Economia

Publicado em 26 de Setembro às 18:49:13

Ata do Copom e Federal Reserve mais duro continuam a mexer com os preços dos ativos financeiros

O Banco Central do Brasil divulgou ontem a Ata da reunião da semana passada que reduziu a SELIC em 0,5 pontos de porcentagem, como esperado. Alguns pontos podem ser destacados no documento.

Um primeiro ponto importante foi a preocupação com os níveis relativamente elevados dos juros dos títulos longos do governo americano, o que poderá afetar a politica monetária no Brasil. Segundo os membros do Copom, é ainda difícil avaliar as razões por trás deste aumento, mas a política fiscal agressiva do governo americano e o processo de redução do balanço do Federal Reserve, são os dois candidatos mais prováveis. Caso o Federal Reserve se veja obrigado a manter a taxa básica de juros em níveis elevados durante um longo período de tempo, como sugerido, indicando que a taxa neutra de juros no país aumentou, a taxa de juros no Brasil também teria de permanecer em níveis relativamente mais elevados que o esperado, de tal forma e manter o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos suficientemente elevado e evitar saída de recursos do país e pressão inflacionário devido à desvalorização cambial daí decorrente. Em outras palavras, o nível final da SELIC no atual ciclo de quedas seria maior.

Um segundo ponto foi a discordância entre os membros do Copom em relação à importância relativa da dificuldade de ancorar as expectativas para a inflação, que permanecem acima das metas em todos os anos entre 2023 e 2026, o fechamento do hiato do produto e a desaceleração da inflação de serviços. Segundo a Ata, para uma parte dos membros do Comitê a desaceleração da inflação de serviços e de serviços subjacentes é um fator fundamental na trajetória da política monetária, enquanto outra parte do Comitê se mostrou mais preocupada com a estabilização das expectativas acima das metas e com o fechamento do hiato do produto. Esta é uma discussão importante na medida em que estas são as três pré-condições explicitadas no comunicado que se seguiu à reunião de 02 de agosto, para acelerar a queda da SELIC nas reuniões seguintes.

O IPCA-15 divulgado ontem mostrou uma aceleração da inflação para 0,35% no mês de setembro, com aceleração da inflação de serviços de 0,13% em agosto para 0,35% em setembro e de subjacentes de 0,27% para 0,34% no mesmo período. Como resultado da Ata e da composição do IPCA-15, os investidores reagiram reduzindo a probabilidade de uma queda mais forte da SELIC em 2023, mantendo a expectativa de quedas de 0,5 pontos de porcentagem até o fim do ano, ao mesmo tempo em que a decisão do Federal Reserve na semana passada continuou a mexer com os mercados financeiros.

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