A renda pessoal (personal income) avançou 0,3% (US$ 70,7 bilhões) em dezembro, levemente pior que as expectativas do mercado (0,4%). Além disso, a renda pessoal disponível (disposable personal income) apresentou alta de 0,2% (US$ 39,9 bilhões) e os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) recuaram em -0,6% (-US$ 95,2 bilhões), resultado um pouco melhor que o consenso de mercado (-0,7%).
Em termos reais, a renda pessoal disponível recuou -0,2% em dezembro, enquanto isso os gastos com consumo pessoal tiveram um significativo recuo de -1%. Este resultado decorreu da alta nos gastos com serviços (0,1%) ter sido superada pelo recuo de -3,1% nos gastos com bens.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) apresentou desaceleração em relação ao mês de outubro (0,6 %) ao avançar 0,4% na margem. Por sua vez, o núcleo (excluí alimentos e energia) avançou 0,5% no mesmo período, ficando em linha com o consenso de mercado. Em 12 meses, o aumento foi de 5,8% para o índice headline e 4,9% para o núcleo. No interanual, os destaques vão para os preços da energia e de alimentos que aumentaram 29,9% e 5,7%, respectivamente.
O comunicado ressalta que as estimativas de renda e despesas para dezembro refletiram os contínuos efeitos do impacto da pandemia. Ademais, justifica-se o aumento da renda pessoal no mês, principalmente, por conta do aumento de salários tanto no setor privado quanto governamental. Este aumento de renda foi parcialmente compensado pela queda na renda dos proprietários e pela redução dos pagamentos de benefícios sociais, refletindo o encerramento dos programas de assistência relacionados com a pandemia.
A redução de -US$ 95,2 bilhões nos gastos de consumo pessoal em valores correntes refletiu os aumentos de US$ 52,0 bilhões no gasto com serviços que parcialmente compensou o recuo de -US$ 147,2 bilhões em bens. No que diz respeito aos gastos com serviços, o principal destaque vai para os gastos com cuidado pessoal. Já os gastos com bens, os recuos foram bastante disseminados, com o destaque para veículos, outros bens não duráveis e recreativos.
Vale destacar que a desaceleração nos gastos com consumo, sobretudo, de bens ocorre em meio a um significativo recrudescimento da pandemia nos EUA e uma escassez de oferta de bens. Além disso, o elevado nível inflacionário, que se encontra no maior patamar observado em três décadas, que corrói o poder de compra também influencia a decisão de consumo dos americanos. Para o primeiro trimestre de 2022, a expectativa é que o recrudescimento da pandemia siga impactando as decisões de consumo dos agentes, de modo que, impactará o avanço dos gastos com consumo pessoal, que devem se recuperar com o arrefecimento da pandemia. Entretanto, diante de uma economia aquecida e baixo nível de desemprego, há um risco altista para a inflação americana, que deve seguir pesando na decisão de consumo nos próximos meses.
As despesas pessoais recuaram -US$ 93,5 bilhões em dezembro. A poupança pessoal avançou em relação ao mês de novembro (US$ 1,3 trilhão) ao ficar em US$ 1,44 trilhão de dólares. Por fim, a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível aumentou de 7,2% no mês anterior para 7,9%. Este aumento na poupança pessoal reflete a combinação do recuo nos gastos com consumo pessoal e aumento nos salários tanto no setor público quanto privado.