Um valuationnada mais é do que uma estimativa do quanto algo vale. Para fazer um valuation é necessário projetar o fluxo de caixa de um determinado ativo e trazê-lo a valor presente. O fluxo de caixa corresponde ao quanto o ativo vai retornar em dinheiro para o investidor. Como esse retorno virá ao longo de vários anos, precisamos calcular o quanto cada pagamento corresponde a valores de hoje. Uma das razões para precisarmos trazer os fluxos de caixa a valor presente é a desvalorização do dinheiro. Considerando que R$ 100 há 10 anos valiam muito mais do que R$ 100 hoje, não podemos assumir que um pagamento de R$ 100 no ano que vem e daqui a 10 anos tem o mesmo valor. Apesar deste racional ajudar a explicar, na prática, a taxa de desconto é definida pelo custo de oportunidade do investimento, ou seja, o melhor retorno alternativo disponível assumindo o mesmo nível de risco. O conceito também pode ser entendido como o quanto de retorno você demanda ao fazer um investimento.
Quando falamos de ativos que não têm uma data de vencimento, precisamos calcular o seu valor na perpetuidade. A perpetuidade corresponde a fluxos de caixa que crescem à mesma taxa indefinidamente. Algumas teorias financeiras, como o modelo de dividendos descontados, buscam precificar a perpetuidade. No modelo de precificação de dYdX, que nos propusemos a desenvolver nas últimas 2 newsletters, utilizamos uma taxa de crescimento na perpetuidade de 5% e taxa de desconto de 30%. A taxa de desconto que assumimos é uma aproximação do valor utilizado por fundos de venture capital ao investirem em startups late stage, ou seja, em estágios mais maduros de desenvolvimento. Consideramos dYdX como late stage por já gerar fluxo de caixa, ter produto desenvolvido e ser uma das líderes em seu segmento.
Antes de precificarmos a perpetuidade, construímos um fluxo de caixa e um demonstrativo de resultado de 10 anos com base em projeções de mercado, operacionais e financeiras. Como premissas de mercado consideramos o avanço da penetração do notional do mercado de derivativos de cripto para 6% de todo o mercado (vs. 1,78% em 2022) e o aumento do market share da dYdX para 5% de todas as plataformas de derivativos de cripto em 10 anos (vs. 2,04% hoje). Consideramos uma receita de 0,025% do notional dos contratos negociados e uma margem líquida de 80%, dada estrutura de custos e despesas enxuta, benefícios tributários e descentralização do protocolo.
Como o protocolo possui incentivos que mitigam os custos e despesas atualmente, assumimos margem liquida de 100% até 2026, ano que a entrada de tokens em circulação encerra. Posteriormente, as taxas de transação precisarão ser alocadas para a remuneração dos stakeholders. O resultado do valuation foi um market cap alvo de US$ 1,662b (2023E), 1,6% de potencial de queda em relação ao market cap atual de US$ 1,69b. Vale ressaltar, no entanto, que assumimos premissas conservadoras, e que a depender da curva de adoção vemos um potencial de que o protocolo possa capturar mais valor. Por ser um exercício, reiteramos que a análise não constitui recomendação de investimento.
O Que Mais Aconteceu na Semana?
Uma nova preocupação envolvendo exchanges centralizadas paira sobre o mercado cripto. Os recentes acontecimentos envolvendo a FTX criaram um precedente para que a pressão das autoridades sobre outras empresas do mercado cripto aumentasse. Dada a relevância no mercado, a Binance foi uma das empresas que voltou a atrair a atenção das autoridades. Inúmeras manchetes de portais de notícias voltaram a comentar sobre os casos de investigações antigos da corretora. As investigações sobre a Binance datam de 2018, e recaem sobre diversos executivos da empresa, incluindo o CEO Changpeng Zhao (CZ), por suposto envolvimento em crimes financeiros como lavagem de dinheiro, quebra de sanções e evasão de divisas.
Essas alegações voltaram à tona nesta segunda-feira, coincidindo com o período em que o ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried (SBF), foi preso e intimado a depor em solo americano no caso envolvendo as empresas que fundou. O timing das notícias envolvendo a Binance levantou suposições de que as alegações contra a empresa de CZ possam ter retornado como forma de ofuscar o julgamento de SBF. A teoria ganhou força após a declaração de que o portal de notícias The Block, recebeu fundos não discriminados diretamente de SBF. CZ afirma que as alegações são infundadas e tudo não passa de uma cortina de fumaça para o caso FTX. Apesar das alegações não terem sido comprovadas, recomenda-se a retirada de fundos da Binance.
Essa semana também ocorreu o anúncio da data para a próxima atualização da Ethereum. Conhecido como Shangai Fork, a próxima atualização deve ocorrer em mar/2023. O principal objetivo do Shangai Fork será a permissão para a retirada dos Ether’s em stake na rede Ethereum. Os Ether’s em stake são utilizados pela Ethereum como colateral para a validação das transações que ocorrem na rede. Os usuários que escolhem fornecer os Ether’s para stake são recompensados com parte das taxas das transações da rede. Acreditamos que a permissão para o saque dos Ether’s pode ser benéfica para a entrada de novos Ether’s em stake. Pressupomos que muitos usuários optam por não delegar seu Ether’s justamente pela falta de clareza sobre a data em que poderão ser sacados.
Análise de Mercado
Essa semana ocorrerão importantes eventos econômicos no mercado que poderão servir como gatilho para quebrar a baixa volatilidade dos últimos 12 dias. A divulgação dos dados de inflação americana acontecerá hoje pela manhã, mas o destaque da semana ficará para a decisão sobre a nova taxa de juros nos EUA, que acontecerá na quarta-feira (14). Nessa reunião, espera-se que o FOMC eleve a taxa base atual de juros em 50 pontos base.
O aumento em 50 pontos base marcará o início da redução no ritmo de aumentos de juros promovidos pelo Fed. Apesar disso, acreditamos que o pico da inflação não deve ocorrer tão cedo, mas sim em algum momento em 2023. Devemos nos atentar ao tom nas falas de Jerome Powell, pois os ativos de risco permanecerão sendo prejudicados pelas políticas macroeconômicas enquanto não tivermos no horizonte o momento efetivo de início de redução de juros.
Análise Técnica
A semana foi marcada pela baixa volatilidade do BTC que permanece na região de congestão formada a mais de um mês, com resistência imediata em U$17.550 e suporte imediato em U$15.500. A MME 50 (média móvel exponencial de 50 períodos) em U$17.650 está muito próxima da resistência imediata, o que torna essa região de resistência ainda mais forte. Devido à falta de volume comprador e recente queda de credibilidade no mercado cripto, não acreditamos em uma escalada do BTC no curto prazo.
Acreditamos em um movimento negativo no curto prazo, que pode ser iniciado por um pivot de baixa com o rompimento do suporte imediato. Os alvos a serem mirados são o próximo suporte em U$14.360, seguido pelo alvo em 78,6% de Fibonacci, na região dos U$13.900, com objetivo final no suporte em U$13.000.
O Índice de Força Relativa – IFR 14- que mede a força da tendência, está na linha dos 50 pontos, indicando uma fase de acumulação. Dessa forma, aguardamos o rompimento do suporte ou da resistência imediata para a caracterização de uma tendência.
ECI (Expresso Cripto Index)
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