A semana foi marcada por uma forte queda do Bitcoin, da faixa de US$ 42k para a casa dos US$ 38k. Essa queda veio devido a um cenário macroeconômico internacional mais incerto, com a imposição de novas sanções para a Rússia, sinalizações de cortes no fornecimento de gás natural para alguns países europeus, como a Polônia. A queda no fornecimento de gás da Rússia deve elevar o preço de commodities relacionadas a produção de energia, pressionando ainda mais a inflação global.
Para piorar, os novos lockdowns na China também podem gerar novas pressões inflacionárias. Dado a nova onda de Covid no país, o governo promoveu o fechamento de portos. Com a restrição na circulação de produtos, há um risco de um novo choque de oferta.
A expectativa de novas pressões inflacionárias pode fazer os bancos centrais acelerarem o aperto monetário com o aumento mais rápido das taxas de juros. A expectativa de aumento das taxas de juros eleva a atratividade de ativos de menor risco, reduzindo a procura por ativos mais arriscados, como ações e criptomoedas.
As consequências das incertezas que rondam o mercado cripto vem gerando indicadores negativos de utilização da rede. O volume de transações de Bitcoin está próximo à mínima desde o início de 2021, mostrando uma menor utilização da rede e demanda por cripto. A razão elevada do volume de puts/calls vem indicando uma tendência dos investidores buscarem proteções.
Volume de transações de Bitcoin
O volume total de transações de Bitcoin está variando entre USD 5,5 bi e USD 7,0 bi por dia. O valor sinaliza uma redução na demanda agregada pela moeda. Apesar do volume ser maior do que vimos entre 2019-2020 (quando girava em torno de USD 2,0 bi), os volumes atuais estão 50% abaixo das máximas. A distância da máxima mostra uma redução da procura pela moeda ao menos no curto-prazo.
Razão de puts/calls
A razão dos volumes de puts/calls de Bitcoin segue crescendo. A elevação da razão mostra maior disposição dos investidores em comprarem proteções para a queda do ativo, sinalizando um pessimismo do mercado.
Durante o final de 2021, quando o Bitcoin atingiu sua máxima histórica, a razão dos volumes de puts/calls chegou a menos de 50%. O patamar mostra que havia um maior volume de opções de compra (calls) sendo negociadas, refletindo o sentimento positivo do mercado. Desde o início de 2022, a demanda por puts aumentou significativamente, mostrando o interesse dos investidores de se proteger contra uma possível queda do mercado.
Quebra de volumes por transação
As transações acima de US$ 10m começam a ter maior relevância a partir de outubro 2020. Até então, essas transações chegavam a no máximo 10% do valor total de transações por dia. Nos últimos 2 anos essa proporção ultrapassa os 40%. Na nossa avaliação, a maior participação de transações de grande porte reflete a entrada de investidores de grande porte (indivíduos de alta renda, instituições, entidades de trading) no mercado cripto.
Nas últimas semanas vimos uma elevação na proporção de transações de grande porte sendo realizadas, atingindo quase 50% de participação. O aumento pode indicar uma retomada da demanda institucional pelo mercado cripto.
Mercado Institucional no mundo cripto
- Os primeiro ETFs de Bitcoin e Ethereum na Austrália estrearam, mostrando uma presença cada vez maior de produtos de investimento de cripto no mercado tradicional.
- O governo de Bahamas liberou o uso de ativos digitais para pagamentos de impostos até 2026. Bahamas é um país adepto ao universo cripto, tendo uma CBDC (moeda digital do banco central), a Sand Dollar.
- A Coinbase continua seu movimento de expansão e deve adquirir a corretora de criptomoedas Turca BtcTurk. A Coinbase pagaria US$ 3,2B pela corretora. Além disso, a empresa lançou a fase beta (fase de testes aberta ao público de um produto) de seu marketplace de NFTs.
- Captação por empresas do meio cripto continuam em alta. A Crusoe Energy, empresa de mineração de criptomoedas, captau US$505m. A CoinDCX, corretora indiana de criptomoedas captou US$135m ao valuation de US$2,15b. O jogo The Sandbox planeja captar US$400m ao valuation de US$4B.
