Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 06 de Julho às 18:32:10

O que aconteceu no mercado cripto? (21-28/Mar)

O mercado na última semana sofreu a primeira forte valorização desde a semana do dia 17/jan, saindo da casa dos US$ 42k para US$ 48k. O Bitcoin subiu 16% e o Ether 15,5%. Além disso, outras criptomoedas, como a ADA e SOL, foram destaque subindo 34,6% e 26,3%, respectivamente.

Na semana passada, esperávamos um aumento da volatilidade do Bitcoin. Momentos de queda na volatilidade de derivativos do Bitcoin historicamente antecedem grandes variações no preço, podendo ser para a alta ou para a baixa. A volatilidade implícita das opções do Bitcoin estava em patamares historicamente baixos.

Não estava claro se o preço do Bitcoin subiria ou cairia. Do lado positivo, temos a narrativa de que com o conflito geopolítico na Ucrânia poderia aumentar a procura por bitcoin. Do lado, negativo a elevação da curva de juros poderia gerar uma pressão vendedora em ativos de risco como é o caso do Bitcoin.

Ao que tudo indica, a narrativa de que o Bitcoin pode proteger investidores de conflitos geopolíticos, desvalorizações das moedas e eventuais intervenções governamentais nas economias prevaleceu. Por serem descentralizadas, as criptomoedas podem proteger investidores do intervencionismo de governos na economia.

A quantidade de reservas de longo prazo de bitcoin segue aumentando. Elas representam moedas que estão há mais de um ano sem serem movimentadas em uma carteira. O aumento é positivo, pois indica uma quantidade maior de investidores de longo prazo, menos suscetíveis a volatilidade e que possuem uma visão construtiva para o Bitcoin.

O maior otimismo no curto prazo pode ser observado pelo preço em que as reservas de curto prazo foram compradas. As reservas de curto prazo se referem as moedas que estão em uma única carteira há um baixo período de preço. A maioria das reservas de curto prazo constituem de moedas compradas entre US$ 38-42K. A alta traz uma expectativa mais otimista para o mercado, que já vem se estendendo para demais moedas (Altcoins).

https://br.tradingview.com/chart/Nuduj8zA/?symbol=BITSTAMP%3ABTCUSD

Diminuição do medo do mercado

Devido à alta do Bitcoin, no dia 28/mar o índice Fear & Greed atingiu um patamar de 60 pontos. O patamar atual é mais otimista do que na semana do dia 14/mar, quando índice estava num patamar de 30 pontos.

O índice Fear & Greed calcula o otimismo ou apreensão dos investidores em relação ao preço do Bitcoin com base na volatilidade, volume, atividade em redes sociais, dentre outras métricas. O índice varia de 0 a 100, indicando otimismo máximo a 100 e pessimismo máximo a 0.

https://alternative.me/crypto/fear-and-greed-index/

Esse valor de otimismo não era visto de 14/nov, quando o Bitcoin estava valendo cerca de 58 mil dólares.

 Regulação de novo, já pode pedir música

No dia 18/mar, a Assembleia de Conservação Ambiental do Estado de Nova York discutiu um projeto para banir a mineração pelo método Proof-of-work, sob alegações de que a atividade é nociva para o meio ambiente e dificulta o atingimento de metas de emissão de carbono. O PoW é um modelo de validação de transações de criptomoedas intensivo em energia elétrica. Por gastar energia elétrica, o PoW é acusado de ser prejudicial ao meio ambiente. Existem outros modelos de mineração menos intensivos em energia elétrica, como o PoS (Proof-of-Stake).  

Ainda não há um desfecho sobre esse projeto. Entretanto, caso seja aceito prejudicaria a rede do Bitcoin no curto prazo, visto que cerca de 20% da mineração nos Estados Unidos está baseada em Nova York. Os Estados Unidos representam cerca de 35,4% de toda a mineração mundial. No longo prazo, a aprovação da proposta deve ter baixo impacto na atividade de mineração e segurança da rede do Bitcoin, a exemplo das medidas restritivas estabelecidas na China em 2021. A rede do Bitcoin utiliza a mineração PoW.  

