reais, a renda pessoal disponível recuou 0,3% m/m em junho, enquanto o gasto com consumo pessoal avançou 0,1%, vindo um pouco melhor do que a projeção mediana de mercado que apontava para estabilidade no mês (0 % m/m). Com este resultado, embora os gastos com consumo pessoal tenham apresentado uma leve alta, esta não foi capaz de reverter a queda de 0,3% m/m observada no mês anterior, sinalizando que o elevado nível inflacionário vem erodindo a renda das famílias americanas.     

O índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) acelerou na margem ao sair de 0,6% m/m em maio para 1,0% m/m em junho, vindo pior que o consenso de mercado que aguardava por uma alta de 0,9% m/m. Os destaques vão para o avanço de 1,0% m/m nos preços de alimentos e de 7,5% nos preços de energia no período. Por sua vez, o núcleo (excluí alimentos e energia) avançou 0,6% m/m, ficando 0,1 p.p. acima da projeção mediana de mercado. Em 12 meses, o índice headline acelerou 0,5 p.p. em relação ao mês anterior, acumulando alta de 6,8% no período. A forte expansão da inflação acumulada em 12 meses, a maior alta em 40 anos, refletiu os aumentos de 11,2% dos preços de alimentos e de 43,5% nos preços de energia. Por fim, o núcleo acumulou alta de 4,8% m/m, vindo pior que o consenso de mercado de 4,7% m/m.

O aumento de US$ 181,1 bilhões nos gastos com consumo pessoal em valores correntes refletiu os crescimentos de US$ 94,9 bilhões nos gastos com bens e de US$ 86,2 bilhões nos gastos com serviços. Entre os gastos com bens, os destaques vão para o consumo de gasolina, que no mês de junho atingiu níveis recorde de preço cobrado ao consumidor final, e de outros bens energéticos. Entre os gastos com serviços, os destaques vão para os aumentos nos gastos com cuidados pessoais e nos gastos com habitação e utilities.

Embora tenhamos observado uma expansão dos gastos com consumo pessoal em termos nominais durante o mês de junho, em termos reais os gastos ficaram próximos da estabilidade no mês. Os gastos com o consumo de serviços em termos reais desaceleraram de 0,4% m/m em maio para 0,1% m/m em junho, refletindo o elevado nível inflacionário presente na economia americana. Nesse contexto, a leitura do relatório de gastos e despesas referente ao mês de junho reforça nossa visão de que o segundo semestre de 2022 deve ser marcado pelo arrefecimento do consumo das famílias e, consequentemente, de toda a economia americana. Além disso, os dados seguem apontando que a inflação vem impactando significativamente o poder de compra as famílias, aumentando o risco de uma desaceleração da atividade econômica em 2022 mais forte do que a antecipada pelo mercado.

As despesas pessoais avançaram US$ 186,5 bilhões em junho. A poupança pessoal ficou em US$ 944,5 bilhões no período, de modo que, a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível passou de 5,5% para 5,1% na passagem de maio para junho.

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