Nos últimos meses, temos observado um aumento na dominância do Bitcoin em relação ao valor de mercado total das criptomoedas. Esse fenômeno é comum durante os ciclos de baixa no mercado cripto. Acreditamos que essa tendência seja resultado do fato de que, hoje, o Bitcoin é considerado o ativo mais maduro e seguro entre em toda a indústria cripto, tornando-o “porto seguro” em meio a queda generalizada do mercado. Mesmo quando o mercado começa a se recuperar, o maior conservadorismo dos investidores canaliza o fluxo de investimentos primariamente para o Bitcoin.
No entanto, quando comparamos o Bitcoin com blockchains programáveis, como o Ethereum, percebemos que o Bitcoin possui casos de uso mais limitados. Esperamos que, no longo prazo, o Bitcoin passe a perder participação em valor de mercado em relação a outras criptomoedas, principalmente aquelas com maior programabilidade.
Uma estratégia de trade tático, porém arriscado, seria pressupor que a dominância do Bitcoin continuará a subir e aproveitar essa tendência comprando contratos futuros de Bitcoin e vendendo contratos futuros de Ether. Se tivéssemos adotado essa estratégia em setembro de 2022, estaríamos acumulando um ganho de aproximadamente 35%. É importante ressaltar que essa estratégia está atrasada, e já capturou grande parte do potencial de retorno, mas ainda pode inferir em ganhos. Historicamente, durante os ciclos de baixa, é comum o Bitcoin alcançar uma dominância superior a 65%, e hoje se encontra na faixa dos 50%.
Embora apreciemos a posição tática mencionada, para o longo prazo preferiríamos estar posicionados de forma oposta. Ou seja, aproveitaríamos o aumento de dominância nos próximos meses para montar o trade inverso, que consistiria na compra de contratos futuro de Ether e venda de contratos de Bitcoin. Afinal, acreditamos que, estruturalmente, as altcoins ganharão cada vez mais espaço, com destaque especial para o Ethereum.
No final deste ano, o Ethereum passará pela atualização EIP-4844, que promete ampliar significativamente a escalabilidade e usabilidade da plataforma por meio de soluções de segunda camada. Essa atualização fortalece nossa expectativa de que o Ethereum ganhe mais participação de mercado. É importante mencionar que alguns acreditam que soluções programáveis também podem ser desenvolvidas no Bitcoin, mas consideramos essa possibilidade pouco provável no curto prazo, devido à assimetria no número de desenvolvedores dedicados a cada plataforma.
Aqui na nossa equipe, continuaremos a acompanhar de perto essas tendências e fornecer insights valiosos sobre o mercado cripto. Lembre-se de que qualquer estratégia de investimento envolve riscos, e é sempre importante realizar sua própria pesquisa e buscar aconselhamento profissional antes de tomar decisões financeiras.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
Após ter inaugurado a sequência de solicitações por ETFs spot de Bitcoin, Larry Fink, CEO da BlackRock, deu uma declaração de apoio ao Bitcoin. A declaração de Larry pode ser vista como mais um catalisador para a crescente aceitação das criptomoedas entre os institucionais. Fink, anteriormente conhecido como cético em relação às criptomoedas, afirmou que o objetivo da BlackRock é simplificar e reduzir os custos associados à negociação e investimento em Bitcoin. O reconhecimento de que o Bitcoin pode ser um veículo financeiro revolucionário sinaliza uma mudança significativa na narrativa de gestores e executivos do mercado tradicional. Essa mudança valida ainda mais a entrada do Bitcoin como um ativo convencional no mercado financeiro tradicional.
Análise de Mercado
A incerteza macroeconômica continua a impactar o mercado cripto. Na última semana, foram divulgados os dados de emprego dos EUA, que deixaram o mercado ainda mais indeciso. Um resultado fraco de Empregos Não-Agrícolas (NFP) indicou uma possível desaceleração do mercado de trabalho, contrariando o baixo número, ante o esperado, de pedidos de auxílio-desemprego. Para trazer maior clareza às próximas movimentações do Fed, o mercado aguarda amanhã a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA, com a expectativa de que a inflação geral caia.
Além do CPI, também podemos aguardar o pronunciamento de diversos membros do Fed e do FOMC, ao longo da semana. Diante desse cenário, os mercados de criptoativos podem permanecer voláteis. A decisão sobre os ETFs e qualquer resultado inesperado do CPI podem ser fatores decisivos para o rompimento da atual faixa de preço na qual o BTC é negociado. Caso o mercado de trabalho se mantenha aquecido e inflação siga elevada, é provável que o FED mantenha o ciclo de aperto monetário até o final do ano, prejudicando ativos de risco, como o caso de cripto.
Análise Técnica
O Bitcoin manteve sua negociação dentro da faixa entre US$ 30k e US$ 31k no início do terceiro trimestre de 2023. Uma recente tentativa de romper essa faixa foi de encontro a um forte volume vendedor, com o mercado hesitante enquanto aguarda a decisão sobre o primeiro ETF de Bitcoin à vista, prevista para agosto. Embora os mercados preditivos, como o de apostas, indiquem uma probabilidade de menos de 13% de aprovação do ETF da BlackRock até 31 de agosto, a cotação do Bitcoin segue resiliente, com investidores continuando a sustentar o suporte de US$ 30k até esta segunda-feira.
No gráfico diário, o preço do Bitcoin testou repetidamente o nível de US$ 30k, que tem fornecido suporte até o momento. No entanto, uma divergência de baixa no indicador RSI levanta preocupações sobre uma possível correção ou reversão no curto prazo. As médias móveis de 50 e 200 dias, em torno de US$ 28k e US$ 26k, respectivamente, podem atuar como os principais níveis de suporte em uma eventual correção.
ECI (Expresso Cripto Index)
Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 22,3% e 39,9% de performance acumulada, respectivamente. O apetite institucional por criptoativos permanece com foco no bitcoin, por ser o único que possui clareza quanto a sua classificação como commodity. Com o atual cenário, o ECI deverá se manter com uma pior performance que o NCI, visto que possui uma maior alocação em ativos que ainda podem sofrer pressão regulatória.
Dentre os ativos que compõem o ECI, a maior variação ficou por conta da Lido, que perdeu 1,03pp de participação no índice. Todos os outros ativos tiveram uma variação semanal negligenciável.
A atual composição do índice pode ser observada na tabela abaixo. Vale ressaltar que esse é um índice passivo, composto pelos 10 protocolos que mais geraram taxas de rede nos últimos 30 dias, com rebalanceamento na primeira terça-feira de cada mês.