A renda pessoal (personal income) continuou a apresentar forte alta em março (0,5% m/m), superando as expectativas (0,4% m/m, Bloomberg). A renda pessoal disponível (disposable personal income) apresentou movimento similar, com a alta de 0,8% m/m em fevereiro dando lugar a um avanço de 0,5% m/m em março. Movimento oposto ocorreu com os impostos pessoais correntes (personal current taxes), que saíram de 0,4% m/m para 0,5% m/m no mesmo período, aceleração essa que foi responsável por fazer com que a renda pessoal disponível desacelerasse mais do que a renda pessoal, que saiu só de 0,7% m/m para 0,5% m/m.
Os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) registraram aceleração acima da esperada na passagem de fevereiro para março, saindo de 0,5% m/m para 0,7% m/m enquanto o mercado aguardava um avanço de 0,6% m/m. Em termos reais, a renda pessoal disponível também acelerou, saindo 0,4% m/m para 0,5% m/m. Já a taxa de variação dos gastos com consumo pessoal em termos reais (real personal consumption expenditures) saltou de 0,1% m/m para 0,7% m/m no mesmo período, acima do esperado pelo mercado (0,5% m/m).
Em relação ao índice de preços de gastos com consumo (PCE price index), o índice cheio apresentou variação de -0,04% m/m, praticamente em linha com a nossa projeção de -0,02% m/m, ao passo que a métrica em 12 meses desacelerou menos do que esperávamos (2,19% a/a), de 2,69% a/a para 2,29% a/a. Já o núcleo, que desconsidera energia e alimentos, avançou 0,03% m/m, uma alta mais modesta do que a prevista por nós (0,11% m/m). No acumulado em 12 meses, a alta de 2,65% a/a também superou a nossa projeção (2,55% a/a), embora tenha registrado uma desinflação considerável em relação a alta de fevereiro (2,96% a/a).
O resultado foi reflexo de uma deflação observada no grupo de bens (-0,48% m/m, ante 0,23% m/m), tanto na categoria de duráveis (-0,05% m/m, ante 0,40% m/m) como de não duráveis (-0,71% m/m, ante 0,13% m/m). A taxa de variação dos preços de serviços também desacelerou consideravelmente, de 0,54% m/m para 0,15% m/m. Com isso, os bens já entraram em deflação na métrica em 12 meses (-0,26% a/a, ante 0,36% a/a), ao passo que os serviços saíram de 3,78% a/a para 3,49% a/a na mesma métrica.
A poupança pessoal interrompeu a tendência de dois meses de alta e retornou para o mesmo patamar de janeiro, saindo de US$ 906,9 bilhões para US$ 872,3 bilhões na métrica mensal anualizada, de modo que a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível saiu de 4,1% para 3,9%. O fato de a renda ter crescido a uma taxa inferior do que os gastos, tanto em termos nominais como reais, aliado com uma inflação praticamente zerada no mês e com o incentivo para os indivíduos anteciparem o consumo de bens importados, contribuiu para a queda na taxa de poupança em março.
Esse consumo mais resiliente por conta do forte crescimento da renda e da inflação mais baixa está dando sustentação para a economia norte americana num momento em que a incerteza se encontra nas máximas. Além disso, mesmo que haja uma perda de ímpeto momentânea dos indivíduos em consumirem, a boa situação financeira das famílias (patrimônio líquido em níveis recordes) possibilita que os gastos pessoais sejam rapidamente retomados quando a incerteza elevada atual se dissipar.











