Custo de oportunidade é o conceito que representa o que se deixa de ganhar ao investir em algo. No caso do investimento em bitcoin, o custo de oportunidade é especialmente alto, pois o bitcoin é um ativo que não paga juros. Também podemos afirmar que o bitcoin possui um alto custo de carrego, ou seja, mantê-lo em carteira tem um elevado custo de oportunidade. No entanto, existem alternativas para buscar reduzir o custo de oportunidade de ter bitcoin, como o uso de opções.
As opções permitem comprar ou vender um ativo a um determinado preço em uma determinada data. Uma estratégia com opções que pode gerar retorno é a venda de uma put e de uma call com strikes diferentes e mesmo vencimento, conhecida como short strangle. Nessa operação o investidor recebe um prêmio. Por exemplo, se o investidor acredita que o bitcoin ficará entre US$ 35k e US$ 20k até 25 de agosto, ele pode vender uma call a US$ 35k e uma put a US$ 20k, embolsando um prêmio de aproximadamente 4,5%. O risco do investidor é se no vencimento, o preço ficar fora dos strikes, gerando uma perda.
Outra alternativa é emprestar os bitcoins na plataforma AAVE, através de uma bridge. Nesse caso, o principal risco é o contrato da bridge, que poderia ser hackeado. Atualmente, essa estrutura oferece uma remuneração de 0,55% ao ano. Uma terceira opção é prover liquidez em uma exchange descentralizada, como a Uniswap, por exemplo, simulando uma pool de BTC e ETH. Essa estratégia pode render cerca de 0,72% ao ano, também expondo o investidor ao risco de uma bridge.
Oferecendo liquidez em uma pool, o investidor está cobrando uma taxa de pessoas que usam sua liquidez para negociar BTC ou ETH. No caso da AAVE, você está emprestando os seus recursos em troca de juros e uma garantia. Caso o valor da garantia do tomador, por variação dos preços de mercado, passe a ser menor do que ele tomou emprestado mais os juros, sua posição é liquidada, reduzindo a quase nenhuma a chance de inadimplência.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
A candidatura da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, para um ETF de Bitcoin no inicia da semana passada abriu as portas para uma sequência de aplicações para ETFs à vista provenientes de outras grandes gestoras. A sequência de solicitação de ETFs reforçou o sentimento positivo do mercado. Apesar de inúmeros pedidos de ETFs de bitcoin à vista, a SEC aprovou primeiramente um ETF alavancado de futuros de bitcoin, o primeiro alavancado do setor. O fundo estreia hoje. O apetite institucional foi reafirmado também com o registro do maior fluxo semanal de entrada de capital no ETF de futuros de Bitcoin da ProShares em um ano. Além disso, o lançamento da nova exchange “EDX” comandada pela Citadel, Schwab e Fidelity trouxe ainda mais otimismo para o mercado.
Fora do âmbito institucional, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que criptomoedas vieram para ficar, reconhecendo as stablecoins como formas de pagamento, impulsionando o BTC para novas máximas anuais acima de US$ 31k. O Ethereum (ETH) também teve uma valorização de 10%. Esses eventos recentes indicam uma possível mudança na dinâmica do mercado, com maior envolvimento institucional e sentimentos positivos impulsionando a ação dos ativos independentemente do mercado em geral.
Análise de Mercado
Durante o testemunho no qual mencionou criptoativos, Powell reafirmou a postura hawkish em relação à inflação dos EUA, indicando que mais aumentos de juros podem ser necessários este ano. Ele enfatizou que as pressões inflacionárias continuam altas e que o processo de redução da inflação ainda tem um longo caminho a percorrer. Devemos acompanhar a divulgação dos próximos dados macroeconômicos para obter mais insights sobre as decisões do Fed durante sua próxima reunião, que ocorrerá em julho.
Esta semana é especialmente importante, pois marca o encerramento não apenas do mês, mas também do trimestre e do semestre. Na terça-feira, teremos os números do CPI (Índice de Preços ao Consumidor) da Austrália e do Canadá, juntamente com a confiança do consumidor nos Estados Unidos. Na quarta-feira, os presidentes do Banco da Inglaterra (BoE), Banco do Japão (BoJ) e Federal Reserve (FED) falarão na Conferência do Banco Central Europeu (ECB). Na quinta-feira, teremos o relatório do PIB do último trimestre nos Estados Unidos. E, para encerrar a semana, na sexta-feira, teremos o Índice de Preços ao Consumidor Pessoal (PCE) dos Estados Unidos, dado relevante para tomada de decisões do Fed. Esses eventos e indicadores econômicos podem ter um impacto significativo na volatilidade do mercado cripto.
Análise Técnica
Após um longo período de consolidação, o Bitcoin conseguiu romper o nível crítico de resistência de US$ 30k, após romper o canal de baixa estabelecido desde abril. No entanto, é importante ressaltar as condições não muito favoráveis de mercado, o que requer cautela no curto prazo, já que o indicador RSI sinaliza uma condição de sobrecompra e uma possível correção. Não acreditamos em outro movimento explosivo além dos US$ 31k devido à baixa liquidez do mercado.
O movimento de correção pode ter iniciado ainda durante o final de semana. Caso a correção seja confirmada, as médias móveis de 50 e 200 dias podem atuar como suportes em torno de US$ 27,5k e US$ 25k, respectivamente.
ECI (Expresso Cripto Index)
Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 19,2% e 37,7% de performance acumulada, respectivamente. O apetite institucional por criptoativos permanece com foco no bitcoin, por ser o único que possui clareza quanto a sua classificação como commodity. Com o atual cenário, o ECI deverá se manter com uma pior performance que o NCI, visto que possui uma maior alocação em ativos que ainda podem sofrer pressão regulatória.
Dentre os ativos que compõem o ECI, a maior variação ficou por conta do bitcoin, que ganhou 2,26pp. A pior performance foi da Lido Finance, que perdeu 1,2pp de participação.
A atual composição do índice pode ser observada na tabela abaixo. Vale ressaltar que esse é um índice passivo, composto pelos 10 protocolos que mais geraram taxas de rede nos últimos 30 dias, com rebalanceamento na primeira terça-feira de cada mês.