Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 06 de Julho às 12:23:13

O que aconteceu no mercado cripto? (07-14/Mar)

A última semana, entre 7 e 14/mar foi mais uma semana de consolidação para os preços do bitcoin. A cripto foi negociada na faixa entre US$ 37 mil e US$ 42 mil em meio a grande incerteza macroeconômica e geopolítica. A queda semanal de 1,6% do bitcoin foi responsável por levar as altcoins também para patamares mais baixos. O ether caiu 1,35% na semana e a Solana 6,87%.

Regulação, o tópico mais importante da semana

No dia 09/03, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou uma ordem executiva sobre o mercado de criptomoedas. Ordem executiva é uma diretriz de como o governo e os órgãos governamentais devem trabalhar. 

Segundo a ordem executiva o governo deverá se aproximar dos ativos digitais para entendê-los e regulá-los. Deverão ser estudados os impactos dos criptoativos sobre a estabilidade financeira, atividades ilícitas, segurança nacional e riscos sistêmicos. O governo também deverá se aprofundar e desenvolver uma CBDC (moeda digital do banco central). 

O destaque positivo do documento é não ter trazido nenhuma diretriz proibitiva, como a adotada na China. O objetivo parece ser possibilitar um crescimento sustentável para as criptomoedas, com regras para gerar mais segurança para usuários.

O mercado reagiu muito bem a notícia. Apesar de potencialmente gerar mais restrições ao mercado, a regulação das criptomoedas abrirá portas para a entrada de novos investidores e uma maior adoção.

Investidores de longo x curto prazo

De acordo com a tendência de acumulação, desde o início do ano há um forte equilíbrio entre compradores e vendedores, porém, ainda temos uma leve inclinação para um sentimento mais negativo.

A tendência de acumulação mede a oferta e demanda por um ativo e sua força. Para calculá-la utiliza-se o valor de fechamento da cotação dentro do intervalo de variação do período, multiplicado pelo volume negociado. Quando a linha sobe ela confirma uma tendência de alta, e vice-versa quando ela cai.

Apesar do sentimento negativo desde o início de 2022, continuamos a ver uma continuidade do aumento da proporção de investimentos de longo prazo. A maior quantidade de investimentos de longo prazo mostra maior maturidade do bitcoin e um menor volume especulativo. Na nossa avaliação, enquanto os investidores de horizonte de investimento mais curto estão desfazendo suas posições com medo da elevação dos juros no mundo e redução da liquidez, os investidores de longo prazo seguem otimistas.

O aumento dos investimentos de longo prazo em cripto tem sido tendência no bitcoin, corroborando com a tese de que seja um bom ativo para reserva de valor e para investimentos de longo prazo. Uma reserva de valor corresponde a um ativo que tende a preservar o poder de compra no longo prazo.

Para mensurar o volume de fundos investidos no longo prazo, verificamos o volume de bitcoin mantido na mesma carteira por até 6 meses. Os ativos mantidos na mesma carteira por até 6 meses são aqueles considerados de curto-prazo e estão na mínima histórica (24,5%). O restante são os ativos mantidos na mesma carteira por mais de 6 meses, compondo os ativos de longo prazo.

O volume de bitcoins retirados das Exchanges também corrobora com a percepção de que há cada vez mais investidores de longo prazo no bitcoin. De acordo com informação da Coinbase, houve uma redução do saldo total em 649,5 mil BTC, trazendo-o de volta aos níveis observados pela última vez no topo do mercado em alta de 2017

As Exchanges são os ambientes onde as criptomoedas são negociadas. Por ficarem em posse das chaves privadas dos usuários, as Exchanges são, via-de-regra, menos seguras para custodiar as criptomoedas. A retirada dos volumes das Exchanges sinaliza a intenção de manter os ativos no longo prazo, mitigando o risco de custódia.

Como a guerra impacta o bitcoin?

Em nosso entendimento o conflito entre Rússia e Ucrânia deve favorecer a adesão de novos usuários para investimentos às criptomoedas. Em primeiro lugar, as criptos são decentralizadas, impossibilitando que sanções, congelamento de recursos ou até a quebra de bancos ameacem os recursos de cidadãos. Em segundo lugar, com sanções à Rússia, uma das formas adotada pelo país para fazer transferências internacionais podem ser as criptomoedas.

Na Rússia e Ucrânia, os volumes negociados de cripto tiveram aumentos, influenciados por incertezas do conflito. No dia do início da guerra, 24/fev, o volume negociado do par bitcoin e UAH (moeda ucraniana) na Binance dispararam 4,2x mais em relação à média dos 10 dias anteriores. O volume negociado do par bitcoin e Rublo Russo teve um incremento parecido, crescendo 4,5x em relação à média.

