Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 17 de Julho às 23:10:04

O que é e como usar o hold alavancado?

“Quer alavancar? Então, segura peão”

Após uma estagnação em 2022, o número de endereços em blockchains proof-of-stake teve um aumento significativo no segundo trimestre de 2023, saltando de 3,7 para 5,29 milhões. A dominância do Bitcoin também foi uma sinalização positiva para o apetite de risco do mercado,  tendo contraído 1,5 ponto percentual desde a semana passada. Esses dados não são os únicos responsáveis pelo nosso otimismo, mas fazem parte de um conjunto de acontecimentos que na nossa avaliação podem trazer “momentum” para o mercado cripto.

O primeiro acontecimento foi um julgamento favorável no caso da Ripple em um processo que se arrastava por mais de quatro anos. Neste processo, a empresa respondia a acusação da SEC de que havia feito a oferta pública sem registro de um suposto valor mobiliário, o token XRP. A vitória cria um precedente favorável não apenas para a Ripple, mas também para outros tokens que têm pautas de discussões similares.

Um outro evento favorável é o potencial retorno dos investidores institucionais para o mercado cripto, com o aumento nos pedidos de ETFs à vista de Bitcoin, um deles já tendo sido aceito na Europa. Em paralelo, o cenário macroeconômico, que pesou sobre os ativos de risco no último ano, tende a pesar menos daqui em diante. A inflação vem arrefecendo e indiscutivelmente aparenta estar mais próxima de deixar de ser um ponto de preocupação para o Fed, abrindo margem para a discussão sobre o encerramento do ciclo de aperto monetário.

O mercado cripto já está bem menos alavancado do que estava em 2021, tendo enfrentado a quebra de inúmeras exchanges e empresas do setor. Além disso, no ano que vem acontecerá o halving do Bitcoin, que apesar de discutível em termos de fundamentos, foi o driver dos 3 últimos bull markets vivenciados pelo mercado cripto.

Diante dessas perspectivas e da eventual falta de caixa de investidores, estivemos refletindo sobre como aumentar a exposição para melhor aproveitamento de um novo bull market. Uma das nossas ideias foi a estratégia de “hold alavancado”, ou seja, emprestar recursos com o objetivo de montar uma posição de médio ou longo prazo.

Em uma operação hipotética, com 50 dólares, alavancados em 2 vezes em ether, poderíamos comprar 100 dólares. Caso o preço do ether chegue novamente à máxima histórica, 4.780 dólares, a posição alavancada geraria ganhos de 5 vezes, versus 2,5 vezes uma posição convencional. Do lado negativo, se o ether cair pela metade, para aproximadamente 1000 dólares, perderíamos os 50 dólares.

Obviamente, para alavancar é preciso ponderar a relação risco e retorno, mas no contexto atual poder ser uma alternativa interessante para aumentar a exposição à cripto, principalmente para investidores mais arrojados. O segredo é não exagerar na dose de alavancagem para não tomar um “tombo”.

O Que Mais Aconteceu na Semana?

Como comentamos na introdução, nesta semana, tivemos uma das maiores vitórias para o mercado cripto em muito tempo. A juíza Analisa Torres, que preside o processo da SEC contra a Ripple Labs, emitiu um julgamento prévio para alguns pontos do caso. Torres decidiu que as vendas institucionais de XRP pela Ripple, ou seja, a venda direta de XRP para VCs, fundos de hedge e executivos, são consideradas transações de valores mobiliários, enquanto as vendas secundárias e outras distribuições de XRP não se enquadram nessa categoria.

Antes de entender a decisão sobre o caso Ripple, vale ressaltarmos o teste de Howey, que foi fator primordial para a decisão de Torres.  O teste de Howey é um critério usado para determinar se uma transação se qualifica como um investimento em valor mobiliário nos Estados Unidos. Ele foi estabelecido com base no caso SEC contra W.J. Howey Co., em 1946. Para que uma transação seja considerada um investimento de valor mobiliário de acordo com o teste de Howey, ela deve atender três requisitos principais: (i) envolver o aporte de dinheiro em uma empresa ou empreendimento; (ii) os investidores devem esperar obter lucros futuros a partir do investimento; (iii) os lucros esperados devem ser resultado dos esforços de terceiros. Se uma transação atender a esses requisitos, ela pode ser considerada um investimento de valor mobiliário e estará sujeita a regulamentações da SEC.

