Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 07 de Dezembro às 19:48:35

O Novo Desafiante dos Pesos Pesados!

“Round 1: cripto versus mercado tradicional”

Na newsletter da semana passada, compartilhamos a nossa intenção de fazer um valuation de algum protocolo de cripto. Em síntese, um protocolo de cripto é uma aplicação construída em blockchain, ou seja, um programa no qual as transações e interações entre usuários são validadas através da blockchain. Um exemplo são os protocolos DeFi. Protocolos DeFi visam replicar funcionalidades financeiras tradicionais através de blockchain. Alguns protocolos emitiram tokens de governança que funcionam de maneira semelhante às ações ordinárias, dando a seus detentores o direito de votar em mudanças de características nos protocolos. Esperamos que, ao longo do tempo, os tokens de governança passem a repassar as taxas coletadas pelos protocolos aos seus detentores, justificando o seu valor.

A fim de precificar os protocolos, precisamos entender o que poderia ser repassado ao detentor dos tokens de governança. Na prática, assim como já fazemos para ações, temos que calcular o caixa que sobra para ser distribuído para detentores dos tokens. Este caixa advém das receitas, deduzidas dos custos, despesas e investimentos. Nesta edição da newsletter, entenderemos as principais dinâmicas de fluxo de caixa de dYdX, uma Exchange descentralizada, que permite a negociação de contratos futuros e dá ao usuário a possibilidade de alavancar em até 25x.

As receitas de DyDx são compostas por taxas de transação, cobradas sobre o notional. O notional é o valor a que o usuário está exposto. Como é possível alavancar, com US$ 100 o usuário pode, por exemplo, comprar um contrato futuro de US$ 1.000 no par BTC/USD. No entanto, caso o BTC/USD caia 10%, a operação acumulará uma perda correspondente ao saldo total do usuário. Para evitar perdas, o protocolo encerrará a operação e o usuário perderá a sua garantia, movimento conhecido por liquidação. As taxas são cobradas sobre os US$ 1.000 na compra e venda do contrato, ou na sua liquidação, caso ocorra.

A taxa começa em 0,05% para ordens à mercado e em 0,02% para ordens limite. O percentual é progressivo à medida que o volume operado aumenta. Caso o volume operado seja menor de US$ 100k no intervalo de 30 dias, não são cobradas taxas. As ordens limitadas são aquelas nas quais o usuário define um preço em que quer comprar ou vender um ou mais contratos e espera haver uma ponta contrária disposta a fechar o negócio pelo mesmo preço. As ordens à mercado são aquelas nas quais o usuário aceita comprar ou vender o contrato ao melhor preço disponível.

A DyDx não tem custos ou despesas, pois paga os seus fornecedores de liquidez e pessoas que colaboram com o projeto através de seu token de governança. Na prática, é como se o protocolo criasse um programa de sócios. Atualmente, somente cerca de 10% dos tokens está em circulação. Após o término da distribuição dos tokens, é possível que o protocolo não precise mais remunerar as pessoas envolvidas no projeto, pois passará a haver um alinhamento de interesses. Os detentores dos tokens, dentre eles, os colaboradores previamente recompensados, terão interesse no sucesso do protocolo, dada a expectativa de receber maiores proventos.

O custo mais caro será o fundo de liquidez. O fundo de liquidez serve para absorver eventuais perdas do protocolo durante uma liquidação. Dependendo da volatilidade do mercado, é possível que o preço de um determinado par caia ou suba muito rapidamente, impossibilitando a liquidação de uma operação no limite de perda protegida pela garantia do usuário. Neste caso, o fundo de liquidez é responsável por absorver as perdas. Caso as perdas excedam o limite de absorção do fundo de segurança, o protocolo passa a desalavancar as posições lucrativas, reduzindo seus ganhos. Desta forma, o protocolo mitiga o risco de ter mais obrigações do que as garantias dos usuários conseguem arcar. A desalavancagem de posições lucrativas é chamada de auto-desalavancagem.

Hoje, os tokens de governança de DyDx não distribuem as taxas de transação coletadas na plataforma. A distribuição deve passar a acontecer daqui cerca de 5 anos, visto que este é o período estimado para que todos os tokens de governança de dYdX estejam em circulação. Dessa forma, o protocolo precisará ter novos meios de remunerar seus stakeholders. Os stakeholders são todos os grupos de pessoas ou organizações que podem ter algum tipo de interesse pelas ações de uma determinada empresa.

O Que Mais Aconteceu na Semana?

Esta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 4401/2021, projeto de Lei regulamenta o mercado brasileiro de criptomoedas. O PL tem como objetivo trazer mais segurança jurídica aos investidores, fazendo com que prestadores de serviços do mercado cripto atuem em acordo com a legislação local.

As principais mudanças incluem a atribuição ao Poder Executivo da escolha do órgão regulador responsável e penas mais duras para aqueles que se utilizem de criptomoedas para aplicar golpes financeiros. As mudanças propostas estão previstas para entrar em vigor seis meses após a promulgação da lei, que agora precisa ser sancionada pelo Presidente.

A cláusula que mais gerou controvérsias foi a referente à segregação patrimonial de corretoras. O destaque conhecido como “cláusula anti-FTX”, previa que o patrimônio de investidores tivesse que ser segregado do patrimônio da empresa, evitando a sua utilização para finalidades não consentidas pelos clientes. A segregação patrimonial protegeria o investidor, evitando novos casos como o da FTX. Apesar do pleito pela segregação patrimonial, o PL foi aprovado sem a inclusão da cláusula. Algumas Exchanges argumentaram que a segregação poderia afetar o desenvolvimento da indústria, coibindo produtos, como lending.

Análise de Mercado

Os desdobramentos do caso FTX e Alameda, por ora, foram aparentemente absorvidos pelo mercado. Voltando a normalidade, mesmo que temporária, presenciamos um novo aumento na correlação do mercado cripto com o mercado tradicional. O principal motivo para a valorização do mercado cripto na última semana foram as declarações de Jerome Powell, que passaram a indicar que o ritmo de elevação da taxa de juros americana tende a diminuir.

O presidente do FED deixou de ser monotemático em seu discurso. Anteriormente, batia somente na tecla de que os aumentos na taxa de juros aconteceriam enquanto necessário para controlar a inflação. Na semana passada, Powell passou a falar sobre recessão e como lidar com o tema. A inclusão do assunto fez com que o mercado percebesse que o fim do ciclo de aumento da taxa de juros americana possa estar mais próximo, o que pode beneficiar a precificação dos ativos de risco, como criptomoedas.

Análise Técnica

Bitcoin | Período: 1 dia

O Bitcoin acumulou 6,62% de valorização desde a última edição do Expresso Cripto, brevemente alcançando o patamar de US$ 17,3k e, posteriormente passando a se consolidar na região de US$ 17k. Tendo em vista um possível rally de alta no curto prazo, temos como alvo imediato a Média Móvel Exponencial de 50 dias, representada próxima de US$ 17,8k. Caso superada, a região de compra entre US$ 18,1k e 18,7k, representada pelo retângulo amarelo, será a região de resistência mais forte.

No longo prazo, permanecemos com uma visão baixista, tendo como primeiro suporte os US$ 15,6k. Apesar da condição macroeconômica estar indicando melhora, levará algum tempo para que os efeitos sejam sentidos. A chance de recessão da economia americana nos faz crer que os suportes discriminados abaixo ainda podem ser alcançados.

Próximas Resistências: 17.780,00/ 18.100,00 / 18.700,00

Próximos Suportes: 15.600,00 / 14.700,00 / 13.300,00

ECI (Expresso Cripto Index)

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