Sanções no mercado Russo
Após a nova leva de sanções da União Europeia à Russa, a Binance aplicará medidas mais duras de KYC (Know Your Customer), restringido o uso de seus serviços por russos. A União Europeia vem fazendo imposições com o intuito de prevenir o uso de criptoativos pelos russos para contornar sanções. Os afetados serão: pessoas físicas residentes da Rússia e empresas russas que excedam EUR 10k em cripto. Ambos os grupos ficarão impossibilitados de realizar novos depósitos.
A sanção a Rússia também afetará a empresa de mineração de criptomoedas BitRiver. A empresa ficará impossibilitada de negociar com corretoras americanas e comprar equipamentos de mineração.
A medida é negativa para as criptomoedas. O principal objetivo das criptomoedas é a descentralização, ou seja, a possibilidade de livre negociação e transacionalidade sem interferência de governos ou empresas. A restrição da Binance à cidadãos russos sinaliza a capacidade de governos e empresas de restringirem o acesso a criptomoedas, potencialmente reduzindo a procura por esses ativos.
Com as medidas, o mercado cripto pode sofrer consequências negativas curto prazo. Caso investidores percam a segurança em negociar com a Binance, pode haver uma queda no volume de criptos negociadas. Hoje a Binance negocia 77% do volume de criptomoedas, de acordo com o CryptoCompare. Além disso, a atividade de mineração também pode ser afetada, uma vez que a Rússia representa 11% de todos os blocos minerados, de acordo com a Universidade de Cambridge. Caso ocorra, a queda na atividade de mineração reduz a segurança da rede.
Hacks Continuam…
No dia 17/abr, o protocolo da Stablecoin BeanStalk teve uma falha, que levou a perda de US$182m e uma queda de 83% no preço da criptomoeda BEAN. A BEAN é a moeda utilizada no protocolo.
A equipe comunicou a falha afetou o protocolo de governança, possibilitando ao hacker desviar os fundos do projeto.
A modalidade desse ataque foi o flash loan, quando é pego um empréstimo rápido que deve ser pago na mesma transação, mas sem o depósito de uma garantia. O hacker conseguiu pegar o empréstimo e desviar os fundos na sequência, tendo aprovado uma alteração no protocolo para conseguir gerar a falha.
Um ataque hacker é um dos principais riscos a ser considerado ao investir em um protocolo de criptomoedas. Assim, antes de investir é necessário inspecionar o projeto. É recomendável dar preferência a investir em protocolos consolidados e que já passaram por grandes períodos de teste ou validação.
Novo país adere ao Bitcoin
Seguindo os passos de El Salvador, a República Centro-Africana, é o primeiro país do continente africano a adotar o bitcoin como moeda de curso legal. Por mais que seja pequeno, a adoção de um novo país é positivo por aumentar a demanda e utilização da criptomoeda, podendo impactar positivamente a cotação.
Além disso, é uma medida interessante para o país. A possibilidade de utilizar o Bitcoin como moeda aumenta a acessibilidade de investidores estrangeiros investirem no país. Por ser facilmente transacional, barato de enviar e global, o Bitcoin é excelente para remessas internacionais.
Moonbirds chamam atenção do mercado de NFTs
Os NFTs da Moonbirds estão sendo considerados o projeto mais recente a alcançar o status de blue chip no mundo das NFTs, sendo o primeiro a atingir tais níveis de sucesso depois do declínio no hype do mercado de NFTs nos últimos meses. A Moonbirds registrou US$ 257,7 bilhões em volume de negócios nesta semana, representando 72% do volume de arte e NFTs colecionáveis.
As duas semanas desde o lançamento do Moonbirds marcaram um aumento significativo na atividade do NFT. O “One Moonbird” foi comprado recentemente por cerca de US$ 1m, sendo que o projeto só existe desde 16/abr. A justificativa para tanto sucesso pode estar vindo do fato de que os Moonbirds também oferecem benefícios para os seus donos manterem seus NFTs, permitindo que os mesmos ganhem recompensas por mantê-los em carteira durante um período de tempo.