Em 2021, o governo chinês estabeleceu restrições a negociações de Bitcoin e sua mineração. As restrições abalaram a cotação da criptomoeda, que caiu 40% entre abr/21 e jun/21. Antes do banimento, cerca de 65% da mineração de Bitcoin ocorria na China (vs. 0% hoje). No mesmo período, países como Cazaquistão e os Estados Unidos possuíam 6 e 10% do poder de mineração (hashrate), respectivamente.

Com a represália chinesa, a atividade de mineração rapidamente se realocou pelo mundo. O Cazaquistão concentra hoje cerca de 18% do poder de mineração da rede e os Estados Unidos 34%. A mineração do Bitcoin é responsável pela validação das transações e dá segurança à rede. Apesar de um eventual novo banimento da atividade de mineração poder reduzir momentaneamente a segurança da rede, já vimos a grande adaptabilidade da atividade, que pode ser rapidamente alocada para outros estados ou países.

Ataque Hacker afeta AXS e RON

No dia 29/03 foi identificado que a Ronin Bridge, blockchain paralela à Ethereum sofreu um hack na semana anterior. O ataque afetou os nós validadores da Ronin Network e foi comunicado às 13h no horário de Brasília, pelas redes sociais da Ronin. A Ronin é uma side chain e foi criada para prover transações rápidas, baratas e seguras para os jogadores do Axie Infinity.

O invasor explorou uma brecha na rede para obter as assinaturas do validador da Axie DAO. A obtenção das assinaturas possibilitou a realização de dois saques de 173,600 ether’s e 25,5 milhões de USDC. O montante totaliza 625 milhões de dólares, que representa o maior roubo de um protocolo de finanças descentralizadas (Defi).

Após o ataque, a moeda da Ronin teve uma queda de 20%, já a do Axie Infinity de 7%. A falha é um dos principais riscos ao se investir em protocolos de finanças descentralizadas. Esses protocolos são construídos em cima de uma blockchain principal, mas podem conter erros ou falhas de programação que o tornam suscetível a um roubo. A rede da Ronin possuía somente 9 validadores. Quanto menos validadores uma blockchain tem, mais suscetível a ataques ela é.

Rússia e o Bitcoin

Depois de sofrer diversas sanções e ficar praticamente isolada do sistema financeiro internacional, a Rússia avalia permitir que nações amigas possam realizar pagamentos de petróleo e gás por criptomoedas. Já os países “inimigos” teriam que realizar essas compras em Rublos, a fim da promover o fluxo de capital para o país.

Após o estabelecimento de sanções à Rússia como resposta a ofensiva militar contra a Ucrânia, havia quem argumentasse que as criptomoedas poderiam ser utilizadas para driblar as sanções. Por serem descentralizadas, é difícil que um país restrinja a circulação das criptomoedas.

O ministro de energia da Rússia, Evgeny Grabchak, também afirmou que quer ajustar o vazio regulatório presente no setor de mineração de Bitcoin, preenchendo-o com instruções claras para um desenvolvimento promissor.

Ambos os movimentos são benéficos para o Bitcoin. Em primeiro lugar, aceitar pagamentos de comércio internacional em cripto contribuem para a narrativa de que criptomoedas podem ser utilizadas como meio de trocas. O uso de criptos como meio de troca pode acelerar a busca por essa classe de ativos para fins de pagamentos. Em segundo lugar, a regulação da atividade de mineração tende a incentivar a atividade e aumentar a segurança da rede por aumentar a hashrate.

Hahsrate é o poder computacional da rede. Quanto maior o poder computacional, maior a segurança da rede. A maior segurança da rede tende a ser positiva para a cotação do Bitcoin.

Bitcoin como meio de pagamento

A cidade do Rio de Janeiro, irá aceitar pagamentos em Bitcoin para o IPTU, começando em 2023. Entretanto, o Estado não realizará a custódia e negociação do criptoativos, terceirizando conversão do Bitcoin para reais no momento do pagamento. O secretário de desenvolvimento também disse que essa iniciativa será ampliada para outros impostos e que pretendem utilizar NFTs para a disseminação de práticas culturais e de turismo.

