A semana foi de consolidação no mercado cripto. O Bitcoin teve sua máxima em US$ 31,3k, no início da semana, e mínima em US$ 28,6k, reforçando o suporte apresentado por essa faixa de preço.
Apesar da pequena volatilidade semanal, o Bitcoin permanece em tendência de baixa e caminha para a oitava semana consecutiva em queda, fato que se concretizará caso o BTC encerre o domingo abaixo de US$ 31,3k. Essa seria uma extensão do atual recorde de sete semanas consecutivas em baixa desde a criação da criptomoeda.
A correlação mensal do BTC com o S&P500 parou de subir na semana. Apesar do início da redução da correlação entre os índices, vale ressaltar que as condições macroeconômicas continuam desfavoráveis para ativos de risco. Essa continuará será uma das principais métricas a ser observada durante os próximos meses. Caso a correlação com o mercado tradicional continue elevada em meio a deterioração do cenário macroeconômico teremos um indicativo de que os investidores estão observando o BTC como ativo de tecnologia. A visão contrapõe a tese de que o BTC é uma reserva de valor.
O fim da novela Terra – Luna? Parte 2
A quebra do ecossistema Terra-Luna tomou conta das manchetes de todo o mundo cripto durante as últimas semanas. O token Luna passou a ser negociado por frações de centavos, em sua maioria, por especuladores que apostam na pequena chance de recuperação do projeto, ou por pessoas que acreditam que o token pode voltar a valer pelo menos US$ 1, pois já chegou a ser negociado acima de US$ 100, ignorando que a oferta (supply) de tokens aumentou para cifras trilionárias.
Vale ressaltar que o supply total de Luna passou da casa de 6 trilhões de unidades, ou seja, para que o token retorne ao valor de um dólar, a capitalização de Luna deverá ser 5 vezes maior do que a capitalização total de todo o mercado de criptoativos, que atualmente é de US$ 1,27t.
Alguns planos de recuperação foram propostos pela comunidade, entre eles, o que mais se destacou e ganhou tração, foi o de utilizar as reservas do tesouro da Luna Foundation Guard (LFG) para reembolsar as carteiras com menor volume de capital até a data do crash.
Até 7 de maio, as reservas da LFG contavam com mais de 80k BTC que, somados ao resto das reservas, totalizavam mais de US$ 3b.
Apesar de, em dado momento do tempo, as reservas terem sido suficientes para realizar o plano proposto pela comunidade, foi apontado pela LFG de que os fundos foram vendidos no decorrer da semana, ao tentar de recuperar o valor da TerraUSD (UST). Restaram apenas 313 BTC em tesouro, impossibilitando o plano de recuperação proposto pela comunidade.
Do Kwon, criador da rede Luna, propôs outra solução para salvar seu projeto, batizada de “Segundo Plano de Renascimento do Ecossistema Terra”. Kwon justifica sua tentativa de salvação do ecossistema dizendo que a Terra é mais do que somente uma stablecoin. A comunidade e os desenvolvedores merecem ser preservados.
Em resumo, o plano de Kwon consiste em:
- Criar uma nova blockchain Terra, na qual o UST não estará presente. A antiga rede será chamada de Terra Classic (com o token Luna Classic – LUNC), e a nova rede herdará o nome Terra (com o token Luna – LUNA)
- Os novos tokens Luna serão distribuídos entre os detentores de Luna Classic, UST e desenvolvedores de aplicações da Terra Classic
- A carteira da Terra Foundation não será considerada para a distribuição de novos tokens
- O novo token terá uma inflação de 7% a.a. para a remuneração dos stakeholders.
A distribuição dos novos tokens será:
- 30% – Pool da comunidade
- 35% – Detentores de LUNA antes do crash
- 10% – Detentores de aUST (UST no Anchor Protocol)
- 10% – Detentores de LUNA após o crash
- 15% – Detentores de UST
A quantidade de tokens detidas no dia 07/mai será considerada para fazer o rateio de tokens destinados a detentores de Luna e UST antes do crash. A quantidade detida em 27/mai será utilizada para o rateio de tokens destinados a investidores após o crash.
