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Publicado em 27 de Junho às 13:51:54

PCE (Mai/25): Primeira surpresa altista da inflação em meses configura sinal incipiente de repasse das tarifas para os preços

A renda pessoal (personal income) registrou uma forte inflexão, deixando para trás a alta de 0,7% m/m registrada em abril e apresentando uma queda de 0,4% m/m em maio, frustrando, em muito, as expectativas de alta de 0,3% m/m (Bloomberg). Já a renda pessoal disponível (disposable personal income) apresentou uma reversão ainda mais intensa, saindo de 0,8% m/m para -0,6% m/m no mesmo período. A renda pessoal disponível afundou mais do que a renda pessoal mesmo com os impostos pessoais correntes (personal current taxes) tendo repetido a alta do mês anterior (0,5% m/m).

Os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) registraram desaceleração mais intensa do que a esperada na passagem de abril para maio, saindo de 0,2% m/m para -0,1% m/m enquanto o consenso de mercado esperava alta de 0,1% m/m. Essa contração dos gastos pessoais indica que a forte queda da confiança do consumidor em decorrência da imposição de tarifas de importação, somada a contração da renda, pesou sobre a decisão de consumo das famílias norte americanas. Em termos reais, a taxa de variação dos gastos com consumo pessoal (real personal consumption expenditures) também registrou uma contração considerável, saindo de 0,1% m/m para -0,3% m/m no mesmo período, vindo aquém do esperado pelo mercado (0,0% m/m). Na esteira disso, a renda pessoal disponível em termos reais saiu de 0,6% m/m em abril para -0,7% m/m em maio.

Em relação ao índice de preços de gastos com consumo (PCE price index), o índice cheio apresentou variação de 0,14% m/m, um pouco acima da nossa projeção de 0,08% m/m e em linha com a expectativa do mercado (0,1% m/m), enquanto a métrica em 12 meses acelerou mais do que esperávamos (2,24% a/a), de 2,20% a/a para 2,34% a/a, em linha com o consenso (2,3% a/a). Já o núcleo, que desconsidera energia e alimentos, avançou 0,18% m/m, uma alta mais intensa do que a prevista por nós (0,14% m/m) e pelo mercado (0,1% m/m). No acumulado em 12 meses, a alta de 2,68% a/a superou a nossa projeção (2,58% a/a) e a do mercado (2,6% a/a).

O resultado foi reflexo de uma leve aceleração na inflação de serviços, tanto na métrica mensal (0,17% m/m, ante 0,12% m/m) como em 12 meses (3,41% a/a, ante 3,39% a/a). Já a taxa de variação dos preços dos bens desacelerou na margem (0,07% m/m, ante 0,11% m/m), muito por conta do segmento de duráveis (0,01% m/m, ante 0,48% m/m), ao passo que os não duráveis registraram aceleração (0,10% m/m, ante -0,09% m/m). Com isso, os bens deixaram de registrar deflação na métrica anual (0,06% a/a, ante -0,37% a/a).

A poupança pessoal interrompeu a sequência de altas que vinha desde a virada do ano, saindo de US$ 1.111,2 bilhões em abril para US$ 1.013,9 bilhões maio na métrica mensal anualizada, de modo que a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível saiu de 4,9% para 4,3%. O fato de a renda e os gastos terem apresentado contração em maio, tanto em termos nominais como reais, mas com uma retração mais intensa dos rendimentos do que do consumo, fez com que a poupança mensal diminuísse.

Essa inflexão apresentada pelas métricas de renda, assim como a volta de surpresas altistas na inflação depois de alguns meses de dados bem-comportados, configura os primeiros sinais dos efeitos defasados da guerra tarifária que eram esperados que começassem a aparecer nos dados da economia americana a partir de agora. Ainda assim, esperamos que o banco central norte americano (Fed) tenha espaço para promover um corte de juros de até 50 pontos base entre setembro e o final desse ano.

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