O valor de uma blockchain ou aplicação pode ser observado através da capitalização de mercado de seu token, ou seja, o preço unitário multiplicado pelo total de tokens. No caso das blockchains, uma grande utilização tende a gerar maior demanda pelos tokens nativos para uso como moeda ou pagamento de taxas, justificando uma capitalização mais alta. No caso de aplicações, a expectativa de distribuição de lucros para os detentores de tokens justifica a sua precificação.
Atualmente, a maioria dos tokens de aplicações são somente para governança, ou seja, para ter direito de escolha sobre as atualizações daquele determinado projeto. O formato se assemelha ao que o mercado tradicional conhece por ação ordinária, que dá o direito ao acionista de opinar em decisões importantes da companhia. Contudo, assim como as ações ordinárias, acreditamos que as aplicações devem passar a distribuir seus lucros, o que facilitaria a precificação do seu real valor.
O grande desafio da precificação de aplicações, diferentemente de empresas tradicionais, é o seu grau de maturidade. A maioria delas têm políticas de incentivo que reduzem suas receitas através de uma precificação abaixo do mercado, e diminuem seus custos via distribuição de tokens. Desta forma, para calcular o valor justo de uma aplicação, seria necessário pressupor a precificação e custos na maturidade do projeto, e ainda, quando os retornos passariam a ser distribuídos.
As características atuais das aplicações fazem com que esse investimento se assemelhe muito mais a investimentos de venture capital. Os investimentos de venture capital geralmente possuem uma relação de risco e retorno elevada e têm a sua precificação pouco atrelada às variáveis financeiras. Portanto, para a precificação de aplicações, atualmente são utilizados muito mais indicadores operacionais, como o número de usuários. Na medida em que aplicações forem se consolidando, esperamos que os indicadores financeiros se tornem mais relevantes, assim como em mercados tradicionais.
O Que Mais Aconteceu na Semana
Comentamos na edição anterior que o Digital Currency Group (DCG), maior grupo de investimento institucional em cripto, poderia estar com problemas financeiros. Duas subsidiárias do grupo foram afetadas. Inicialmente a Genesis, empresa de empréstimos de criptoativos, interrompeu as atividades de saque de sua plataforma, indicando a possibilidade de insolvência. Após contestarem as especulações, a Genesis veio a público afirmando que precisa levantar cerca de US$ 1b, caso contrário, precisará declarar falência.
A preocupação se estendeu para a Grayscale, outra subsidiária do DCG, responsável pelo maior fundo institucional de bitcoin. Entretanto, as reservas de Bitcoin da Grayscale aparentemente estão asseguradas. O responsável pela DCG afirmou que já salvou a Genesis com um aporte de US$ 300m durante o crash de Terra Luna, e não estaria disposto a realizar um novo aporte.
Outra plataforma de empréstimos que está diretamente ligada à FTX é a BlockFi. A BlockFi recebeu uma linha de crédito da FTX para tentar salvar a empresa durante o caso Terra Luna. Apesar da linha de crédito ter feito com que a BlockFi sobrevivesse mais alguns meses, a quebra da FTX voltou a impactar a empresa, dado que passou a ter a custódia de seus ativos na exchange. A BlockFi assinou um pedido de falência na tarde de 28/nov.
O caso FTX permanece gerando incertezas quanto à novos afetados pelo efeito dominó de desalavancagem de mercado. Apesar disso, o que está causando estranhamento aos investidores é o fato de que Sam Bankman-Fried, CEO e fundador da FTX, permanece nas Bahamas. Vale ressaltar que o nome de Sam permanece na lista de palestrantes do DealBook Summit, um grande evento do jornal New York Times, que acontecerá essa semana em Nova York. O evento contará com grandes nomes da atualidade, como Mark Zuckerberg e Volodymyr Zelensky, atual presidente da Ucrânia.
Análise de Mercado
Conforme a crise sistêmica ocasionada pelo caso FTX esfria, a correlação do mercado cripto com o mercado tradicional volta a crescer. O cenário macroeconômico voltou a afetar os mercados de ativos de risco. O principal motivo desta semana foi o agravamento dos protestos na China contra a política de Covid 0. A onda de protestos pode resultar em uma desaceleração da economia chinesa, fato que passou a ser precificado negativamente pelo mercado.
Além disso, esta semana ficará marcada por muitos anúncios de dados econômicos americanos. A agenda econômica prevê um pronunciamento de Jerome Powell em 30/nov, divulgação de dados de PCE e PMI em 01/dez e dados de payroll e desemprego em 02/dez.
O pronunciamento de Powell, seguido dos dados econômicos, antecede a última reunião do FOMC de 2022. Nesta reunião é praticamente certo que a taxa de juros americana será aumentada em mais 50 pontos base. A grande importância estará no tom dado às falas de Powell, que podem indicar a continuidade e ritmo da elevação de juros no início 2023.
Análise Técnica
A semana ficou marcada pela baixa volatilidade do Bitcoin, que ainda se mantém em região de congestão. A resistência imediata do BTC está em U$17.550, e o suporte imediato em U$15.500. Após testar o suporte, o BTC fez um repique de 7,7%, iniciando o atual movimento de correção.
Conforme comentado na última edição, não enxergamos uma escalada do BTC no curto prazo, tanto pela falta momentânea de credibilidade, quanto pela ausência de volume comprador. Caso o BTC não faça nenhum movimento negativo em função da pressão compradora no suporte imediato, podemos ter a formação de uma nova região de lateralização, explicitada no gráfico acima.
No curto prazo, enxergamos um movimento baixista, que pode ser iniciado por um pivot de baixa com o rompimento do suporte imediato em U$15.500, com alvo no próximo suporte em U$14.360, seguido pelo alvo em 78,6% de Fibonacci, na região dos U$13.900. O objetivo final é o suporte em U$13.000.
ECI (Expresso Cripto Index)
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