O ponto curioso da proposta é o fato de incluir detentores de LUNA e UST pós-crash, como elegíveis a distribuição de novos tokens, dada a ideia inicial de recompensar apenas quem já estava apoiando o projeto e foi comprometido pelos acontecimentos. Isso levantou algumas bandeiras vermelhas pois, de uma forma ou de outra, vai inflar de maneira artificial o volume de capital negociado em Luna e UST até o dia do de lançamento da nova rede. A teoria sendo debatida entre usuários é de que o plano de renascimento seja apenas uma forma de gerar liquidez momentânea para determinados investidores conseguirem minimizar perdas.
O plano de bifurcação da rede (hard fork), proposto por Do Kwon, não foi bem recebido pela comunidade. Essa constatação pode ser feita a partir da votação aberta feita no fórum da comunidade Terra, na qual até o momento, 92% do público se pronunciou como insatisfeito.
Entretanto, na votação oficial, na qual apenas os envolvidos com o ecossistema podem participar, a história é contrária. Na votação oficial 64,7% votaram favoravelmente. A votação oficial ficará aberta até 27/mai, data prevista para o hard fork da rede. O quórum para aprovação do plano era de 40%, portanto, a única maneira restante de impedir as alterações propostas será caso os votos com veto superem 33%.
Em paralelo às propostas de recuperação, estão as propostas feitas por outras blockchains para absorver os projetos e desenvolvedores do ecossistema Terra. Polygon, Juno e Fantom são exemplos de redes que já ofereceram vantagens para que os desenvolvedores da Terra continuassem seus projetos em suas respectivas redes, o que mostra que o ativo mais valioso em toda Terra-Luna é seu capital intelectual.
Precisamos acompanhar o desenrolar da votação durante a semana, mas podemos concluir que o nome de Do Kwon atrelado ao projeto dificilmente trará benefícios, visto que sua reputação está arruinada.
Ethereum – The Merge um passo mais próximo
O maior representante das redes de contratos inteligentes está um passo mais próximo da atualização mais importante já vista pelo meio cripto. O Ethereum se consolidou como maior player dentre as blockchains programáveis, entretanto, possui problemas de velocidade, eficiência e escalabilidade. Para resolver tais problemas, foi proposto o “Ethereum 2.0”, que consiste em upgrades divididos em etapas.
A primeira etapa foi a criação da Beacon Chain, uma rede que funciona em paralelo a rede Ethereum principal. A Beacon Chain será a responsável por introduzir a “Prova de Participação” (PoS) na rede Ethereum.
O “The Merge” é a próxima etapa a ser implementada, e também é uma das mais importantes, pois consiste na fusão da rede principal com a Beacon Chain. Atualmente a Ethereum funciona a partir da “Prova de Trabalho” (PoW), assim como o Bitcoin. A implementação do algoritmo de PoS é a aposta do time de desenvolvedores da Ethereum para criar uma rede mais segura, sustentável e escalável.
A última notícia veio de Parathi Jayanathi, desenvolvedor da Ethereum, que enviou uma solicitação de ativação do Merge na rede de testes Ropsten. A Ropsten é uma das principais redes públicas de testes da Ethereum, portanto, o resultado da fusão entre a Beacon Chain e a Ropsten será um teste de implantação realista, comparável ao que aconteceria com o The Merge na rede principal.
Nenhuma outra blockchain realizou uma mudança desse nível enquanto se mantinha operacional. Como forma de analogia, é como se estivessem trocando os pneus de um carro em alta velocidade. Caso funcione, será um marco para o mercado de criptoativos e, possivelmente, uma grande destrava de valor para o token Ether.
