Em 7 de outubro, o mundo testemunhou um grave ato de violência, quando o grupo Hamas invadiu Israel, resultando na perda de centenas de vidas e no sequestro de centenas civis. O primeiro-ministro de Israel declarou que “Israel está em guerra”. A possibilidade de um agravamento do conflito, especialmente caso o Irã ou a Síria se envolvam, é uma ameaça que não pode ser descartada. Esse cenário poderia comprometer o fornecimento global de petróleo, traçando paralelos com a turbulenta década de 1970.
Tensões geopolíticas, exemplificadas por eventos como ataques de grupos como o Hamas e o potencial conflito envolvendo o Irã, introduzem incerteza significativa nos mercados financeiros. Durante períodos de aumento da incerteza geopolítica, o ouro muitas vezes surge como o ativo de refúgio preferido. Historicamente, os investidores recorrem ao ouro devido ao seu histórico como reserva de valor.
Embora as altas taxas de juros ao redor do mundo possam exercer uma pressão vendedora sobre os preços do ouro, um aumento da inflação pode contrabalancear este efeito. O ouro é, tradicionalmente, considerado uma proteção eficaz contra a inflação. Seu apelo duradouro reside em sua capacidade de manter o poder de compra quando moedas fiduciárias se desvalorizam. Nesse contexto, investidores preocupados com a redução dos retornos de seus investimentos devido à inflação crescente podem alocar mais recursos ao ouro como medida protetora.
Nos últimos anos, o Bitcoin ganhou reconhecimento como uma contraparte digital ao ouro – um “ouro digital”. Semelhante ao ouro, o BTC possui um suprimento finito, mas opera de maneira descentralizada. A característica da descentralização é a peça-chave para que a criptomoeda possa ser considerada uma reserva de valor. Esses recursos tornam o BTC atraente para investidores em busca de refúgio durante períodos de inflação ou incerteza econômica.
Em um ambiente em que tanto o ouro quanto a criptomoeda atuam como reservas de valor, ambos podem experimentar algum nível de benefício das pressões inflacionárias e da agitação geopolítica. No entanto, é importante notar que o BTC, sendo um ativo relativamente novo com uma história mais curta em comparação com o ouro, tende a exibir maior volatilidade. Essa volatilidade pode resultar em flutuações de preços mais pronunciadas em resposta a eventos significativos de notícias. Além disso, o preço do BTC pode ser influenciado por fatores fora do âmbito dos mercados tradicionais, como a agenda de aprovação regulatória.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
Diferentemente do cenário geopolítico e macroeconômico, desde o lançamento dos ETFs de futuros de Ethereum, o mercado de criptoativos está com pouquíssimas movimentações relevantes. Podemos ressaltar o início do julgamento de Sam Bankman-Fried, ex-CEO e fundador da FTX, na semana passada. Apesar de um início lento, o julgamento promete dar uma guinada hoje, quando os promotores convocarem Caroline Ellison – ex-CEO da Alameda Research e ex-namorada de Sam – como sua testemunha principal. Embora a cooperação de Ellison com os promotores seja conhecida há muito tempo, os detalhes de seu depoimento contra seu ex-parceiro podem fornecer uma visão mais profunda sobre o funcionamento interno da FTX e da Alameda.
Outra movimentação que vale ser comentada é a de que Jaynti Kanani, co-fundador da Polygon, anunciou que se retirou do projeto e prestará apenas consultorias pontuais ao time. Apesar de não trazer nenhuma preocupação instantânea, algumas bandeiras amarelas começam a surgir, pois o time da Polygon perdeu outros dois grandes nomes no decorrer de 2023. Em março, Anurag Arjun, outro cofundador, se retirou para tocar paralelamente o projeto anteriormente conhecido como Polygon Avail. Em julho, Ryan Wyatt, até então CEO da Polygon Labs, também deixou o time. Apesar de estarmos construtivos com a tese de polygon, aproveitamos para ressaltar que essas grandes movimentações nos fazem ficar alertas para identificar se, de fato, as movimentações foram estratégicas, ou escondem alguns problemas por trás da empresa.
Análise de Mercado
Antes mesmo do aumento das preocupações geopolíticas, surgiram preocupações em relação à economia dos EUA à medida em que os dados do mercado de trabalho, divulgados em 3 de outubro, revelaram um aumento significativo nas vagas de emprego em agosto. Isso elevou as expectativas de novas medidas contracionistas por parte do Federal Reserve. Os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole em agosto, sobre uma possível resposta da política monetária às condições do mercado de trabalho, agravaram essas preocupações. Em resposta aos inesperados dados de emprego dos EUA, que mostraram um aumento substancial de 336 mil empregos em setembro, as expectativas do mercado mudaram para uma previsão de aumento de 25 pontos-base nas taxas de juros em novembro.
A movimentação do mercado de criptoativos frente aos recentes acontecimentos indicam um aumento na correlação do BTC com ativos do setor financeiro tradicional, como ações de tecnologia, ressaltando a influência predominante de fatores macroeconômicos sobre o BTC no curto prazo. A queda de preço em 3 de outubro decorreu de preocupações econômicas iminentes sobre uma recessão e das respostas à política monetária do Federal Reserve. Embora acreditemos em um cenário de crescimento da tese do BTC como reserva de valor, os eventos recentes lembraram que as mudanças nas expectativas macroeconômicas ainda permanecerão como uma força motriz por trás da direção geral do mercado e do sentimento a curto prazo.
Ao longo da semana, teremos a divulgação de diversos dados macroeconômicos que podem trazer maior clareza quanto ao comportamento futuro do BTC. Ressaltamos, principalmente, a divulgação da minuta da última reunião do Fed, na quarta-feira e dados de inflação de setembro e pedidos de desemprego, na quinta-feira.
Análise Técnica
O BTC passou por uma fase de consolidação na região de US$25k antes de ganhar momentum e entrar em uma tendência de alta. Esse movimento otimista impulsionou o preço em direção a resistência de US$ 28k, ultrapassando a região de US$ 27k, onde as médias móveis de 100 dias e 200 dias convergem.
A grande importância da área de resistência corroborou com a falha no rompimento dos US$ 28k, o que pode resultar em uma acentuada tendência de baixa, impulsionada ainda mais pelas incertezas macroeconômicas ressaltadas ao longo da newsletter. Acreditamos em uma correção de curto prazo, com alvos em US$ 27k, US$ 26k e US$ 25,1k. Acreditamos em uma reversão de tendência apenas caso a narrativa do BTC como reserva de valor volte a ganhar força. Nesse caso, o alvo imediato seria o reteste da região de US$ 28k.
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