Em resumo, no caso Ripple, foi decidido pela juíza que, se você comprou XRP diretamente da Ripple, ao invés do mercado secundário, sua compra foi considerada uma transação de valores mobiliários que deveria ter sido registrada na SEC, pois atendia a todos os requisitos do teste de Howey. Por outro lado, as vendas secundárias de XRP feitas pela Ripple através de exchanges, centralizadas ou descentralizadas, não foram consideradas valores mobiliários. Segundo a decisão, os investidores que compraram XRP no mercado secundário não saberiam que seus recursos estivessem sendo destinados à Ripple Labs, e portanto, que haveria esforços de terceiros para obter lucros.

Entretanto, é importante lembrar que o julgamento não é definitivo, ainda há questões pendentes a serem julgadas e ambas as partes podem entrar com recursos. Além disso, algumas análises argumentam que a decisão da juíza pode ser contestada em um tribunal superior.

O principal insight a ser levado em consideração é o precedente e a jurisprudência criada quanto a categorização de um ativo. A decisão do tribunal de NY está dizendo que um token é considerado um valor mobiliário a depender do contexto em que foi vendido. O mesmo token pode ser considerado um valor mobiliário em algumas situações, mas não em outras.

A decisão de Torres defende um redirecionamento da atenção regulatória para regular as ações do emissor, ao invés de regular o próprio token. Isso pode não parecer muito, mas na verdade é uma grande mudança de perspectiva. Por muito tempo, os órgãos reguladores optaram por ignorar o fato de que a tokenização é uma tecnologia de uso geral, e não um instrumento financeiro específico. O futuro do XRP ainda é incerto, então é importante mantermos a cobertura sobre as próximas etapas e possíveis desdobramentos do caso.

Análise de Mercado

Nesta semana, os mercados tradicionais tiveram uma alta impulsionados por dados de inflação positivos nos Estados Unidos. O Bitcoin não conseguiu surfar a onda de alta, mantendo a mesma faixa de negociação de preços e reforçando a redução de correlação com os mercados tradicionais. O próximo grande evento que os mercados aguardam é a reunião do FOMC em 26 de julho.

Os dados atuais sugerem que o Fed retomará seu ciclo de aumento das taxas com um aumento de 25 pontos base. Resta saber se a divulgação de novos dados econômicos irá contribuir com a narrativa de que o Fed tenha atingido o pico da curva de juros, ou se mais aumentos serão necessários.

Análise Técnica

Bitcoin | Período: 1 dia

A análise do gráfico diário do Bitcoin revela a formação de um padrão de topo duplo, sugerindo uma perspectiva bearish próximo à região de US$ 30k. Além disso, o preço enfrenta uma resistência significativa proveniente da linha média do canal de alta. É importante destacar que essa linha de resistência tem limitado o avanço do preço desde a perda dos US$ 28k em maio.

Além disso, a divergência entre o preço e o indicador RSI indica uma possível mudança na condição do mercado, saindo de uma tendência de alta para uma possível tendência de baixa. Caso a pressão de venda prevaleça, o próximo alvo do Bitcoin seria a média móvel de 100 dias, localizada em torno de US$ 28k.

Expresso Cripto Index (ECI)

Nesta semana, o ECI e seu benchmark, o NCI, alcançaram 25,3% e 38,4% de performance acumulada, respectivamente. O resultado favorável à Ripple no processo contra a SEC trouxe maior ânimo às altcoins, beneficiando o ECI.

Não houve variação relevante na composição dos ativos que compõem o índice. A atual composição do índice pode ser observada na tabela abaixo. Vale ressaltar que esse é um índice passivo, composto pelos 10 protocolos que mais geraram taxas de rede nos últimos 30 dias, com rebalanceamento na primeira terça-feira de cada mês.

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