Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 10 de Abril às 23:18:29

Bitcoin: Voltamos ao Bull Market?

“Blue Pill or Red Pill: inflação vs. recessão”

Em algumas edições anteriores do Expresso Cripto, trouxemos uma tese correlacionando a cotação do bitcoin com a taxa de juros real. A nossa tese é de que, caso o bitcoin seja observado pelos investidores como reserva de valor, ele deveria cair em momentos de elevação da taxa de juros real, pois o custo de oportunidade de alocar o capital em uma reserva de valor aumentaria. Do contrário, em uma situação de taxa de juros real negativa, o investidor perde poder de compra alocando seus recursos à taxa básica de juros de uma economia, o que geraria um fluxo comprador em reservas de valor.

Dada a sinalização de persistência da inflação e resiliência da economia americana nos últimos meses, estávamos com a percepção de que o FED pudesse precisar manter o ciclo de aperto monetário por mais tempo, colocando a taxa de juros real a patamares mais contracionistas do que o mercado esperava. No entanto, os dados fracos da economia americana nas últimas semanas, os recentes indícios de desaceleração da inflação e o ensaio de crise bancária, nos fazem crer que o FED poderá frear aperto de juros e revertê-lo antes do planejado.

A visão pode ser um ponto de inflexão no bear market, revertendo a nossa expectativa de que 2023 será um ano morno na cotação do bitcoin. Por outro lado, a constante alternância de narrativas, as crescentes tensões geopolíticas e a posição ambígua do FED, nos fazem crer que existe o risco de o combate da inflação ser mais difícil do que o mercado espera. Mediante o risco de uma crise bancária nos EUA, o FED se viu forçado a voltar a injetar liquidez na economia para combate da inflação.

Partindo do pressuposto que o bitcoin é uma reserva de valor e que podemos estar no meio de uma reversão do ciclo de aperto monetário, acreditamos que faz sentido estar posicionado no ativo. Afinal, sob a ótica de gestão de recursos não há nada pior do que não ganhar dinheiro quando todo o mercado está ganhando. No entanto, a probabilidade não desprezível de persistência da inflação, torna essencial ter um hedge. Uma operação interessante nesta situação pode ser vender uma call e comprar uma put, utilizando o prêmio da venda da call para financiar a compra da put. Na prática, essa operação possibilita limitar os ganhos e perdas da operação, sem um desembolso de caixa.

O Que Mais Aconteceu na Semana?

Neste fim de semana, os controversos ordinais do Bitcoin atingiram uma marca importante ao ultrapassar 1 milhão de inscrições. As inscrições ordinais permitem aos usuários inscrever em satoshis (a menor unidade do Bitcoin) conteúdos arbitrários, como textos, imagens, vídeos e até mesmo software. As inscrições ordinais se tornaram uma nova fonte de receita para os mineradores da rede, pois os interessados passaram a pagar os mineradores no mercado secundário, ou seja, a taxas mais altas do que as calculadas pela rede, para registrá-las nos blocos.

Apesar da pouca movimentação de preços, o final de semana também ficou marcado por mais um hack em um grande protocolo descentralizado. A exchange descentralizada SushiSwap sofreu um ataque que resultou na perda de mais de US$ 3,3m. A violação ocorreu em um contrato inteligente do protocolo, e drenou cerca de 1800 ETH de um único usuário, identificado como Sifu, que é um trader popular nas redes sociais.

Por último, devemos ressaltar o recente aumento no número de carteiras ativas na Polygon. Com um aumento de 53% em relação ao mês anterior, março consagrou a Polygon como a segunda maior blockchain para o setor de jogos em blockchain. Uma quantidade significativa do aumento da atividade na Polygon foi devido ao jogo Hunters On-Chain, que teve um aumento de mais de 17.000% em carteiras ativas no último mês. Não ficou claro o que impulsionou o aumento do interesse pelo jogo no mês passado, embora a antecipação de uma venda de NFTs possa ter sido um fator contribuinte.

Análise de Mercado

Os dados de emprego dos EUA que foram divulgados na semana passada, passaram a dar sinais de desaceleração na economia do país. A redução no ritmo de criação de novos empregos, somada ao aumento nos pedidos de seguro-desemprego, trouxeram a visão para o mercado de que a política econômica contracionista adotada pelo Fed pode estar surtindo efeito. Agora os investidores aguardam pelos dados oficiais da inflação de março, que serão divulgados na quarta-feira. O consenso de mercado está apostando que o Fed deve promover mais um aumento de 25 bps na taxa básica de juros na próxima reunião.

É importante destacar que a correlação das criptomoedas com o mercado de ações está em seu nível mais baixo em quase dois anos, o que torna mais difícil prever o movimento do mercado. Portanto, é necessário acompanhar de perto as próximas movimentações do mercado e estar preparado para possíveis mudanças repentinas.

Dentro do ambiente micro de cripto, teremos na quarta-feira também a atualização Shanghai, da rede Ethereum, que marcará o fim da transição da rede para a prova de participação. A atualização Shanghai encerrará o período de bloqueio no ETH em stake e suas recompensas correspondentes, permitindo que os stakers de Ether enviem solicitações de retirada para a rede. No entanto, os titulares podem ter que esperar semanas, ou meses, para recuperar seus ativos devido à fila de retirada. Portanto, a pressão de venda no preço pode ser menor do que o antecipado. No final das contas, o sucesso da atualização Shanghai pode dar aos investidores ainda mais motivos para serem mais otimistas a longo prazo com a Ethereum.

Análise Técnica

Bitcoin | Período: 1 dia

O Bitcoin encerrou a segunda-feira rompendo a região de congestão com suporte imediato em US$26,6k e resistência imediata em US$ 29k. Mirando a marca dos US$ 30k, o ativo estava estagnado na região de congestão por mais de 20 dias. A próxima resistência do BTC está nos US$ 32k, que também serviu como resistência de uma antiga região de congestão, entre Mai/22 e Jun/22. Caso o rompimento dos US$ 29k seja confirmado, a expectativa é de que o BTC busque testar a nova resistência.

O Índice de Força Relativa – IFR 14- que mede a força da tendência, está na linha dos 68 pontos, indicando um mercado de acumulação. Para efeito de comparação sobre o processo de acumulação, temos a evolução do indicador que saiu dos 56 pontos da semana passada, para os atuais 68 pontos, mostrando absorção da força compradora.

Para o ativo continuar na tendência de alta no curto prazo, precisa de um volume de compra recorrente. Nossa leitura atual é a de teste da resistência imediata em US$ 32k, formando uma nova região de congestão. Em uma possível degradação do cenário macroeconômico, um cenário de correção até a resistência imediata em US$ 26,6k não está descartado.

ECI (Expresso Cripto Index)

Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 23,5% e 36,6% de performance acumulada, respectivamente. A recente alta do bitcoin, alimentada principalmente pela narrativa de reserva de valor, fez com que sua performance se destacasse frente aos outros criptoativos. Dessa forma, o NCI, que é majoritariamente composto por bitcoin, manteve sua performance superior ao ECI.

O ECI é um índice passivo, que segue como critério principal a alocação em redes e protocolos que mais geraram taxas nos últimos 30 dias. Dessa forma, o ECI acaba majoritariamente composto por ativos mais incipientes, que naturalmente sofrem mais em um ciclo inicial de absorção de liquidez pelo bitcoin. Não houve nenhuma alteração relevante na participação dos ativos que compõem o índice.

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