Outra proposta cidade é investir cerca de 1% do Tesouro em criptomoedas, seguindo o exemplo de Miami. A proposta ainda está em estudo. Temos visto a crescente adoção de criptomoedas por governos. A Florida, nos Estados Unidos, quer implementar o pagamento de impostos por meio de criptomoedas. O Colorado aprovou uma lei em que as criptomoedas poderão ser usadas como pagamento de impostos no final de 2022. O processo nesses estados deve ser igual ao do Rio de Janeiro, com a conversão de cripto para dólares por um terceiro no momento do pagamento.

Bitcoin no mundo tradicional

Abaixo, seguem algumas iniciativas que devem contribuir para a maior adoção de cripto por investidores do mercado tradicional. Temos visto cada vez mais iniciativas em 2022.

  • Vice-ministro de Comunicações e Mídias da Malásia diz que o país deve adotar o Bitcoin como moeda, visando fortalecimento da saúde financeira do país.
  • Goldman Sachs realiza primeira operação OTC (Over-the-counter) de opções de criptomoedas.
  • Banco Cowen, de Nova York, criou uma divisão dedicada a negociação e custódia de criptoativos, o banco afirmar já realizar transações em 16 criptomoedas diferentes, além de uma lista de clientes na casa das centenas.
  • Lançado a Haun Ventures, projeto de Katie Haun que captou 1,5 bilhões de dólares para investir em projetos relacionados a web3.

Do lado negativo, a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco da Tailândia anunciou no dia 22/mar que vai banir pagamentos por meio de criptomoedas. O regulador não banirá os investimentos nessa classe.

Fundos de criptoativos (FI e ETFs) registram maiores fluxos de entrada desde meados de dezembro do ano passado

Volume de entrada em produtos de investimento relacionados a criptomoedas, fundos de investimentos e ETFs) atingiram uma alta de 3 meses nesta semana, com fundos da União Europeia liderando as entradas. Produtos de investimento em ativos digitais receberam um total de US$ 193 milhões, sendo US$ 147 milhões (76%) advindos de em fundos de investimento europeus. Esta última semana de entradas marcou uma reversão de tendência após duas semanas consecutivas de saídas. A virada também foi influenciada ao movimento de recuperação do BTC que avançou +14% na semana passada. Esse é mais um fato que reforço o evento conflito Rússia vs. Ucrânia como catalizador da necessidade de ativos não dependentes dos bancos centrais globais ou governos.

https://blog.coinshares.com/volume-72-digital-asset-fund-flows-weekly-report-a4ac4ebf0fff

Empresas da criptoeconomia entrando nas bolsas

Grandes mineradoras em nuvem, BitFuFu e Bitdeer, vão fazer IPO para expandir suas operações. A listagem será na Nasdaq, bolsa de tecnologia dos Estados Unidos.

A mineração em nuvem consiste em alugar equipamentos de mineração para exercer a atividade. Os pontos positivos dessa operação são as menores despesas de depreciação, maior flexibilização em mudar a localidade das operações caso ocorram restrições regulatórias e o menor risco dos equipamentos se tornarem obsoletos.

Outra empresa que entrará na bolsa será a Coincheck, corretora japonesa de criptomoedas. A empresa ingressará na bolsa através de uma fusão com a Spac Thunder Bridge Capital Partners. O negócio foi avaliado em US$ 1,25b.

Além do Bitcoin

Além do Bitcoin, grande parte das criptomoedas tiveram uma valorização na casa dos 20%. Em relação as da top 10 em questão de capitalização de mercado as de grande notabilidade foram a ADA e a SOL, com 34,69% e 26,28% de valorização.

A ADA está nessa ascendência devido a uma série de notícias positivas. As principais foram: liberação do staking (método de validação de blocos da blockchain em troca de recompensas na própria moeda) na Coinbase; aumento de aproximadamente 50% no valor em dólares negociado no protocolo Defi da Cardano, chegando no recorde de 315 milhões de dólares, e; o aumento da capacidade de memória para o desenvolvimento de projetos na área de contratos inteligentes.

