Uma bolha financeira é um fenômeno que ocorre nos mercados quando o preço de um ativo se descola significativamente do seu valor intrínseco, impulsionado por uma euforia exagerada e expectativas irreais de valorização futura. Geralmente, a formação de uma bolha envolve uma tese convincente que atrai investidores, levando-os a comprar ativos relacionados àquela ideia, independentemente de seu valor real.
Um exemplo histórico de bolha financeira é a chamada bolha das “ponto com” no início dos anos 2000. A tese subjacente nesse período era que a internet estava revolucionando a forma como os negócios eram conduzidos, e as empresas “ponto com” (empresas baseadas na internet) teriam um potencial de crescimento exponencial. Essa ideia gerou uma euforia generalizada nos mercados, levando muitos investidores a comprar ações dessas empresas a preços extremamente elevados, muito além do seu valor intrínseco.
É importante destacar que, com o passar do tempo, algumas das empresas “ponto com” se mostraram capazes de justificar os altos valores de suas ações. Embora muitas empresas desse período tenham enfrentado dificuldades e até mesmo falências, algumas se tornaram líderes de mercado e alcançaram resultados expressivos. A tese das empresas “ponto com” se provou corretas apenas anos depois, quando a internet se consolidou como uma parte essencial da economia e os modelos de negócios online se tornaram viáveis.
Relacionando essa situação com a inteligência artificial (AI), que é um dos pilares da chamada Web3 junto à blockchain, reconhecemos que a tese de AI também é sólida e tem o potencial de trazer benefícios significativos para a produtividade, possibilitar a criação de novos modelos de negócio e acelerar o desenvolvimento tecnológico. Contudo, é crucial entender que estar certo no tempo errado pode ser tão prejudicial quanto estar errado e que a euforia em torno da AI pode levar a uma supervalorização de projetos e ativos relacionados, resultando em preços que estão desconectados de seu valor intrínseco.
Nesse contexto, vale mencionar Howard Marks, um renomado investidor e autor conhecido por suas análises contrárias ao consenso. Marks acredita nos ciclos de mercado e alerta para o perigo de se deixar levar pela euforia e superestimar as expectativas. Segundo ele, quando há uma grande euforia em torno de um determinado assunto, é mais provável que estejamos próximos do topo do ciclo do que do fundo.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) apresentou um processo contra a Binance e seu CEO, Changpeng Zhao, por supostas violações das leis de valores mobiliários. A SEC alega que a Binance ofereceu produtos proibidos a residentes dos EUA e burlou os controles de autoridades. Além disso, acusa a empresa de enganar investidores, manipular o mercado e misturar fundos de clientes com ativos da exchange. Entre as acusações, a SEC também listou 12 tokens como valores mobiliários. Os tokens incluem BNB, BUSD, Solana, Cardano, Polygon, Filecoin, Cosmos Hub, The Sandbox, Decentraland, Algorand, Axie Infinity e Coti. A SEC alega que esses tokens foram oferecidos e vendidos como contratos de investimento e, portanto, como valores mobiliários. É importante ressaltar que o ether (ETH) não foi nomeado como um valor mobiliário no processo.
A ação da SEC segue um processo semelhante aberto pela Commodity Futures Trading Commission contra a Binance em março. Esses eventos destacam o aumento da regulamentação no setor de criptomoedas e o escrutínio sobre as operações das exchanges. Essas acusações levaram a uma queda no valor do Bitcoin e de outros criptoativos. A Binance nega as acusações e aguarda notificação oficial da SEC.
Análise de Mercado
A leitura do impacto macroeconômico em criptoativos foi ofuscada pela notificação judicial da SEC contra a Binance, que fez os preços dos ativos despencarem. Apesar disso, na semana anterior, o Bitcoin já havia encerrado a semana acumulando leve queda, em meio a discussões e preocupações relacionadas ao teto da dívida dos Estados Unidos e a persistência da inflação. Na sexta feira foram apresentados os dados de emprego dos EUA, indicando um mercado de trabalho ainda aquecido. Os fortes dados de emprego mantêm a preocupação com o ritmo de velocidade da queda da inflação no país, aquém do esperado. Uma inflação persistente por mais tempo pode alongar o ciclo de aperto monetário, prejudicando as criptomoedas e ações de tecnologia.
Análise Técnica
A notícia do processo da SEC contra a Binance trouxe medo e apreensão ao mercado, fazendo com que o suporte da zona de congestão em US$ 26,5k fosse perdido. A mínima diária alcançada ontem atingiu os US$ 25,4k. Caso a tendência de queda seja confirmada, podemos aguardar o resteste do suporte de US$ 25k em breve.
No caso de perda do suporte em US$ 25k, a lateralização dentro da zona entre US$ 25k e US$ 22,8k deve ser mantida. Essa região ganhou ainda mais força devido à média móvel de 200 períodos, servindo como suporte atualmente na região de US$ 23,3k.
ECI (Expresso Cripto Index)
O Expresso Cripto Índice é um índice passivo que tem como objetivo seguir os 10 criptoativos que mais geraram taxa nos últimos 30 dias. O rebalanceamento do índice é feito na primeira semana de cada mês, seguindo os critérios mencionados. O ECI acumulou 14,1% de valorização, contra 22,9% do NCI, seu benchmark. Ressaltamos que a diferença aberta entre os índices a partir de mar/23 se deu justamente pelo fortalecimento da narrativa do Bitcoin como moeda anti-sitema financeiro tradicional, após o temor de uma crise bancária sistêmica nos EUA. Com o arrefecer do temor bancário, a disparidade está reduzindo.
Neste rebalanceamento de junho, a principal alteração na composição do ECI ficou por conta da saída do token GMX e do protocolo Convex, e o retorno do token CAKE, do protocolo PancakeSwap. A Ethereum gerou mais de 374 milhões de dólares em taxas nos últimos 30 dias, garantindo mais 5,3p.p de participação de Ether no índice, enquanto o Bitcoin foi o grande destaque, aumentando sua participação em mais de 3 vezes, aumentando sua participação em 11,58 p.p, quando comparado à semana anterior.