A renda pessoal (personal income) registrou aceleração na passagem de abril para maio, saindo de 0,3% m/m para 0,5% m/m, superando as expectativas de mercado de avanço de 0,4% m/m. A renda pessoal disponível (disposable personal income) apresentou movimento idêntico, com a alta de 0,3% m/m dando lugar a um avanço de 0,5% m/m. Embora os impostos pessoais correntes (personal current taxes) tenham apresentado aumento da sua taxa de variação (0,7% m/m, ante 0,4% m/m), a renda pessoal disponível, ainda assim registrou a mesma taxa de variação da renda pessoal.
Os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) repetiram a expansão de 0,2% m/m vista em abril, mas desta vez vieram em linha com o esperado pelo mercado. Em termos reais, a renda pessoal disponível voltou a se expandir após ter ficado estagnada em abril, avançando 0,5% m/m em maio. Na mesma direção, os gastos com consumo pessoal (real personal consumption expenditures) em termos reais superaram a contração de 0,1% m/m de abril e avançaram 0,3% m/m em maio.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) apresentou estabilidade em maio, vindo em linha com as expectativas. No acumulado dos últimos doze meses, a inflação medida pelo PCE sofreu redução de 0,1 p.p., saindo de 2,7% a/a para 2,6% a/a, como previsto. O resultado foi reflexo de os preços dos serviços terem registrado arrefecimento ao sair de um ritmo de expansão de 0,3% m/m em abril para 0,2% m/m em maio, de modo que, na comparação interanual, o ritmo de crescimento saiu de 4,0% a/a para 3,9% a/a, enquanto os preços dos bens passaram a apresentar deflação tanto na métrica mensal (-0,4% m/m, ante 0,2% m/m) como anual (-0,1% a/a, ante 0,1% a/a) no mesmo período. Essa taxa de variação negativa refletiu a deflação observada nos bens duráveis (-0,8% m/m) e não-duráveis (-0,2% m/m). Grande parte desse movimento se deve ao fato de a China continuar a exportar desinflação através da venda de bens manufaturados, assim como as taxas de juros mais elevadas nos EUA estarem pesando sobre a demanda dos bens duráveis, cujo consumo é mais dependente do crédito.
Por sua vez, o núcleo de inflação (que exclui alimentos e energia) avançou 0,1% m/m em maio, vindo em linha com o consenso de mercado e apresentando desaceleração em relação ao número de abril (0,3% m/m). Em doze meses, o núcleo do PCE recuou 0,2 p.p., conforme esperado, saindo de 2,8% a/a para 2,6% a/a.
Em maio, a poupança pessoal repetiu pelo segundo mês a tendência de alta, saindo de US$ 768,5 bilhões para US$ 806,1 bilhões na métrica mensal anualizada, de modo que a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível aumentou de 3,7% para 3,9%. O aumento dos impostos pessoais correntes acabou não pesando sobre a renda pessoal disponível pelo fato da inflação medida pelo PCE ter ficado estável em maio ante abril, o que, junto com o fato de a renda ter crescido acima dos gastos, fez com que a poupança das famílias se recuperasse no período. Contudo, o volume de poupança mensal das famílias norte-americanas ainda se situa abaixo da tendência que vigorava antes da eclosão da pandemia de covid-19, o que mostra a maior relutância dos indivíduos a ajustarem o seu padrão de gastos mesmo após o fim do excesso de poupança.
Embora a terceira e última leitura do PIB do 1º trimestre de 2024 tenha surpreendido para cima, com a atividade crescendo a um ritmo anualizado de 1,4% t/t ante expectativa de 1,3% t/t, a alta ainda assim ficou abaixo do crescimento potencial estimado para a economia norte-americana, de 1,8% t/t. Por outro lado, o índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) na métrica trimestral anualizada ainda ficou muito acima da meta de 2,0%, com o índice cheio registrando 3,4% t/t e o núcleo 3,7% t/t. Por conta disso, o processo de afrouxamento monetário só deve ocorrer no último trimestre do ano e ficar restrito a apenas um corte de 25 pontos-base na taxa de juros.