Economia

Publicado em 18 de Setembro às 18:10:14

A vitória oculta de Powell

Um ponto foi pouco comentado após a decisão do banco central norte-americano (Federal Reserve) de retomar o ciclo de afrouxamento monetário nessa quarta-feira (17/09) com um corte de 25 pontos base: a divergência de apenas um membro.

Nas semanas que antecederam a reunião, declarações distintas dadas por vários diretores do Fed davam a entender que haveria aqueles que votariam pela manutenção de juros nessa reunião de setembro, além dos que efetivamente votaram por cortes de 25 bps e 50 bps, totalizando três votos discordantes.

Apesar de ocorrer menos frequentemente no caso do Fed, votos divergentes entre os diretores de um comitê de política monetária são bens comuns dentro do colegiado de outros bancos centrais, embora nem sempre livre de intercorrências, sendo o Banco da Inglaterra (BoE) um dos exemplos mais notórios. Nas últimas 7 reuniões de política monetária houve pelo menos um voto dissidente em 6 delas.

No caso particular da reunião de agosto, pela primeira vez na história, a decisão teve que ir para o 2º turno por conta da falta de consenso, com o placar final ficando em 5 a 4 a favor de um corte de juros de 25 bps na taxa de juros de referência, que saiu de 4,25% para 4,00% ao ano. Tal ocorrência despertou dúvidas quanto à capacidade da presidência do banco central inglês em formar consensos para a condução da política monetária em momentos complexos como o atual.

Por outro lado, Alan Greenspan, que foi presidente do banco central dos Estados Unidos entre 1987 e 2006, era conhecido pela sua habilidade em gerar consensos e, consequentemente, respostas coordenadas de política monetária sob a sua liderança.

Traçando paralelos com a situação presente, mesmo em vista do cenário econômico difícil e da reunião de setembro ter sido muito antecipada por parte dos investidores, o atual presidente do Fed, Jerome Powell, parece ter conseguido navegar bem nos bastidores assim como o seu predecessor. Powell logrou formar uma massa crítica suficiente no colegiado do Fed em torno do corte de 25 bps e posicionou a autarquia habilmente entre a necessidade de endereçar o enfraquecimento do mercado de trabalho por um lado e defender a independência da autoridade monetária frente as tentativas de interferência do governo por outro.

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