Real World Assets (RWA), em resumo, representam ativos do mundo real, como imóveis, ações, commodities e outros, que são tokenizados e digitalizados, permitindo sua transação em blockchains. A junção da tokenização de ativos com a tecnologia blockchain e contratos inteligentes permitem novas possibilidades de negócios, além da melhora de eficiência e transparência nessas transações.
No entanto, é importante entender que o mercado de RWA não deve ser considerado como um setor único. Existem diferentes formas de tokenização de ativos do mundo real, e essas subdivisões têm implicações significativas em sua viabilidade. Nossa expectativa é que os RWA sejam concentrados principalmente em derivativos, ou seja, contratos representativos de direitos atrelados a um ativo. Afinal, a tokenização exige que o registro da titularidade seja reconhecido pela jurisdição de cada país, o que na prática, torna impossível a tokenização direta de ativos reais em redes públicas descentralizadas.
No caso da tokenização de derivativos de commodities e ativos financeiros, o principal benefício seria a facilitação do acesso a este tipo de produto, seja pela redução dos custos de intermediação, redução da barreira regulatória ou fracionamento. Como consequência, teremos um mercado mais líquido, barato, global e acessível, sem alterar a jurisdição de países. Protocolos de derivativos on-chain podem se beneficiar de derivativos de ativos financeiros tradicionais, como dYdX e SNX. Provavelmente, assim como já vemos em exchanges e plataformas de negociação, os provedores de liquidez do mercado tradicional também devem passar a fornecer liquidez nos mercados on-chain.
Por outro lado, a tokenização em redes públicas de ativos reais, como imóveis, veículos, commodities é inviável. Se as jurisdições locais não reconhecerem a titularidade desses ativos, os registros on-chain não terão nenhum valor. Para sanar esses impasses regulatórios e colher as vantagens das blockchains, principalmente na liquidação e gerenciamento de risco, esperamos que ativos reais sejam tokenizados exclusivamente em redes privadas. Redes públicas ficarão restritas a derivativos, cujos preços manterão a paridade via arbitradores.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
Na última edição da newsletter, comentamos sobre a possibilidade de acordo da Binance com o Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA. A oferta foi aceita por CZ, fundador e ex-CEO da exchange. Após a notícia, a Binance registrou um aumento significativo nas retiradas de fundos da plataforma, que atingiram a marca de US$ 1b apenas na quarta-feira. Entretanto, o montante de retiradas é muito pouco quando comparado às reservas da exchange, atualmente superiores à US$ 60b, de acordo com a Nansen, plataforma de consolidação de dados on-chain.
A Binance está agora enfrentando uma multa de US$ 4.3b, que é uma das maiores já aplicadas pelo governo dos Estados Unidos a uma instituição financeira. As infrações incluem falhas na identificação adequada das verdadeiras identidades dos clientes, envolvimento ativo em transações com criminosos e omissão no registro de empresas sediadas nos EUA junto aos órgãos reguladores. Nossa visão quanto aos acontecimentos é positiva, uma vez que “o risco Binance” pode reduzir gradativamente, já que dificilmente resultará em processo de falência da exchange.
Análise de Mercado
O preço das ações da Coinbase, listadas sob o ticker COIN na Nasdaq, atingiu seu valor mais alto desde maio de 2022. Apenas em 2023, COIN teve uma valorização superior a 270%. A ascensão das ações da Coinbase coincide com a perceptível tendência de aumento do interesse institucional no mercado cripto. Nas últimas nove semanas consecutivas, os produtos de investimento em ativos digitais registraram entradas de capital. Exclusivamente na última semana, o fluxo de capital positivo totalizou US$ 346m. Esse é o maior fluxo de entrada desde o mercado de alta das criptomoedas no final de 2021.
A tendência sugere que os investidores institucionais estão cada vez mais interessados em criptomoedas e estão buscando maneiras de acessar esse mercado de forma mais tradicional. À medida que o mercado de criptomoedas continua a evoluir e ganhar aceitação mais ampla, a Coinbase está emergindo como uma peça fundamental dessa transformação, facilitando a entrada de grandes players financeiros no mundo das criptomoedas. Entretanto, acreditamos que, com a aprovação dos ETFs à vista de BTC, parte da liquidez dos instrumentos utilizados hoje deva fluir para os recém-lançados ETFs.
Análise Técnica
Nossa leitura gráfica permanece de acordo com o informado na semana anterior. A tendência de alta do BTC perdeu força após romper a zona de resistência em US$ 37k. Agora, acreditamos que o mercado se consolide na faixa de preços definida entre US$ 38k e US$ 35k.
Apesar de alguns sinais otimistas, como o encaminhamento para a resolução do processo contra a Binance, a perspectiva mais provável é que o Bitcoin passe por uma fase de consolidação de curto prazo com pequenas correções, até que o futuro da aprovação dos ETFs seja definido. O viés é reforçado pela forte alta que já vimos nos ativos neste ano, justificando uma lateralização ou retração.
Gostou do Conteúdo? Não perca o nosso último bate-papo: