Foi anunciado nessa quinta-feira (08/05) o primeiro acordo comercial dos Estados Unidos dentro do prazo de 90 dias dado pelo governo Trump para reimplementar as tarifas recíprocas. O tratado se deu com um aliado histórico, o Reino Unido, que desde o início adotou uma postura oposta tanto do Canadá como da União Europeia, preferindo não ameaçar os EUA com tarifas de caráter retaliatório.
O Departamento do Comércio dos EUA (U.S. Department of Commerce) prevê que o acordo comercial com o Reino Unido deve gerar US$ 5 bilhões de novas oportunidades de negócio para os exportadores norte-americanos e US$ 6 bilhões em receitas oriundas das tarifas de importação. As tarifas recíprocas de 10% anunciadas no “Liberation Day” no dia 2 de abril permanecem, ante o patamar geral de 3,4% que os EUA cobravam sobre os bens e serviços provenientes do Reino Unido antes disso. Já as tarifas britânicas incidentes sobre as exportações americanas sofreram uma redução de 5,1% para 1,8%.
Além de garantir acesso ao mercado britânico de itens como etanol, carne, cereais, frutas, vegetais, bebidas, têxteis, químicos e maquinaria de origem americana, os principais destaques do acordo ficaram restritos a quatro pontos específicos envolvendo a indústria automobilística, de aviação, farmacêutica e de aço e alumínio.
A exportação de automóveis para os EUA ganhou uma cota de importação de 100 mil unidades por ano, que ficara sujeita a tarifa recíproca de 10%, ao passo que toda unidade que exceder esse limite será taxada em 25%. Já a empresa de aviação americana Boeing foi contemplada com US$ 10 bilhões em compras do Reino Unido, uma vez que existe uma parceria de longa data com a fabricante britânica de motores Rolls-Royce. Por fim, o acordo também promove interesses compartilhados de segurança nacional de ambos os países ao reforçar a cadeia de suprimentos de produtos farmacêuticos e ao criar um novo arcabouço para as indústrias de aço e alumínio.
O anúncio desse acordo comercial entre os EUA e o Reino Unido ajudou a diminuir a incerteza econômica nos dois países e coincidiu com a reunião de decisão da taxa de juros do Banco da Inglaterra (BoE). O Comitê de Política Monetária (MPC) optou por cortar a taxa básica de juros em 25 pontos base, para 4,25% ao ano com a queda das incertezas tarifárias. Mesmo assim a decisão não se deu de forma unânime, com 5 diretores votando por um corte de 25 bps, 2 votando por um corte maior de 50 bps e 2 optando por manter o juro básico inalterado em 4,50% a.a.
Por outro lado, o Comitê reconheceu que a inflação pode sofrer um repique nos próximos meses e atingir o pico de 3,5% a/a no 3º trimestre de 2025, mas que passará a recuar depois disso, assumindo um caráter transitório. O crescimento do PIB desse ano também foi revisto para cima, de 0,75% para 1,0%.
Esses fatores em conjunto fazem parecer que a decisão do BoE de corte de juros agora em maio foi precipitada, mas as projeções do banco central inglês para o cenário futuro, que correspondem ao horizonte relevante de política monetária, nos ajudam a entender melhor essa decisão. As estimativas agora são de que a inflação convergirá para a meta de 2,0% no 1º trimestre de 2027, ante o 3º trimestre de 2027 na previsão anterior. Por sua vez, o PIB de 2026 sofreu revisão baixista, de 1,50% para 1,25%.