Especificamente sobre o bitcoin podemos ter um ambiente mais favorável. O bitcoin vinha perdendo participação em relação à capitalização total do mercado cripto, tendo saído de 70% de participação no início de 2021 para 40% no final do ano. Por ser mais conhecido e líquido, a demanda por criptos decorrente do conflito na Ucrânia pode ser mais direcionada para o bitcoin.

Índice de medo e ganância do mercado

Em um momento de incerteza, como o que estamos vivendo, um indicador muito utilizado no mercado cripto é o Fear & Greed Index (Índice medo e ganância), criado pela alternative.me. Essa métrica avalia o sentimento do mercado em relação ao bitcoin através do volume de pesquisas no Google, volatilidade e dominância, dentre outros critérios. O índice varia de 0 a 100 e está próximo as suas mínimas, em 23. Quanto menor o valor mais pessimista o mercado está e vice-versa.

O interessante desse índice é a sua correlação inversa à cotação das criptomoedas. Geralmente em momentos de pessimismo, o mercado tende a valorizar e em momentos de otimismo a desvalorizar. Nas máximas de dez/20 até mar/21, o índice estava na faixa dos 90. O patamar indicava ganância extrema por parte do mercado. 

Demanda por stablecoins continua alta

As stablecoins são outro ativos que podem se beneficiar em períodos de incerteza. As stablecoins replicam o valor de uma moeda fiduciária, como o dólar. Por serem tokens negociados em blockchain, as stablecoins permitem que investidores tenham fácil acesso a moedas estrangeiras, muitas vezes sujeitas a menos inflação e volatilidade que moedas nacionais.

A adoção de stablecoins pode continuar crescendo com a busca por moedas de menor risco por: (i) investidores de países que sofrem com conflitos, como caso da Rússia e Ucrânia, e; (ii) por pessoas de países com moedas fracas, que sofrem com a inflação, como caso de países da América Latina. O número total de endereços que detêm pelo menos US$ 1 das principais stablecoins segue crescendo forte, ultrapassando a marca dos 12 milhões (3x o valor de um ano atrás).

Atualização sobre doações de criptomoedas à Ucrânia

Segundo a Coinmetrics, o Bitcoin acumulado doado para o endereço do governo da Ucrânia ultrapassou 300 BTC em 14 de março. Em dólares, o valor acumulado enviado desacelerou. No entanto, na segunda-feira, funcionários do governo anunciaram uma parceria com a FTX e a Everstake para facilitar mais doações através de um site designado. Na segunda-feira, as doações totais de ETH também chegaram a 75 mil, com cerca de 8 mil ETH enviados.

Aposta na rede Ethereum bate recorde

Em 10 de março, a quantidade de ETH no contrato de depósito do ETH2 ultrapassou 10 milhões de unidades e esse número continua crescendo. A quantidade atual de ETH em staking é de 10,1 milhões, com valor de cerca de US$ 26 bilhões. Os usuários bloqueiam o ETH em múltiplos de 32 visando se tornarem validadores na cadeia beacon. A beacon, consiste em uma rede paralela à rede principal da ethereum, para implementar as funcionalidades da ethereum 2.0. Uma das mudanças da ethereum 2.0 é o proof-of-staking, que altera o sistema de validação na rede. Para funcionalidades serem incorporadas à rede principal ocorrerá uma unificação das redes, chamada the merge.

Quando os usuários depositam ETH para serem elegíveis para fazerem a validação na rede da beacon, o seu depósito em ethereum fica travado no protocolo até que ocorra o the merge. Portanto, a continuidade do crescimento dos depósitos sinaliza confiança no projeto.

Preço mínimo dos Bored Apes caiu para níveis próximos dos CryptoPunks logo antes do primeiro M&A em NFT

Depois de ter atingido topo em 1º de fevereiro deste ano a 117,45 ETH, os Bored Apes (BAYC) iniciaram um movimento de queda dos preços influenciado por uma forte redução na liquidez na negociação de NFTs que em média já acumulavam queda de 48% desde novembro do passado. Segundo informações do Financial Times, o número de contas comprando e vendendo NFTs pelo menos uma vez por semana caiu para cerca de 194.000 depois de um pico de 380.000 em novembro.

Coincidência ou não, com o preço mínimo dos CryptoPunks permanecendo bastante consistente desde que o mesmo foi ultrapassado pelos BAYC, a Yuga Labs, que criou a coleção do Bored Ape Yacht Club, anunciou recentemente que adquiriu as marcas CryptoPunks e Meebits, consolidando a Yuga Labs como o principal player do mercado de NFTs. A Bored Ape Yacht Club é a mais valiosa coleção de NFTs do mercado cripto, enquanto os CryptoPunks ocupam o segundo lugar.