Dados On-Chain
A correlação entre o Bitcoin e o mercado tradicional de ativos de risco começou a apresentar uma tendência de baixa, saindo de 82% para 71,6% na correlação mensal. É um importante indicador a ser observado pelos próximos meses. Uma alta correlação implica na predominância da tese do BTC como um ativo de tecnologia, já a baixa correlação, indica que a tese do BTC como reserva de valor é predominante.
Apesar da baixa nos preços dos criptoativos, a hashrate do Bitcoin e do Ethereum atingiram máximas históricas. A taxa de hash é o poder computacional usado para validar blockchains; quanto maior a taxa de hash, mais segura a rede, pois mais validadores estão presentes na rede. Isso torna um ataque malicioso muito mais complicado e caro, visto que demandaria ainda mais energia para ter o controle de 51% da rede.
O caos gerado pela TerraUSD fez com que os investidores passassem a ser mais criteriosos na escolha de stablecoins. O TetherUSD (USDT) continua sendo a maior e mais amplamente utilizada stablecoin do mercado cripto, entretanto, a falta de transparência de sua equipe quanto aos reais lastros de sua reserva, fizeram com que parte do mercado voltassem suas escolhas à outras moedas, como o USDC e o BUSD.
A regulação de criptoativos está próxima e possivelmente começará a partir das stablecoins, por serem o principal link entre mercado tradicional e mercado cripto. Nesse quesito, a USDC está bem à frente dos concorrentes e, dependendo de como os marcos regulatórios forem escritos, eventualmente deve assumir o posto de maior stablecoin em circulação.
Mercado institucional no mundo cripto
- A corretora de criptomoedas FTX liberou acesso à função teste de comercialização de stocks em sua plataforma. SBF, CEO da FTX comprou mais de 7% de participação na corretora Robinhood na semana anterior;
- A corretora RobinHood está planejando criar uma carteira para Web3, com funcionalidades específicas para NFTs;
- Andressen Horowitz, um dos principais fundos de venture capital atuante no mercado de criptoativos, levantou US$ 600m para o Games Fund One, fundo destinado exclusivamente à investimentos em jogos e projetos voltados à Web3 e metaverso;
- Binance está em contato com órgão reguladores alemães. A maior corretora de criptoativos do mundo continua com planos de expansão na Europa;
- Meta, de Mark Zuckerberg, submeteu 5 pedidos de registro de marca nos EUA para a criação do Meta Pay. Os pedidos incluem termos como “criptomoedas”, “tokens digitais” e “blockchain”;
- El Salvador realizou uma reunião com representantes de 44 países para discutir assuntos relacionados à nova economia digital, especialmente o Bitcoin. El Salvador foi o primeiro país a tornar o BTC moeda de curso legal.
- Portugal pretende começar a taxar ganhos com criptomoedas em breve. Até agora, Portugal era conhecido como o paraíso de criptomoedas e centro de encontro
WEB3
Solana Summer
O termo “Summer” (verão), é utilizado no meio cripto quando determinado tipo de ativo ou rede passa a receber muita atenção e fluxo de capital.
O “verão” da vez está nos NFTs da rede Solana, que obtiveram um aumento expressivo em quantidade de capital transacionado e tomaram conta dos perfis relacionados a cripto nas redes sociais.
Pesquisas pelo termo “Solana NFTS” aumentou significativamente nos últimos dias.
O Magic Eden, marketplace de NFTs da Solana, superou o Open Sea (principal marketplace de NFTs da rede Ethereum), em todas as métricas observáveis.
A coleção “Okay Bears” foi a principal catalisadora para esse fenômeno. A coleção conta com 10k ursos, cada um com características únicas. Atualmente, o preço mais baixo de um Okay Bear é de 194 SOL (aproximadamente US$ 10k).
A fórmula do Bored Ape Yatch Club, da Ethereum, aparentemente deu certo com os ursos na Solana. Resta saber se é só um hype passageiro ou se vai se tornar popular como os macacos.