O Banco Central divulgou ontem a Ata da última reunião do Copom cujo teor confirmou o comunicado divulgado logo após a reunião da última quarta-feira. Da mesma forma que no comunicado, a Ata mostrou forte preocupação com o comportamento da taxa de inflação, destacando a resiliência da atividade econômica, o hiato do produto positivo, o mercado de trabalho apertado, o aumento das projeções para a inflação e a desancoragem das expectativas, todos fatores que irão exigir uma política monetária mais contracionista para levar a inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária (segundo trimestre de 2026). Além disso, a Ata chamou a atenção para a importância de se ter uma política fiscal menos expansionista e mais transparente.
Este cenário, sugere que os próximos movimentos do Banco Central deverão ser de aceleração do aperto da política monetária, com aumento da SELIC em 0,5 pontos de porcentagem na reunião de novembro. Segundo nossas projeções, caso as premissas do Banco Central quanto ao nível da taxa neutra de juros (4,75%) e o hiato do produto (0,3%) estejam corretas, para atingir a meta no horizonte relevante o Copom precisará manter a SELIC em 12,00% ao ano entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2025.
Este movimento irá coincidir com um movimento de queda da taxa básica de juros em praticamente todos os países, inclusive nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, resultando em aumento do diferencial de juros entre Brasil e estes países. O que tornará o Brasil relativamente mais atraente ao capital internacional, principalmente os de curto prazo. O resultado deve ser uma tendência a valorização do Real frente ao Dólar.
Entretanto, com uma política fiscal expansionista, déficits primários sistemáticos e um Arcabouço Fiscal pouco crível devido às exceções aos limites de gastos, o aumento da relação dívida/PIB levaria a um aumento da percepção de risco do país e a taxa de juros demandada pelos investidores para financiar a dívida. Eventualmente, caso a política fiscal expansionista persista, o aumento da relação Dívida/PIB acabaria por dominar o cenário, tornando a política monetária inócua forçando a economia a fazer um ajuste fiscal estrutural e contracionista, como ocorreu nos anos 2014/2016.