Ao contrário do esperado, a Ata da última reunião do Copom que decidiu reduzir a taxa de juros SELIC em 0,25 pontos de porcentagem com um placar dividido de 4 votos a fator de redução de 0,5p.p. e 5 votos a favor de – 0,25 p.p., não conseguiu convencer totalmente os investidores a razão do dissenso. Concretamente, o que deixou os investidores em dúvida foi a afirmação da Ata de que a avaliação consensual por parte dos dirigentes do Copom foi de que as condições econômicas entre esta reunião e a reunião anterior mudaram de forma significativa, o que exigia uma mudança na politica monetária.
Entretanto, apesar deste consenso, quatro dirigentes decidiram seguir a orientação dada na reunião anterior e votaram por uma redução de 0,5 p.p. Se houve consenso em relação às condicionantes do movimento, porque o dissenso das decisões?
Ao mesmo tempo, dois dos dirigentes que votaram por uma queda de 0,5 deram declarações tentando justificar seus votos. Em especial, um dos dirigentes chegou a reclamar em público que o Presidente do Banco Central não havia conversado com os outros diretores sobre a possibilidade de nao respeitar o forward guidance da reunião anterior. O que levou o Presidente a declarar que a prática no Copom não era discutir antes as decisões e que cada membro tinha a liberdade de agir de acordo com sua consciência.
No final ficou a impressão de que ou houve alguma interferência politica no processo decisório ou faltou experiência dos quatro novos membros no processo decisório do Copom.
O resultado é que as futuras decisões do Copom serão olhadas com lupa por parte dos investidores e o comportamento das expectativas para a inflação em 2024, 2025, 2026 e 2027 serão, provavelmente, um dos fatores determinantes das decisões do Comitê.