A Ata da última reunião do Copom divulgada ontem reforça nossa avaliação de que a aceleração dos cortes de juros saiu do horizonte do Copom e o ciclo de queda deverá ser menor que o esperado pelo mercado. Segundo a Ata, “o Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco.” E, ao afirmar que “o Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.” E segue, “se em setembro houve o debate em torno da aceleração dos cortes, agora o Comitê analisa ‘vários cenários prospectivos’, debatendo a estratégia e a extensão do ciclo apropriado em cada um desses cenários”. Finalmente, a retirada da Ata do trecho do comunicado que indicava as condições para acelerar a queda dos juros, fechamento do hiato do produto, queda mais acentuada da inflação de serviços e ancoragem mais consistente das expectativas colocaram uma pá de cal na possibilidade de redução de 0,75% na próxima reunião, como projetavam alguns analistas.
Em outras palavras, o aumento do risco, a pouca disciplina fiscal e a consequente incerteza em relação à trajetória da dívida pública, elevam a taxa neutra de juros e diminui o espaço para reduções da taxa SELIC no atual ciclo. Mantemos nossa previsão de SELIC terminal de 10,5% ao ano.