Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 31 de Janeiro às 12:28:02

Tanto bate até que fura...

“Be water, my friend.”

O valor unitário elevado e baixa padronização de alguns ativos faz com que sejam ilíquidos, ou seja, difíceis de negociar. Um exemplo claro de ativos líquidos são imóveis, principalmente quando se tratam de empreendimentos de grande porte. Outro exemplo são empresas, que geralmente requerem assessoria jurídica e financeira para compras e vendas, um processo lento e especializado. O grande capital inicial requerido para comprar certos ativos ilíquidos motivou a criação de instrumentos para possibilitar a exposição parcial a eles. Com alocações menores, torna-se possível diversificar os investimentos e alocar capital em teses antes inacessíveis.

No mercado tradicional, os instrumentos que possibilitam aumentar a liquidez de ativos geralmente são representados por fundos, como imobiliários e de participações. O primeiro é destinado a investimentos em imóveis e o segundo em empresas. No fundo de investimento imobiliário, ao invés de possuir o imóvel, o investidor detém uma parcela de um veículo de investimento, chamada cota. O fundo, por sua vez, detém o imóvel.

À medida que o mercado cripto ganha contornos mais complexos, alguns ativos e funcionalidades vêm criando situações de iliquidez. As NFTs representam um dos casos, pois por terem valores unitários elevados, principalmente no mercado de alta, criam barreiras à acessibilidade de investidores. Outro caso é o staking, processo no qual o investidor utiliza suas criptos como garantia para fazer validações de transações em blockchains baseadas em prova de participação. Como contrapartida, caso o validador tente fraudar a rede, ele perde o saldo em garantia. Por enquanto, o staking na rede da Ethereum requer um investimento mínimo de 32 Ether. Além disso, o saldo em stake fica travado por prazo indeterminado, o que deverá mudar com a atualização Shangai, prevista para mar/23.

Para contornar a iliquidez das NFTs, foram criadas soluções de fracionamento. Nelas, cada NFT é subdividida em frações menores. Já para o staking, foram criados os derivativos de staking líquidos, conhecidos pela sigla LSD. Os LSDs funcionam como tokens representativos de uma parcela de ativos travados em staking. O detentor dos LSDs recebe parte da remuneração do staking, mas tem um investimento mínimo inferior e não sofre com a iliquidez do saldo travado, possibilitando por exemplo, utilizar os derivativos como garantias para empréstimos. Portanto, assim como observamos em mercados tradicionais, que criaram instrumentos que possibilitam investimentos em ativos ilíquidos, acreditamos que a grande adoção de soluções LSD seja um caminho sem volta.

O Que Mais Aconteceu na Semana?

As CBDCs, moedas digitais de bancos centrais, voltaram às manchetes após a divulgação de uma nova pesquisa sinalizando o crescente interesse por meios de pagamentos eletrônicos. O autor, membro do Banco Central Europeu, utilizando o resultado como justificativa, veio a público defender a implementação da CBDC na zona do euro. O euro digital ofereceria um meio de pagamento acessível e conveniente, e que promoveria a inclusão financeira. Também com relação à agenda de governos, a Coreia do Sul anunciou a implementação de um sistema de rastreamento de criptomoedas em 2023. O objetivo é monitorar o histórico de transações e garantir a segurança financeira.

No cenário web3, surgiram boatos de que a Amazon estaria investindo em uma iniciativa de jogos baseados em blockchain e NFTs, com a intenção de entrar no mercado de ativos digitais. Ainda não está claro se a Amazon irá competir com os projetos atuais, mas acreditamos que um lançamento bem-sucedido pode beneficiar todo mercado web3, promovendo a adoção da tecnologia blockchain, dada a enorme base de usuários da empresa.

Por fim, o maior protocolo de empréstimos descentralizado, AAVE, acaba de lançar a versão 3.0, que foi projetada visando a flexibilidade. A V3 traz novos recursos para reduzir riscos operacionais e melhorar a eficiência do capital. Além disso, a atualização também reduz taxas.

Análise de Mercado

O mercado cripto valorizou significativamente no último mês, com o bitcoin acumulando cerca de 40% de alta no período. Com esse resultado, o bitcoin caminha para a melhor performance para o mês de janeiro desde 2013. Como consequência, o índice de medo e ganância do mercado cripto atingiu 61, o maior valor desde nov/21, passando de “medo extremo” para “ganância. O índice é uma ferramenta de análise técnica utilizada para medir o sentimento do mercado em relação aos criptoativos. Quando o índice está próximo de 0, indica que o mercado está em “medo extremo”, o que sugere que os investidores estão vendendo suas criptomoedas devido à incerteza e ao pessimismo. Quando o índice está próximo de 100, indica “ganância extrema”, o que significa que os investidores estão comprando criptomoedas com entusiasmo e confiança.

Os recentes dados mais fracos da economia americana corroboraram com a narrativa de que o FED poderá parar de subir os juros em breve, beneficiando múltiplos ativos de risco, como criptomoedas. Nesta semana os olhos estarão voltados a reunião do FOMC, agendada para amanhã. Para a próxima reunião, o mercado espera um aumento de 0,25pp. Caso o aumento seja superior, ou o discurso do FED sinalize a continuidade do aperto monetário nas próximas reuniões, os ativos de risco podem voltar a sofrer.

Análise Técnica

Essa semana ficou marcada pela lateralização do bitcoin. No curto prazo, o bitcoin chegou a ser negociado acima da resistência imediata em US$22,8k, mas novamente voltou a fechar com cotação abaixo da região, movimento que se repetiu durante a semana. Mesmo com o bitcoin trabalhando em alguns momentos com cotações acima dessa resistência, não podemos afirmar o rompimento efetivo da região. A nova resistência em US$24k pode ser mais uma região de influência negativa para a evolução da criptomoeda.

Mantemos a nossa leitura da última semana e esperamos uma correção no curto prazo. A região do suporte imediato em US$21,5k pode ser usado como base para a retração e posterior formação de um pivot de alta. Caso o pivot se confirme, esperamos o reteste da resistência em US$22,8k e com alvo na próxima resistência em US$25,2k. Caso o bitcoin perca o suporte imediato em US$21,5k, esperamos um teste no suporte seguinte em US$20,4k.

O Índice de Força Relativa – IFR 14 – que mede a força da tendência, está na linha dos 68 pontos, bem mais baixo que na semana anterior, livrando a região de sobrecompra. O IFR retornando para valores mais saudáveis corrobora para uma leitura técnica de confirmação dos novos patamares de preço alcançado nas últimas semanas.

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