A ADA é a moeda nativa da blockchain da Cardano. A Cardano é uma blockchain que permite a construção de funcionalidades diversas em blockchain através da tecnologia dos contratos inteligentes. Para a utilização das funcionalidades da blockchain é necessário pagar taxas em sua moeda nativa.

No caso da SOL, o desempenho positivo foi resultado: do concerto de deficiências nos protocolos de finanças descentralizadas, que vinham tendo problemas de usabilidade; parceria entre a Solana Labs e a desenvolvedora de jogos Krafton, criadora do PUBG, e; a disponibilização de NFTs da Solana no Opensea. Os protocolos de finanças descentralizadas vinham apresentando problemas de usabilidade em função de ataques de DDoS e falhas na rede, comprometendo sua popularização.

OpenSea se aproximando do suporte para NFTs Solana

A OpenSea, principal plataforma de negociações de NFTs, confirmou que os tokens não fungíveis (NFTs) da Solana serão incluídos no seu market place de colecionáveis digitais. Uma NFT é um token negociado em blockchain atrelado a um arquivo em um servidor online. O arquivo geralmente uma imagem ou GIF.

A Solana se tornaria o terceiro protocolo de primeira camada e a quarta rede blockchain cujos NFTs podem ser negociados no OpenSea, depois de Ethereum, Polygon e Klaytn. Em termos de volumes de negociação, Solana hoje fica atrás apenas do líder de mercado Ethereum em vendas de NFT, de acordo com o rastreador de dados CryptoSlam.

Esse movimento abre espaço para a negociação de NFTs com taxas de transação de rede mais atrativas frente as cobradas hoje na rede do Ethereum. Será um meio importante de popularizar e expandir ainda mais o volume de negócios realizados todos os dias na OpenSea.

A diferença da taxa nas transações entre as redes é imensa, a de Solana, nova blockchain aceita na OpenSea possui uma média de 0,00025 dólares por transação, já a de Ethereum é em média de 30 dólares, mostrando uma grande discrepância das taxas de transação entre as redes.

Carrego do Bitcoin em mais de um ano

https://insights.glassnode.com/the-week-on-chain-week-13-2022/

O gráfico acima mostra a porcentagem da oferta circulante do Bitcoin que não é movido a mais de um ano. O aumento de número de investidores de longo prazo é positivo para a cotação, pois: (i) diminui a oferta de criptomoedas, dado que menos investidores estão dispostos a vender, e; (ii) sinaliza haver mais investidores com visão de longo prazo no Bitcoin, menos propensos a vender por acreditarem no ativo.

Esse indicador é importante para a análise, visto que tem relações com os ciclos de topos e baixas da criptomoeda. Quando as reservas de Bitcoin que não foram movimentados no longo prazo diminuem, o mercado está em um possível topo. A redução das reservas mantidas na mesma carteira no longo prazo sinaliza maior especulação, com os investidores estando mais suscetíveis a vender suas criptos. Quando a porcentagem de reservas de longo prazo aumenta os investidores estão menos suscetíveis a especular e mais confiantes com relação a cotação do Bitcoin, tendendo a gerar uma alta nos preços.

No momento atual é possível perceber uma grande porcentagem do Bitcoin sem movimentação há mais de um ano, mostrando otimismo dos investidores e trazendo uma perspectiva positiva para a cotação.

Distribuição de compras do Bitcoin

https://insights.glassnode.com/the-week-on-chain-week-13-2022/

O gráfico acima mostra onde estão concentradas as compras de bitcons realizadas recentemente e realizadas em um prazo mais distante. A compras recentes estão em vermelho e demostram uma grande demanda entre 38 e 45 mil dólares. As compras mais antigas estão em azul e foram feitas em grande parte na faixa dos 45 mil dólares. O fato de muitas pessoas estarem comprando entre 38-45 mil dólares sinaliza que é um ponto em que investidores avaliam que o Bitcoin está barato. Por isso, é provável que o Bitcoin não caia abaixo desse preço. Já o fato de a maioria das compras antigas ter sido realizada ao patamar atual sinaliza uma baixa probabilidade de investidores desfazerem suas posições, pois sairiam no zero-a-zero ou perdendo.

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