A renda pessoal (personal income) avançou 0,5% (US$ 101,5 bilhões) em fevereiro, ficando em linha com o consenso de mercado. Além disso, a renda pessoal disponível (disposable personal income) apresentou alta de 0,4% (US$ 76,1bilhões) e os gastos com consumo pessoal (personal consumption expenditures) avançaram 0,2% no mês (US$ 34,9 bilhões), vindo pior que a projeção de mercado de expansão de 0,5%.
Em termos reais, a renda pessoal disponível recuou 0,2% em fevereiro, enquanto isso os gastos com consumo pessoal recuaram 0,4%. Este resultado refletiu a contração de 2,1% no gasto com consumo de bens ter sido parcialmente compensada pelo aumento de 0,6% no gasto com o consumo de serviços.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE price index) apresentou leve aceleração de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior ao avançar 0,6% em fevereiro. Por sua vez, o núcleo (excluí alimentos e energia) avançou 0,4% no mesmo período, ficando em linha com o consenso de mercado. Em 12 meses, o índice headline acumulou alta de 6,4%, ao acelerar 0,4 p.p. em relação à leitura anterior. Os destaques vão para a alta de 25,7% nos preços da energia e 8,0% nos preços de alimentos. Já o núcleo acumulou alta de 5,4%, o maior patamar em quase quatro décadas.
O comunicado ressalta que as estimativas de renda e despesas para fevereiro refletem a continuidade do processo de recuperação econômica. Ademais, justifica-se o aumento da renda pessoal no período refletiu o aumento dos salários tanto no setor privado quanto governamental. Este aumento foi parcialmente compensado pela queda nos pagamentos de benefícios sociais governamentais, refletindo o encerramento dos programas de assistência relacionados à pandemia.
O aumento de US$ 34,9 bilhões nos gastos com consumo pessoal em valores correntes refletiu o crescimento de US$ 93,8 bilhões nos gastos com serviços ter sido parcialmente compensado pelo recuo de US$ 58,9 bilhões dos gastos com bens. No que diz respeito aos gastos com serviços, o destaque vai para o aumento dos gastos com serviços de alimentação e acomodação. Para bens, o destaque negativo foi recuo nos gastos com veículos e partes.
Vale destacar que a desaceleração dos gastos com consumo em fevereiro se deu em meio ao arrefecimento da pandemia, refletindo um aumento das despesas com serviços, sobretudo em bares e restaurantes e com atividades relacionadas ao turismo. Em contrapartida, o elevado nível inflacionário, que alcançou o maior patamar em quase quatro décadas, é um importante fator de corrosão do poder de compra, influenciando negativamente a decisão de consumo dos americanos. Reflexo disso pode ser observado na contração dos gastos com consumo pessoal de 0,4% em termos reais. As pesquisas apontam que os consumidores se mostram otimistas em relação ao mercado de trabalho e a pandemia. Porém, a inflação em patamar recorde e os potenciais impactos que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, sobretudo nos preços de alimentos e energia, impõem um viés negativo para a confiança do consumidor. Ademais, a resiliência da demanda americana, beneficiada pelo movimento de alta dos salários e da melhora da saúde financeira das famílias, faz com que as empresas repassem os aumentos dos custos aos consumidores, deteriorando ainda mais o cenário inflacionário.
As despesas pessoais avançaram US$ 37,3 bilhões em fevereiro. A poupança pessoal avançou em relação ao mês de janeiro (US$ 1,1 trilhão) ao alcançar o patamar de 1,5 trilhão, de modo que, a taxa de poupança pessoal como proporção da renda disponível saiu de 6,1% para 6,3% no mesmo período.