As provas de conhecimento zero são um conceito importante em criptografia que vem sendo cada vez mais empregado em blockchains e tem o potencial de revolucionar a tecnologia. Caso você abrisse um cofre, estaria provando saber a senha mesmo sem revelá-la. A prova de conhecimento zero faz o mesmo. Ela possibilita verificar a veracidade de uma informação, mantendo-a em sigilo. Além do benefício mais óbvio, que é a privacidade, a prova de conhecimento zero também beneficia o armazenamento, possibilitando que muitos dados sejam validados com pouca informação.
No mundo das blockchains, o conceito é especialmente importante porque dificilmente uma rede é capaz de ser segura, escalável e descentralizada. Geralmente alguma das características é abdicada em favor das outras duas. Justamente pela otimização do armazenamento, a prova de conhecimento zero pode abrir espaço para uma maior escalabilidade, mantendo, ao menos em grande parte, as demais características.
O conceito de prova de conhecimento zero em blockchain está muito atrelado aos rollups. Os rollups são uma forma de processar transações fora da blockchain principal, enviando somente um resumo para a rede principal. O método reduz a quantidade de dados que precisam ser processados e melhora a escalabilidade e a eficiência. Os ZK rollups, por sua vez, são uma variante dos rollups que usam provas de conhecimento zero para resumir os dados da rede, mantendo a segurança e a privacidade dos usuários.
O recente lançamento de redes ZK Rollups, que eram esperados há muito tempo, devem impulsionar a utilidade de blockchains que antes enfrentavam problemas de escalabilidade, como o caso da Ethereum. Além disso, também possibilita a criação de protocolos com funcionalidades antes inviáveis, tanto pela necessidade de privacidade, quanto pela alta demanda de rede.
O que mais aconteceu na semana?
A criptomoeda da Arbitrum, uma solução de rollup, foi distribuída através de um airdrop para mais de 500 mil carteiras elegíveis, totalizando um valor total superior a US$ 1 bilhão. Mais de 90% das carteiras elegíveis já reivindicaram seus tokens ARB, e a pressão vendedora inicial dos tokens, comumente observada em airdrops, já parece ter encerrado. Após esse airdrop bilionário, os olhos se voltaram para outra concorrente, a zkSync, responsável por desenvolver um rollup baseada em conhecimento zero. A zkSync lançou a versão alpha de sua rede oficial na sexta-feira.
Ontem, as principais criptomoedas tiveram um baque em seus preços devido a um processo aberto pelos reguladores dos Estados Unidos contra a Binance e seu fundador, Changpeng Zhao (CZ). A Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos Estados Unidos (CFTC) apresentou sete acusações contra a Binance global por supostamente desconsiderar as leis federais e por possíveis irregularidades cometidas pela corretora nos últimos anos. As acusações incluem a oferta irregular de derivativos, falhas de supervisão e implementação de mecanismos de combate à lavagem de dinheiro. Uma das maiores revelações do processo foi a descoberta de 300 contas dentro da Binance, direta ou indiretamente ligadas ao CZ, que fizeram negociações OTC tendo clientes da Binance como contrapartes. As transações não eram submetidas a nenhum controle de insider trading.
Análise de Mercado
Na semana passada, o Federal Reserve (Fed) continuou aumentando a taxa de juros em 25 bps mantendo o controle da inflação como prioridade. Embora o aumento tenha sido em linha com as expectativas do mercado, as preocupações com a condição bancária dos EUA pioraram. Além disso, as preocupações também se estenderam para a Europa. Como resultado da crise no Credit Suisse, o banco foi adquirido pelo UBS. O Deutsche Bank também sofreu com o receio de uma possível insolvência, com suas ações tendo tido fortes quedas e CDS atingindo máximas.
Caso a crise bancária se deteriore, poderemos ver um arrefecimento do ciclo de aperto monetário pelos bancos centrais, dada severa desaceleração econômica que uma crise dessa natureza tende a gerar. Devemos ficar atentos na próxima sexta-feira, quando será divulgado o índice de preços de despesas de consumo pessoal dos EUA. Se a inflação persistir, o aperto monetário pode se manter como prioridade.
As incertezas sobre o sistema bancário vêm concentrando os depósitos em bancos maiores e reservas de valor. Sob esta narrativa, o ouro, e potencialmente o bitcoin, apresentaram altas nas últimas 2 semanas. Caso a prioridade do FED siga sendo manter o ciclo de aperto monetário, a correlação do bitcoin com o mercado acionário pode voltar a aumentar, assim como vimos nos últimos meses. Do contrário, se a crise bancária se mantiver ou acentuar, poderemos ver o ativo continuando a se comportar como reserva de valor.
Análise Técnica
O bitcoin formou uma região de congestão próxima à antiga resistência de US$ 28k, com suporte imediato em US$ 26,6k e resistência imediata em US$ 29k. Esta região de congestão é considerada fraca e pode sofrer rompimentos sem grandes volumes de nogicação, para ambos os lados.
O próximo suporte forte está em US$ 25,2k e a próxima resistência a ser observada está em US$ 31,5k. O índice de força relativa indica um mercado em equilíbrio, mas com uma perda de força de tendência. A análise sugere que o BTC está em um momento de correção e pode cair até o próximo suporte em US$ 25.250. Devemos nos ater à narrativa macroeconômica predominante dos próximos dias, que possivelmente ditará a direção que o bitcoin tomará.
ECI (Expresso Cripto Index)
Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 12,7% e 26% de performance acumulada, respectivamente. A recente alta no mercado cripto após o susto presenciado no sistema bancário e reflexo negativo no cenário macroeconômico na semana passada beneficiou primariamente o bitcoin. Enquanto o ECI é composto por ativos mais incipientes, o NCI é majoritariamente composto por bitcoin, o que corroborou para a grande diferença criada entre os índices.
Dentre os ativos que compõem o ECI, podemos destacar o Ether, que ganhou ganhou 1,73 pp de participação no índice. O ganho de participação do Ether tem muito a ver com a maior desvalorização dos outros ativos que compõem o índice.