Economia

Publicado em 14 de Julho às 17:46:16

Arrefecimento à vista

Ontem, tivemos a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), que serve como proxy mensal do PIB, referente ao mês de maio. Nesse sentido, de acordo com o BC, o indicador registrou contração de 0,74% m/m, vindo pior do que a projeção mais pessimista do mercado e significativamente pior do que o consenso de estabilidade para o mês (Broadcast+).

De acordo com os dados, em maio, o desempenho negativo do IBC-Br foi impulsionado principalmente pelo recuo de 4,2% m/m da agropecuária, revertendo parcialmente as fortes altas observadas nos dois primeiros meses do ano. Na mesma direção, a indústria registrou contração de 0,52% m/m, dando continuidade à queda de 1,24% m/m do mês imediatamente anterior, sendo prejudicado pelo cenário marcado por uma Selic significativamente contracionista e a elevação das incertezas tanto domésticas quanto internacionais. Por fim, o setor de serviços ficou virtualmente estável no mês, permanecendo no patamar mais elevado já registrado em sua série histórica, após acumular altas nos 4 meses imediatamente anteriores.

Com estes resultados, o IBC-Br ex-agro, indicador que busca capturar um movimento mais cíclico da economia, recuou 0,31% m/m, interrompendo uma sequência de duas altas consecutivas observadas nos meses imediatamente anteriores, corroborando a nossa perspectiva de arrefecimento moderado da economia nos próximos trimestres com uma queda de menor intensidade do que o índice cheio.

Na nossa avaliação, o crescimento da economia em 2025 se beneficia da forte expansão da agropecuária, que em conjunto dos seus spillovers sobre os demais setores da economia, deve sustentar um ritmo de expansão bastante robusto do PIB no ano, sobretudo nos primeiros seis meses do ano. No que diz respeito ao segundo semestre, ressaltamos que as políticas de estímulo à demanda já anunciados desde a virada do ano somado ao pagamento de precatórios na ordem de R$ 70 bi no mês de julho devem contribuir para sustentar o crescimento, ainda que em menor magnitude, na segunda metade de 2025.

Se, por um lado, um maior dinamismo da economia contribui para uma boa evolução das receitas do governo, por outro, deve contribuir para manter o canal de transmissão da política monetária obstruído, fazendo com que a taxa de juros permaneça no atual patamar contracionista por mais tempo. Em posse dos indicadores antecedentes divulgados até agora, mantemos por ora a nossa projeção de crescimento do PIB no 2T25 em 0,5% t/t e de 2,4% para o ano cheio.

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