Atualmente a experiência de utilizar múltiplas blockchains é pouco prática. Entretanto, como as blockchains têm diferentes características, umas mais velozes, outras mais baratas ou mais seguras, muitos usuários utilizam várias blockchains dependendo da aplicação que desejam utilizar. O uso de mais de uma blockchain gera a necessidade do usuário comprar diferentes tokens para pagar as taxas de rede. Por exemplo, a Solana e Binance Smart Chain são redes muito usadas para jogos construídos em cima de blockchains, principalmente em função de serem redes rápidas. Já a Ethereum é uma blockchain muito usada para aplicações financeiras, dado que é uma rede mais segura.

Apesar de enxergarmos o uso de diferentes blockchains como importante para sustentar as diferentes aplicações construídas com a tecnologia, a necessidade de ter múltiplos tokens pode ter seus dias contados. Da mesma forma que não precisamos trocar o dinheiro a cada loja de um shopping, no futuro, será possível a utilização de qualquer criptomoeda para a interação com diferentes blockchains. Atualmente já existem soluções que permitem ao usuário realizar o pagamento de taxas de rede a partir de qualquer cripto, mas acreditamos que estas soluções passarão a ser incorporadas às próprias blockchains, permitindo pagar as taxas de rede em tokens não nativos automaticamente. Tecnicamente, a cripto utilizada na transação é convertida no token nativo da rede para pagamento das taxas.

No momento em que for possível pagar as taxas da rede a partir de qualquer moeda, é provável que tenhamos uma criptomoeda se sobressaindo na função de meio de pagamento. Hoje em dia tudo nos indica que essa criptomoeda será o Ether. Dentre as razões para apostarmos no Ether estão que é a criptomoeda com maior volume negociado, é a moeda nativa da blockchain que tem maior volume de pagamentos e é a cripto mais utilizada como unidade de conta para compras em aplicações cridas em blockchains, com destaque para NFTs.

Em mercados tradicionais, o dólar é a moeda mais popular. O dólar é reconhecido e utilizado mundialmente como meio de troca em transações internacionais e para compor as principais reservas internacionais. O papel central do dólar é conhecido como “Dollar Standard”. Colocando em contexto, na nossa visão é provável a criação do “Ethereum Standard” no universo cripto.

O Que Mais Aconteceu Na Semana?

O mercado de criptoativos foi balançado durante o final de semana após algumas alegações feitas por Changpeng Zhao (CZ), CEO da Binance. O CZ anunciou publicamente que vendeu suas reservas de FTT, o token nativo de sua principal concorrente, a exchange FTX, de Sam Bankman Fried (SBF).

A Binance recebeu o FTT como parte de uma venda de sua participação na FTX. A Binance investiu na Exchange em 2019. A FTX comprou a participação da Binance através de uma combinação de US$ 2,1 bilhões em FTT e BUSD. Após a declaração, o preço do FTT caiu 14% em um período de 24 horas, para cerca de US$ 22, menor preço desde junho. De acordo com CZ, a liquidação dos tokens FTT será feita de maneira gradual e pode levar alguns meses, de maneira que não afete o mercado.

A decisão do CZ de vender o FTT foi feita após o vazamento do balanço da Alameda Research, outra empresa do grupo do SBF. O balanço da Alameda revelou que grande parte de suas reservas são representadas por FTT, que também é utilizado como colateral para empréstimos feitos pela Alameda. Caso a Alameda não pague os empréstimos, o colateral em FTT pode ser liquidado, derrubando ainda mais o preço do FTT. Como a Alameda tem parte do balanço em FTT, a liquidação poderá gerar perdas à empresa. Ainda é pouco claro se ocorreriam outros impactos, como a insolvência de quem emprestou para a Alameda. No entanto, como diz o ditado onde há fumaça, há fogo e o evento requer cautela.

Análise de Mercado

O mês de outubro foi positivo para o mercado de criptoativos. O Bitcoin subiu 5.52% em dólar no mês e o Ether 18.43%. Apesar dos dados de inflação de setembro levemente acima das expectativas, ativos de risco tiveram um bom desempenho, encerrando um longo período de baixa volatilidade.

A segunda semana de novembro ficará marcada pelas eleições de meio mandato dos EUA e pelo anúncio dos dados de inflação de outubro. Ambos os eventos podem desencadear novos picos de volatilidade. As eleições serão realizadas hoje, 08/nov, e podem ser um gatilho para desencadear um rally de alta para as bolsas americanas.

O anúncio dos números de inflação dos EUA, que ocorrerá em 10/nov, indicará a eficácia da política de aperto monetário que está sendo promovida pelo Fed visando o controle da inflação. O mercado aguarda inflação em 7.9% a/a, uma pequena redução frente aos 8.2% de setembro. Qualquer resultado acima do esperado pode refletir negativamente no mercado, podendo indicar a continuidade do ritmo de elevação das taxas de juros e um nível de juros mais alto no final do ciclo de aperto monetário.

Análise Técnica

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