Economia

Publicado em 08 de Outubro às 17:25:02

Ata do FOMC expõe divergências mais amplas no Fed

O conteúdo da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) divulgada nessa quarta-feira (08/10), referente a última reunião de setembro, confirmou duas suspeitas que já tínhamos desde o comunicado, expondo divergências mais amplas que só vieram à tona agora.

A primeira é que a estratégia que viria a ser adotada pelo banco central norte americano (Fed) ao retomar o ciclo de afrouxamento monetário seria de um “corte hawkish” (isto é, manter uma comunicação dura mesmo após o reinício do ciclo de corte). Isso ficou claro no trecho em que alguns dirigentes notaram que as condições financeiras sugerem que a política monetária pode não estar numa instância “particularmente restritiva”. Outra parte que evidencia isso é a percepção, por parte da maioria, que os riscos à estabilidade de preços ainda superam os riscos de baixa para o emprego.

Já a segunda diz respeito à divisão interna dos votos dos diretores. Apesar do cenário de três votos divergentes (manutenção de juros no patamar entre 4,25% e 4,50%, corte de 25 bps para 4,00-4,25% e corte de 50 bps para 3,75-4,00%) não ter se concretizado, a ata mostrou que alguns poucos diretores não apoiaram o corte de juros de setembro, embora tenham votado pela redução de 25 bps na Fed Funds rate. Nesse ponto, o presidente do Fed, Jerome Powell, obteve uma espécie de “vitória oculta” ao conseguir gerar um consenso em prol do corte de menor magnitude num cenário marcado por um plano de fundo difícil tanto em termos políticos como econômicos.

Olhando à frente, a ata ainda mostra que os membros do FOMC estão “cautelosamente abertos” a uma continuidade do ciclo de afrouxamento monetário. Embora o tom mais “hawkish” da ata aponte para uma maior chance de interrupção dos cortes de juros, as falas dos dirigentes podem continuar não condizentes com as ações, de modo que ainda temos como cenário base mais dois cortes de 25 bps nas reuniões restantes do ano (outubro e dezembro).

As atuações dos membros do FOMC só devem se alinhar mais ao seu próprio discurso a partir de 2026, quando a reaceleração da inflação deve fazer a autoridade monetária agir com o foco voltado para a estabilidade de preços, levando a uma nova interrupção no ciclo de afrouxamento monetário após ter atuado cortando os juros até o final de 2025 para endereçar a perda de ímpeto do mercado de trabalho.

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