Segundo informações do portal Brazil Journal, diferente do Bored Apes, as duas coleções adquiridas não estavam gerando receita para a vendedora, a Larva Labs. Enquanto a Yuga Labs ganha uma comissão toda vez que um Bored Ape é revendido, o contrato do CryptoPunks e Meebits não prevê isso.

HASH11 agora tem exposição ao metaverso

Hashdex anunciou a entrada dos projetos Axie Infinity (AXS) e The Sandbox (SAND) no NCI (Nasdaq Crypto Index), índice criado pela empresa em parceria com a bolsa americana Nasdaq. Com as inclusões, o NCI passa a ter 10 criptoativos e ganha exposição ao metaverso.

Por consequência tal mudança impacta diretamente o ETF HASH11, que replica o índice NCI. Atualmente, o HASH11 é o segundo maior da B3 em número de cotistas, ficando atrás somente do IVVB11, que replica o índice S&P500 (500 maiores empresas americanas). Conforme os dados da B3, referentes ao mês de fevereiro, o HASH11 possuía quase 150k cotistas, enquanto o IVVB11 detinha a marca dos quase 174k investidores. Em terceiro lugar temos o BOVA11, com 124.000 cotistas aproximadamente.

O conceito de Metaverso foi um dos principais fatores na popularização dos criptoativos em 2021, após Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, anunciar que iria mudar o nome da empresa para “Meta” e começar a investir nessa tecnologia. Diversas empresas também iniciaram entradas e investimentos no Metaverso, o que chamou a atenção de muito investidores e financiamento de novos projetos.

De acordo com o CoinMarketCap, o Axie Infinity é um jogo de negociação e batalha baseado em blockchain, onde os usuários lutam contra “monstrinhos” chamadas Axies para avançar no jogo e que é parcialmente de propriedade e administrado por seus jogadores. Fundada em 2018 pela Sky MavisAxies, Axies são NFTs e “monstrinhos” baseadas em tokens e cada Axie tem suas próprias características, recursos, pontos fortes e escalas de raridade. Os usuários precisam ganhar três dessas criaturas que podem ser compradas em um mercado secundário para começar a jogar Axie Infinity.

Sandbox é um Metaverso virtual baseado em blockchain onde os jogadores podem jogar, construir, possuir e monetizar suas experiências virtuais. Ele permite que os usuários negociem ativos digitais na forma de um jogo. A principal missão da plataforma Sandbox é introduzir a tecnologia blockchain em jogos convencionais de sucesso. A plataforma visa facilitar um modelo criativo de “jogar para ganhar” ou “play to earn”, que permite que os usuários sejam jogadores e criadores simultaneamente.

Além do Bitcoin

Duas criptomoedas que os investidores ficaram de olho nessa semana foram Terra (Luna) e a Solana (SOL). A Terra vem chamando a atenção devido a uma subida forte em meio a um mercado vermelho. Já a Solana está enfrentando quedas contínuas, perdendo o valor e posições no ranking de capitalização de mercado. 

Começando pelas notícias positivas, a Terra (Luna) valorizou mais 10% na semana. O motivo principal dessa alta é o crescimento do UST, stablecoin da Terra. Para criar um UST, um dólar em Luna é queimado. Assim, quanto maior a demanda por UST, mais Luna será requerida, valorizando o protocolo. Do dia 5 ao dia 11 de março, houve uma emissão de cerca de 1 bilhão de UST. 

Para manter o preço do UST atrelado ao dólar, o UST é conversível em um dólar em Luna. Quando um UST vale mais do que um dólar torna-se atrativo comprar UST e trocá-lo por Luna. A operação diminui a oferta de UST, elevando seu preço. Na situação contrária, em que um UST vale mais do que 1 dólar, torna-se atrativo criar UST, aumentando a oferta do token e reduzindo seu preço.

Do lado negativo das últimas semanas está a Solana. A promessa de uma blockchain melhor que a Ethereum sofreu com falhas que vem travando a utilização do protocolo. No fim de 2021 e começo de 2022 a criptomoeda travou quatro vezes, resultando em uma rede lenta e inutilizável.  

Geralmente o problema é solucionado em poucos dias. Entretanto, os seus usuários, principalmente os de DeFi não querem ter a possibilidade de ficarem impossibilitados de realizar negociações devido a um possível novo ataque. 

Segundo o DeFiLlama, o TVL de protocolos dentro da Solana mostrou uma queda abrupta. O TVL é o total value locked, ou seja, volume total de ativos travados dentro do protocolo. Desde seu topo histórico, em nov/21, o TVL teve uma queda de mais de 50%. A Solana caiu 6,87% na semana passada.

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