Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 07 de Agosto às 20:44:46

Por que esses tokens deveriam valer ZERO?

“Como um bom castelo de cartas, podem desmoronar…”

Tokens de governança têm sido uma tese atraente para investidores, prometendo uma possível transição para um modelo econômico no qual as taxas geradas pelos protocolos seriam convertidas em benefício a seus detentores, remunerando o capital alocado no protocolo. Esse conceito se assemelha ao modelo das ações, concedendo direito de voto e remuneração ao detentor do ativo. No entanto, a probabilidade de que essa tese se materialize pode ser remota em alguns casos.

Um exemplo é o cenário das exchanges descentralizadas (DEXs), como evidenciado por um estudo que analisou pools de liquidez na Uniswap, onde 49,5% dos provedores de liquidez enfrentaram retornos negativos devido à perda impermanente. Esse fenômeno ocorre porque o valor alocado em um par de ativos no pool pode se desvalorizar em termos relativos quando comparado a uma alocação fora do pool. Como a remuneração dos pools geralmente deriva das taxas de transação, se elas passassem a remunerar os detentores de tokens de governança, as perdas dos provedores de liquidez aumentariam, possivelmente fazendo com que deixem o protocolo. Isso poderia colocar em risco o modelo de negócio da exchange, que requer liquidez para operar.

Outro fator relevante é que tokens de governança que não geram retorno econômico claro e não possuem uma utilidade nítida, diferentemente do Bitcoin ou Ethereum, podem ser considerados ativos sem valor intrínseco. Além disso, se esses tokens começarem a remunerar seus detentores, podem ser enquadrados como valores mobiliários, enfrentando obstáculos regulatórios em sua oferta.

Apesar dessas preocupações, não devemos ser pessimistas em relação a todos os tokens de governança. Protocolos como Lido e AAVE, por exemplo, parecem ter fundamentos mais sólidos para justificar uma eventual alteração de política econômica, embora ainda estejam sujeitos às discussões regulatórias. O cenário atual mostra que, especialmente em DEXs, essa tese pode ser um castelo de cartas com riscos reais de desmoronar.

O Que Mais Aconteceu na Semana?

A corrida pelo primeiro ETF de Ethereum teve início na semana passada, com seis instituições submetendo requerimentos à SEC para lançar ETFs baseados em futuros de ETH, seguindo o crescente interesse em ETFs de BTC. Caso a SEC não rejeite essas solicitações, os ETFs de Ether serão lançados 75 dias após a data de apresentação, sendo o primeiro previsto para 12 de outubro. O recente interesse em ETFs relacionados a criptomoedas foi catalisado por grandes instituições como a BlackRock, que entrou com pedido para seu ETF de BTC recentemente. A Grayscale também defendeu que a SEC deveria aprovar todos os pedidos de ETF de bitcoin simultaneamente para assegurar tratamento igual. Os possíveis impactos positivos para o Ethereum são promissores, embora obstáculos regulatórios precisem ser superados antes de vermos um ETF de Ether, especialmente considerando a abordagem da SEC em relação à classificação do ETH como um possível valor mobiliário.

Outra notícia importante da semana foi o surgimento de rumores da possível insolvência da Huobi, sexta maior exchange em volume de ativos sob custódia. Rumores de prisões de executivos da exchange foram divulgados, alimentando o receio quanto a situação da exchange. Os saques e a incerteza resultaram em uma queda no saldo total de criptomoedas da Huobi, de US$ 3,1 bilhões no início do ano para US$ 2,5 bilhões no momento da notícia.

Por último, mas não menos importante, nesta segunda-feira o PayPal anunciou o lançamento de sua própria stablecoin, chamada PYUSD. A stablecoin é atrelada ao dólar e emitida pela Paxos, apoiada por depósitos em dólares e títulos do Tesouro americano. Construída na Ethereum, a PYUSD será usada para pagamentos digitais. Com mais de 350 milhões de usuários ativos, o PayPal busca fortalecer sua presença no mercado de pagamentos cripto. A nova stablecoin, pode contribuir para tornar o PayPal um líder nesse segmento.

Análise de Mercado

Preocupações inflacionárias começaram a ressurgir no mercado, impulsionadas por dados de salários fortes nos EUA e um recente aumento nos preços do petróleo e da energia. Nesta semana, a atenção do mercado estará voltada para os dados de inflação a serem divulgados no final da semana, com o índice de preços ao consumidor (CPI) e o índice de preços ao produtor (IPP) programados para serem divulgados na quinta e sexta-feira, respectivamente. O mercado está antecipando um aumento no CPI para 3,3% em relação a 3%. À medida que o mercado começa a reagir às pressões inflacionárias, uma leitura acima do esperado pode provavelmente pressionar os ativos de risco para baixo, incluindo criptoativos.

Análise Técnica

BTC/USD | Período: 1 dia

O preço do BTC permaneceu relativamente estável na última semana, fechando um pouco abaixo de US$29.200, enquanto o mercado de criptomoedas em geral reduziu parte dos ganhos da semana passada. Acreditamos em uma ação de preços lateralizada no curto prazo, até que as primeiras decisões sobre os ETFs sejam anunciadas, no início de setembro.

O gráfico diário apresenta um movimento de correção desde a rejeição dos US$30.000, com um recuo em direção à média móvel de 100 dias em US$28.500. Essa média móvel tem sido um suporte sólido, evitando quedas mais acentuadas por vários meses. No entanto, uma queda abaixo da média móvel de 100 dias pode indicar o foco dos vendedores na média móvel de 200 dias e na extremidade inferior do canal de alta. A média móvel de 200 dias é relevante pois pode atuar como suporte e impulsionar o preço para cima. Caso o BTC encontre suporte nas médias móveis de 100 ou 200 dias e finalmente conseguir recuperar o nível de US$30.000, somado às decisões favoráveis aos ETFs, podemos presenciar um rali em direção à zona de resistência de US$38.000 nas próximas semanas.

No mundo on-chain, tivemos um novo recorde para a métrica de detentores de BTC de longo prazo. Para ser contabilizado como detentor de longo prazo, a carteira deve manter suas moedas por mais de 155 dias, indicando a tendência de maior confiança no ativo. Hoje, 75% do total de moedas em circulação está em posse de detentores de longo prazo. Além disso, a volatilidade percebida do BTC diminuiu significativamente, atingindo mínimos históricos. Esse padrão de baixa volatilidade foi observado em fases de acumulação após mercados de baixa.

ECI (Expresso Cripto Index)

O Expresso Cripto Índice é um índice passivo que tem como objetivo seguir os 10 protocolos que mais geraram taxa nos últimos 30 dias. O rebalanceamento do índice é feito na primeira semana de cada mês, seguindo os critérios mencionados. O ECI acumulou 18,5% de valorização, contra 34,6% do NCI, seu benchmark.

Neste rebalanceamento de agosto, a principal alteração na composição do ECI ficou por conta da saída dos tokens GMX e dYdX, e a entrada dos tokens MKR e XVS, ambos do setor de finanças descentralizadas. O MKR é o token de governança da MakerDAO, protocolo responsável pela emissão da terceira maior stablecoin do mercado, a DAI. O XVS, por sua vez, é o token de governança do protocolo Venus. O Venus é um dos principais e mais antigos protocolos de empréstimos cripto desenvolvidos nativamente na rede BNB, antiga Binance Smart Chain.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações