Economia

Publicado em 25 de Junho às 19:27:53

Ata do Copom não dissolve incerteza em torno da trajetória futura da Selic

A divulgação da Ata do Copom nessa terça-feira (25/06) veio em linha com o tom do comunicado da semana passada. Embora tenha sinalizado mais claramente que não pretende alterar o patamar da Selic no curto prazo, a incerteza em torno da trajetória da taxa de juros a partir de 2025 continua bem mais elevada.

Se, por um lado, pode haver espaço para o banco central retomar o ciclo de cortes no ano que vem na esteira de um início do ciclo de corte de juros nos EUA que leve a um afrouxamento das condições financeiras globais, por outro, a maior dissociação recente entre os preços dos ativos domésticos e externos (principalmente entre as curvas de juros) pode fazer com que os fatores internos (inflação, emprego e atividade mais fortes) se tornem dominantes e impeçam a queda da taxa Selic no ano que vem. Dado esse cenário de maior incerteza, vemos a Selic encerrando os anos de 2024, 2025 e 2026 em 10,50%, 10,25% e 10,00% a.a., respectivamente.

Outros pontos de destaque da Ata também foram as revisões da taxa neutra de juros real e do hiato do produto, ambos frutos de ampla discussão que já se estendia a algum tempo. O juro neutro foi elevado em 25 pontos base, de 4,50% para 4,75%, enquanto o hiato, que antes era visto pelo Comitê como estando em patamar negativo, agora avalia-se encontrar próximo da neutralidade. Apesar dessas revisões promovidas pelo Copom terem sido na direção correta, os números ainda se encontram distantes das nossas estimativas. Para o juro neutro estimamos uma taxa de 5,6%, ao passo que para o produto enxergamos um hiato positivo de 1,0 p.p.

Por fim, ainda que tenha estendido bem a discussão dos tópicos contidos no Comunicado, mesmo assim sentimos falta da abordagem de temas relacionados a taxa de câmbio, uma vez que houve uma forte desvalorização do real no período entre as reuniões de maio e junho.

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