Home > Macroeconomia EUA > Renda, Despesas e Inflação (PCE EUA): Nem a Inflação Segura o Consumo!

Publicado em 24 de Novembro às 19:17:08

Renda, Despesas e Inflação (PCE EUA): Nem a Inflação Segura o Consumo!

A renda pessoal (personal income) avançou 0,5% (US$ 93,4 bilhões) em outubro, surpreendendo o mercado que aguardava um avanço em menor magnitude (0,2%). Além disso, a renda pessoal disponível (disposable personal income) também apresentou alta ao saltar 0,3% (US$ 63 bilhões) no período. Por fim, os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) aumentaram em 1,3% (US$ 214,3 bilhões), ficando acima da expectativa mediana de mercado que aguardava avanço de 1%. O resultado do mês mostra que embora a inflação se encontre em um patamar extremamente elevado (maior inflação em 12 meses das últimas 3 décadas), o consumo continua avançando fortemente e de maneira bastante disseminada.

Em termos reais, a renda pessoal disponível recuou 0,3% em outubro, enquanto isso os gastos com consumo pessoal avançaram 0,7%. A alta no mês se deu por conta da combinação dos resultados positivos tanto para o consumo de bens que avançou 1% quanto de serviços que subiu 0,5%.

No que diz respeito à inflação, o índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) — a métrica de inflação preferida pelo FED — apresentou leve aceleração em relação à variação observada em setembro (+0,4%) ao avançar 0,6% m/m. Embora este resultado represente uma aceleração do processo inflacionário na margem, o número ficou um pouco abaixo da expectativa mediana de mercado que aguardava uma inflação de 0,7%. No que lhe concerne, o núcleo (medida que excluí alimentos e energia) avançou 0,4% no mesmo período, ficando em linha com a mediana das projeções de mercado. De maneira desagregada, observamos um avanço da inflação no consumo de bens (duráveis e não duráveis) e de energia que segue bastante afetada pela crise energética global.

Em 12 meses, o índice cheio acumulou alta de 5,0%, enquanto isso, o núcleo da inflação avançou 4,1%. Ambas as medidas seguem acima da meta de estabilidade de preços de longo prazo de 2% mostrando sinais de uma inflação que perde o caráter de transitoriedade e começa a se mostrar mais disseminada pela economia.

Vale ressaltar que as estimativas de renda e despesas para o mês de outubro ainda refletem os efeitos do impacto da pandemia na economia americana. O aumento da renda pessoal no mês de outubro, principalmente, por conta dos aumentos salariais observados no setor privado, que encontra um descasamento entre oferta e demanda por mão-de-obra o que acaba pressionando os salários daqueles que se encontram empregados, e por conta do recebimento de receita pessoal sobre ativos (dividendos e juros). Este aumento de renda no mês foi parcialmente compensado pela redução dos pagamentos de benefícios sociais por parte do governo (seguro-desemprego).

No mês o aumento de US$ 214,3 bilhões nos gastos de consumo pessoal em valores correntes refletiu um aumento de US$ 123,8 bilhões de gastos com bens e US$ 90,5 bilhões em serviços. Os gastos foram bastante disseminados tanto para bens quanto serviços. Para o último, o principal destaque foi dos gastos com outros serviços (viagens internacionais) e para o consumo com bens a maior contribuição foi observada nos gastos com veículos e peças.

Além disso, as despesas pessoais aumentaram US$ 216,8 bilhões em outubro. A poupança pessoal recuou em relação ao mês de setembro (US$ 1,48 trilhão) ao ficar em US$ 1,32 trilhão de dólares. Por fim, a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível recuou de 8,2% em setembro para 7,3% para outubro.

Diante disso, nossa avaliação é que os gastos com consumo seguem se mostrando bastante resilientes, visto que seguem acelerando mesmo diante do aumento das incertezas devido o ressurgimento da pandemia de Covid nos EUA e de um elevado processo inflacionário. Avaliamos que, mesmo diante de um cenário mais adverso, a população americana se beneficia dos aumentos salarias decorrentes de desbalanços no mercado de trabalho e, soma-se a isto, a situação bastante saudável que se encontram as finanças das famílias após sucessivas rodadas de estímulos governamentais que contribuíram para a formação de uma poupança robusta. Estes fatores devem continuar impulsionando a demanda nos próximos meses.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir