A newsletter dessa semana foi feita em colaboração com a Mercurius Crypto. A Ethereum está programando mais uma grande atualização para o final de 2023. Visando esclarecer a tese de investimentos no ativo, trouxemos os principais pontos a serem observados antes e depois do upgrade.
Apesar da dinâmica competitiva do mercado de plataformas de contratos inteligentes ter se intensificado a partir de 2021, é nítida a resiliência que a Ethereum mostrou nesses últimos anos. A rede continua se posicionando como um dos ecossistemas mais seguros, assim como o ecossistema que possui a maior quantidade de capital circulante, base de desenvolvedores, investimentos, aplicações e usuários. Ainda assim, como toda tecnologia, a Ethereum precisa evoluir, principalmente se formos destacar seus problemas de escalabilidade, relacionado muitas vezes com lentidão e altos custos que os usuários enfrentam ao interagir com a rede.
Nesse sentido, observamos a ascensão do setor de Rollups/Layer 2 como uma alternativa para desobstruir a rede. Essa nova dinâmica também foi responsável por modificar o planejamento inicial da rede, dando foco para os Rollups nas futuras atualizações da Ethereum. Dito isso, e relembrando que em set/22 vimos a rede passar por sua maior atualização, alterando seu algoritmo de consenso de Proof of Work para Proof of Stake, seguido por uma atualização em abr/23 com a liberação dos saques, agora temos espaço para focar nas atualizações que atacam diretamente os problemas de escalabilidade.
Para dar o “pontapé inicial” nessas questões, a próxima grande atualização da rede, prevista para acontecer entre o terceiro e quarto trimestre de 2023, se chama Dencun Fork e planeja implementar a primeira peça na corrida de escalabilidade: a EIP-4844. De maneira simplificada, essa atualização tem como objetivo incluir um espaço especial dentro do bloco da Ethereum. Esse espaço será destinado aos Rollups, de maneira que eles tenham “mais espaço”, ao mesmo passo que “pagam menos” para armazenar informações. Como resultado, projeta-se que os usuários que utilizam os Rollups irão se beneficiar principalmente de menores taxas.
Essa atualização também é a responsável por pavimentar o novo modelo de Sharding da Ethereum, conhecido como Danksharding. O Danksharding promete elevar o patamar da rede como blockchain de armazenamento e assentamento de informações. Caso essa atualização não seja bem-sucedida e os Rollups não alcancem o nível de escalabilidade desejado, podem ser indícios de que os débitos técnicos da Ethereum são complexos demais para serem resolvidos. Como consequência final, um êxodo do ecossistema para soluções mais modernas pode ocorrer. Por conta disso, é de extrema importância acompanhar esse tipo de atualização para estarmos constantemente avaliando se ETH é, ou não, um bom investimento.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
No último mês, os NFTs e memecoins no Bitcoin tiveram um volume de negociação mensal recorde. O Bitcoin superou outras blockchains populares, como Polygon, ImmutableX, BNB Chain e Solana nesse período. Embora a Ethereum continue liderando o ranking em volume de negociação, o Bitcoin disparou para a segunda colocação. A atividade do Bitcoin foi impulsionada principalmente pelas transações de tokens BRC-20, um padrão experimental de tokens fungíveis construído na rede. Em maio, as memecoins baseadas em tokens BRC-20 atingiram uma capitalização de mercado de mais de US$ 1bi. É importante ressaltar que esses tokens não possuem uma utilidade específica e foram emitidos principalmente para fins experimentais. No entanto, observamos um crescente interesse nos NFTs baseados no Bitcoin, com a plataforma Magic Eden ganhando destaque e competindo com a UniSat, que é principalmente voltada para tokens BRC-20. Apesar disso, as coleções de NFTs do Bitcoin ainda estão atrás das da Ethereum em termos de sucesso e adoção.
Devemos destacar também o anúncio de que Hong Kong permitirá a negociação de ativos digitais para investidores varejo a partir de junho. A decisão do regulador de valores mobiliários de Hong Kong faz parte dos esforços do país para se tornar um centro global de criptomoedas, diferenciando-se da postura restritiva da China e dos EUA. Embora o impacto imediato seja incerto, espera-se que a medida atraia mais empresas e investidores para o setor.
Análise de Mercado
Na semana passada, o mercado de criptoativos se manteve lateralizado, tendo como destaque as declarações do FOMC e as incertezas referentes à negociação sobre o teto da dívida dos EUA. Durante a última coletiva de imprensa do FED, o presidente Jerome Powell destacou que as decisões do banco central dependerão dos dados econômicos. Em abril, o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) ficou acima do esperado, indicando uma possível nova onda de inflação nos Estados Unidos. Além disso, os dados econômicos fortes, como o número de pedidos de seguro-desemprego abaixo do esperado, reforçaram essa possibilidade. Como resultado, os investidores estão considerando uma probabilidade superior a 50% de que o FED aumente as taxas em 25 pontos-base em junho.
Por outro lado, o debate sobre o limite da dívida dos EUA está caminhando para uma solução. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, chegaram a um acordo preliminar para aumentar o limite da dívida por dois anos, com algumas restrições de gastos e a recuperação de estímulos não utilizados. No entanto, é curioso que o mercado de criptoativos tenha reagido positivamente à iminente elevação do limite da dívida. Como as criptomoedas são sensíveis às mudanças na liquidez, retirar centenas de bilhões de dólares dos mercados pode prejudicar o setor.
Análise Técnica
Com a colaboração da baixa liquidez do mercado, o preço do Bitcoin esticou durante o fim de semana. Nesse breve rally, alcançamos o primeiro nível de resistência na média móvel de 50 dias, posicionada em torno de US$ 28.000, mas o ativo falhou em seguir até o nível crucial de US$ 30.000. Voltamos a destacar força dessa região de congestão, que é derivada uma formação técnica rara, na qual encontramos suportes e resistências bem próximas aos que formam a região.
O indicador RSI, que mede a força da tendência, subiu para 52 pontos, indicando uma leve acumulação. Apesar da volatilidade de curto prazo poder gerar movimentos como o do fim de semana, permanecemos pessimistas com o cenário que está sendo desenhado para o mercado até o final do ano. Em uma eventual correção prolongada, as principais áreas de suporte nas quais confiar são o nível de US$ 25.000 e a média móvel de 200 dias em torno de US$ 23.000.
ECI (Expresso Cripto Index)
Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 18,5% e 31,2% de performance acumulada, respectivamente. A recente valorização do mercado cripto ajudou colaborou com ambos os índices, entretanto, como afirmado anteriormente, estamos com um viés pessimista para o curto prazo. Dessa forma, acreditamos que os ativos que compõem o ECI, considerados incipientes, podem continuar sofrendo mais.
Dentre os ativos que compõem o ECI, podemos destacar a melhor performance da Ethereum. O Ether teve um ganho de participação de 0,82% na composição do índice, enquanto a Tron perdeu 0,91% de participação.