Economia

Publicado em 13 de Junho às 19:50:27

Apenas uma sinalização simbólica ou uma mudança efetiva de rumo?

Embora a fala do presidente Lula de que “o aumento da arrecadação e a queda dos juros permitirão a queda do déficit” tenha sido a que mais contribuiu para fazer preço nos mercados na quarta-feira (12/06), o movimento de aversão ao risco foi exacerbado pelo fato de terem havido declarações parecidas feitas por outros membros do governo. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu que seria um erro desvincular as aposentadorias do salário-mínimo e que a revisão dos pisos constitucionais de saúde e educação seriam os últimos itens da lista da agenda de revisão de gastos.

Após um dia de grande instabilidade nos preços dos ativos, com forte depreciação do real, abertura da curva de juros e desvalorização do Ibovespa na quarta-feira (12/06) em vista do crescente risco de deterioração fiscal, ontem (13/06) houve um esboço de melhora. Apesar do Ibovespa ainda ter encerrado o pregão em queda, o real devolveu parte das perdas da quarta-feira e a curva de juros reverteu, ainda que apenas parcialmente, uma fração do movimento de abertura do dia anterior.

Isso se deveu a ênfase maior que, após a forte piora nos mercados, a equipe econômica do governo prometeu dar a agenda de corte de gastos, assegurando uma “revisão ampla, geral e irrestrita” das despesas. Uma vantagem dessa agenda é que, diferentemente da política do governo de aumento de impostos, que já vinha dando sinais de esgotamento, a atual composição do Congresso não só é mais simpática a agenda de corte de gastos como também já cobrou ações nesse sentido por parte do Executivo.

Contudo, dados os grandes embates travados dentro do próprio governo e o recente fortalecimento da ala política capitaneada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, em detrimento da ala econômica, os investidores ainda se perguntam se essa disposição mostrada pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento em levar adiante a agenda de revisão de gastos configura apenas uma sinalização simbólica para acalmar o mercado financeiro, ou se esse movimento representa, de fato, uma mudança efetiva na forma como a política econômica do governo vai endereçar o ajuste fiscal daqui em diante.

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