As blockchains monolíticas e modulares representam abordagens diferentes para o design e funcionamento de uma blockchain. Uma blockchain monolítica é uma estrutura integrada em que todas as funcionalidades são implementadas dentro de uma única camada. Isso significa que todas as transações, validações e armazenamento de dados são realizados na própria blockchain. A Ethereum, por exemplo, é amplamente conhecida como uma blockchain monolítica, em que todas as operações ocorrem dentro da rede principal.
Por outro lado, uma blockchain modular divide as funcionalidades da blockchain em camadas distintas, permitindo que essas camadas sejam executadas separadamente. Normalmente, essas camadas são divididas em execução, consenso e disponibilidade de dados. Essa abordagem modular visa melhorar a escalabilidade da blockchain, pois permite que diferentes partes do processo sejam otimizadas e aprimoradas independentemente umas das outras.
Uma maneira de implementar a modularidade em uma blockchain é por meio do uso de rollups. Os rollups são camadas adicionais que executam os protocolos fora da rede principal da blockchain. No caso da Ethereum, a adoção de rollups permite a execução de transações e contratos inteligentes em camadas secundárias, enquanto os dados são armazenados na camada principal da Ethereum. Isso otimiza o tempo de execução e reduz as taxas, tornando a blockchain mais escalável.
Além dos rollups, surgiu o conceito de data availability, que envolve terceirizar o armazenamento de dados em uma camada separada. Com o armazenamento de dados em uma camada externa, a blockchain não precisa mais armazenar o histórico completo de transações, tornando-a mais escalável. Essa abordagem garante a disponibilidade dos dados, mesmo se alguns nós perderem parte do histórico. Os dados são distribuídos entre vários computadores, e mesmo que alguns deles falhem, a informação ainda pode ser recuperada dos outros nós. É como um quebra-cabeça em que, mesmo faltando algumas peças, ainda é possível visualizar a imagem completa.
Um exemplo de projeto que busca implementar o data availability é a Celestia. Ela se propõe a fornecer uma camada dedicada ao armazenamento de dados fora da blockchain principal. Isso beneficia a Ethereum, que tende a usufruir de uma melhoria na escalabilidade. Possivelmente, o valor dessa tecnologia pode ser capturado por meio do lançamento de um token próprio, que seria entregue aos participantes que interagem com a Celestia.
No momento, a Celestia está em fase de testes, mas é interessante acompanhar o desenvolvimento desse projeto. O setor de data availability pode ser muito promissor e desempenhar um forte papel na narrativa do próximo ciclo do mercado cripto, já que visa solucionar um dos principais desafios enfrentados pelas blockchains em termos de escalabilidade e armazenamento de dados.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
O mercado cripto está passando por dificuldades, com grandes criptomoedas como Solana, Polygon e Cardano sofrendo quedas significativas. A situação é reflexo da recente ação da Securities and Exchange Commission (SEC) dos Estados Unidos contra as exchanges Binance e Coinbase. A SEC entrou com processos contra ambas no início da semana passada, destacando-se o caso contra a Coinbase, que afetou mais o mercado em geral. Isso se deve em grande parte ao fato de a SEC ter compilado uma lista de 13 criptomoedas que considera serem valores mobiliários, incluindo Cardano, Solana e Polygon, que acumulam uma queda mais expressiva que o resto do mercado.
O mercado cripto já vinha sofrendo com baixa liquidez desde a quebra da exchange FTX, que era responsável pela Alameda, um dos principais formadores de mercado da época. A recente repressão regulatória dos EUA fez com que outros formadores de mercado interrompessem sua atividade no país, precarizando ainda mais a liquidez do mercado. Mais da metade dos bitcoins mantidos por empresas de criptomoedas dos EUA foi transferida para exchanges offshore devido à falta de clareza nas regulamentações nos Estados Unidos. Regiões como a União Europeia e Hong Kong, que possuem regulamentações abrangentes para o setor, estão atraindo investimentos, talentos e empresas de ativos digitais.
Além disso, a plataforma de negociação Robinhood também anunciou a delistagem das criptomoedas que foram mencionadas pela SEC no processo, o que aumentou as preocupações dos investidores em relação a possíveis casos legais. Pelo fato de ainda estarmos com um grande cenário de incertezas regulatórias, não descartamos a possibilidade de outras grandes instituições se desfazerem de ativos que possam considerar arriscados a nível regulatório.
Análise de Mercado
Nesta semana será divulgado o CPI e a decisão da nova taxa de juros pelo FED. O CPI será divulgado hoje e taxa de juros na quarta. As falas de membros do FED nas últimas semanas indicam que a decisão deve ser de continuidade da taxa de juros, para que se necessário, retomar a alta na próxima reunião.
A decisão seria embasada pela trajetória de queda a/a dos salários, demonstrando que o ciclo de aperto monetário está fazendo efeito, e queda do preço das casas. A queda do preço das casas pode sinalizar também uma queda no valor dos aluguéis.
Caso os dados de inflação venham em linha ou abaixo do esperado, e o FED interrompa, mesmo que momentaneamente, o ciclo de aperto monetário, os ativos de risco, como as criptomoedas, podem ter um destrave de valor. Nos últimos dias, as bolsas americanas já vêm subindo, movimento que foi ofuscado em cripto pelo escrutínio de reguladores americanos.
Análise Técnica
O preço do Bitcoin tem apresentado uma redução gradual, aproximando-se do nível crítico de suporte de US$25 mil. Isso ocorre após várias rejeições da média móvel de 50 dias. O valor da média móvel de 200 dias, em torno de US$24 mil, é extremamente relevante, pois serve como um indicador importante da tendência atual. Portanto, é importante que o Bitcoin se mantenha acima desse patamar. Uma quebra abaixo do suporte de US$25 mil e da média móvel de 200 dias pode ter como consequência uma rápida queda em direção aos US$20 mil, prolongando o atual mercado de baixa.
O Bitcoin permanece dentro do canal de baixa, iniciado em abril, quando atingiu os US$ 31 mil. Além disso, o indicador RSI está inclinado para o lado negativo, com valores abaixo de 50%. Consequentemente, é provável que o preço teste o nível de US$25 mil e possa atingir a linha de tendência inferior do canal nas próximas semanas.
ECI (Expresso Cripto Index)
Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 9,4% e 21,8% de performance acumulada, respectivamente. A recente investida da SEC contra a Binance e Coinbase, somada à categorização de inúmeras altcoins como valores mobiliários, fez com que novamente, ativos vistos como incipientes acabassem sofrendo mais. A incerteza regulatória fez com que grandes instituições se desfizessem de ativos semelhantes, ou que compõem, o ECI. Com o atual cenário, o ECI deverá se manter com uma pior performance que o NCI, visto que o Bitcoin é a única criptomoeda que está tendo pouca incerteza quanto a sua classificação como commodity.
Dentre os ativos que compõem o ECI, nenhum ativo teve uma variação de participação superior a 1%. A atual composição do índice pode ser observada na tabela abaixo. Vale ressaltar que esse é um índice passivo, composto pelos 10 protocolos que mais geraram taxas de rede nos últimos 30 dias, com rebalanceamento na primeira terça-feira de cada mês.