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Publicado em 28 de Abril às 12:02:37

PIB EUA (1º tri/2022): Economia americana recua 1,4% no primeiro trimestre de 2022

O PIB americano recuou a uma taxa anualizada de 1,4%, no primeiro trimestre de 2022, a primeira contração desde 2020. O resultado veio pior que o consenso de mercado que aguardava expansão de 1,0% para o período.  O número por sua vez, representa uma significativa desaceleração em relação ao trimestre imediatamente anterior em que foi observado uma expansão de 6,9%. A surpresa negativa reflete um elevado déficit comercial e o recuo na formação de estoques privados, que juntos tiveram impacto de cerca de -4 p.p. no crescimento no trimestre.

O surpreendente recuo no primeiro trimestre refletiu as quedas na formação de estoques privados, nas exportações, nos gastos dos governos federal e local. Ademais, as importações, que são uma subtração no cálculo do PIB, avançaram substancialmente no período. Por outro lado, os gastos com consumo pessoal, os investimentos em ativos fixos não residenciais e residenciais avançaram no primeiro trimestre. O relatório destaca que o resultado no período refletiu os impactos da variante Ômicron na economia americana, responsável pelo aumento das restrições e disrupções que afetaram o funcionamento dos estabelecimentos em diversas regiões do país. Soma-se a isso, o fim dos programas governamentais de assistência as famílias e aos estabelecimentos, que contribuíram para o resultado negativo no trimestre.

Com o resultado, o PIB americano se encontra 2,8 p.p. acima do nível pré pandemia (4º tri de 2019).

O recuo dos investimentos na formação de estoque privado foi puxado pelas quedas tanto do comércio atacadista quanto do varejista, ambas impactadas por quedas nas vendas de veículos, cuja produção vem sendo impactada pela escassez de semicondutores. Já as exportações (-5,9%) recuaram puxadas pela queda disseminada nas exportações de bens não duráveis ter sido parcialmente compensada por um aumento das exportações de serviços financeiros. Já o aumento das importações (17,7%) refletiu uma maior demanda por bens de consumo duráveis. O déficit nas exportações líquidas de bens e serviços teve impacto de -3,2 p.p. no primeiro trimestre.

Os gastos com consumo pessoal avançaram 2,7%, ante 2,5% observados no trimestre anterior, contribuindo em 1,8 p.p. para a variação do PIB anualizado. Os gastos pessoais com bens recuaram 0,1%, após expansão de 1,1% no trimestre anterior, enquanto isso os gastos com serviços avançaram 4,3% no período, acelerando 1 p.p. em relação ao número anterior. A forte expansão do consumo com serviços e a estagnação do consumo de bens reflete uma mudança no perfil de consumo americano diante do arrefecimento da pandemia.

Também foi observado expansão nos investimentos em ativos fixos (7,3%), responsáveis por 1,3 p.p. da variação do produto americano. Este resultado refletiu a expansão de 9,2% no investimento não residencial, que foi puxado pela alta de 15,3% nos investimentos em equipamentos. Por sua vez, o investimento residencial avançou 2,1%, ficando estável em relação ao número do trimestre anterior (2,2%).

Embora o PIB americano tenha se contraído no primeiro trimestre de 2022, os dados apontam para uma sólida demanda por consumo das famílias quanto por investimentos pelas firmas, corroborando com as leituras de dados de alta frequência que apontam nesta direção. Ademais, as vendas finais para compradores domésticos em termos reais, que serve como uma medida de demanda subjacente, avançaram 2,6% em termos anualizados, acelerando em relação ao número do trimestre anterior (1,7%). Portanto, mesmo que a economia americana tenha se contraído nos três primeiros meses de 2022, a combinação entre uma forte demanda e mercado de trabalho aquecido mantêm nossa avaliação de que será anunciado um aumento de 0,5 p.p. na taxa de juros americana na próxima semana.

O índice de preços de gastos com consumo (Headline PCE) avançou 7,0% ante 6,4% no trimestre imediatamente anterior. Este resultado decorreu tanto da alta nos preços de bens (11,8%) quanto de serviços (4,6%). Por sua vez, o núcleo do índice de preços do PCE, que exclui preços de alimentação e energia, teve um aumento de 5,2%, ante 5,0% no quarto trimestre de 2021.

A renda pessoal em valores correntes aumentou US$ 268 bilhões no primeiro trimestre, ante um avanço de US$ 123,9 bilhões no trimestre anterior. Este resultado decorreu dos aumentos observados nas remunerações (salários e vencimentos privados), que foram parcialmente compensados pela redução dos benefícios sociais direcionados a mitigar os efeitos recessivos da pandemia. Já a renda pessoal disponível avançou US$216,6 bilhões no mesmo período após um avanço de $20,1 bilhões observado no quarto trimestre.

A taxa de poupança como percentual renda pessoal disponível recuou para 6,6%, ante 7,7% observados no trimestre imediatamente anterior.

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